29 de julho de 2011

Talvez assim.

Sentindo a agonia de leve como quem tenta domesticar uma puta; como quem, em inocência forjada por telenovela, acha que é possível domesticar uma puta. Esquece-se da putisse da puta. Que tem a ver com sua sujeira, com excessos, com o curto prazo de validade, com os lugares sujos e as gentes degradantes que inevitavelmente aparecerão. Que não há luxo, nem cocaína pura, nem porres livres, nem erva boa, nem homens nem mulheres livres, nem nada, que liberdade é um ideia cheia de beleza e encanto, mas que é só isso, uma ideia - a não ser que você esteja preso e essa liberdade não seja uma punheta intelectual para filhos de hippies e de ex comunistas. 
Sabendo que eventualmente vem o gozo, que a cara borrada tem charme, que Deus cospe uma gente morna, que assim, mesmo sem sentido, a puta tá na pista e aprendeu a apanhar - o que não é vantagem e, na maioria das vezes, apenas deixa a casca da puta dura, a pele amarela, o gozo histérico, essas coisas. Que apanhar só regenera idiotas, assassinos, pilantras e evangélicos. 
Salvando as carnes com camisinha e lembrando, a cada nova investida do quadril, que foi a puta, sempre ela, quem nos pariu.

26 de julho de 2011

Júlia Não é da Família.

3 -


A coisa é estranha. Tem mais de 10 anos à menos e sou católico. Lembro da minha prima. Porra, será que minha prima é assim também? Mas prima é família e família é sagrado, o Papa falou e a gente sabe. Pecado antes dos 18 não conta. Eu 16 e ela 12. Quis ver meu pau e eu mostrei. Perguntei se ela queria encostar e ela topou. Esticou o dedo e tocou rapidamente. Não é pecado, né? Coisa de criança.

Mas a amiga. A amiga tem 21, veja só. Mais nova que minha prima – minha priminha que tocou meu pau com o dedo indicador. Mas ela não é família e, bem, o catolicismo é tolerante com os pecadinhos, a gente sabe. Deus abençoe os católicos.

Quando minha prima perguntou se ela podia ficar aqui eu perguntei: - mas ela é mesmo sua amiga? E ela disse: “sim, irmãzinha. Você vai gostar dela.” Confio na minha prima, confio na família. Sou um Corleone.

Eu tava meio com dedos com ela. Júlia o nome dela. Mas aí eu notei: to com dedos porque é novinha e amiga da minha prima. Família é sagrado, mas ela não é família. Pensava isso quando entrei no banheiro. Ela já tinha tomado banho. A casa é pequena e o banheiro é colado no quarto. Cagar é um problema. Os peidos sonoros atravessam a porta de plástico sanfonado. É constrangedor. Paciência. Fico sem cagar. Cago quando ela sair.

Mas quando tomava meu banho, eu vi: dermacity: sabonete íntimo para mulheres do séc. XXI. Vi e automaticamente fiquei livre. A Júlia não é família, afinal. É só amiga da minha prima. Da minha prima que, apenas por acaso e hormônios adolescentes, tocou no meu pau com o dedo indicador quando eu tinha 16 anos. E minha prima, até onde sei, não usa dermacity.

25 de julho de 2011

ea.

Nunca entendi as histórias que você conta e os amores que você perdeu. Sempre achei estranho isso tudo e sempre preferi o silêncio calmo e blasé.
É que tem esse ruído que você insiste. Algo estranho e chato. Como um que achando-se muito ocupado, não percebe que a vida não é, via de regra, tão interessante assim.
Estou sendo deliberadamente abstrato. Jorro minhas coisas e atualizo meu blogue. Mas o que quero dizer é idiota e mesquinho: sua arte de sumir, sua habilidade de ignorar não é charme ou tesão; é tédio e desejo de ficção... tão mais decente dizer NÃO, dizer NUNCA, dizer FODA-SE. O seu TALVEZ é a criatividade pela culatra...
Seja como for, fica a impressão que estou falando disso sendo que é daquilo que estou dizendo. A diferença não é muita, mas existe. É um corte fino e cruel que constrange todos nós: separa a idéia da ação.

23 de julho de 2011

Júlia Não é da Família.

2 -


Ela é mesmo serelepe. Quando viu minha casa deu risada. Falou “ih, só tem uma cama” e gargalhou. Finge que vai me dar. Sei não. Gratidão tem limites. E fingir que vai me dar é mais inteligente do que me dar. Mas, pensando bem, ela não é inteligente. Opa, sendo assim, eu como ela. “Vou te comer com muito amor, benzinho”.

Três dias. Até prova de resistência física tem. Vai correr 2 km em 20 min. Não faço idéia se isso é difícil ou não, mas solto um “Caramba”. Ela gosta e me pede um cigarrinho. Reclama do filtro branco, benzinho, reclama. Tem bebida sim, whiskey e rum. Rum pra temperar as carnes, eu minto. Ela me acha o máximo. Sei fazer carne de panela com rum e sou o máximo. Pena mesmo isso das provas serem de manhã. Quer dançar, vê só. Pergunta se toparia e eu desconverso.

22 de julho de 2011

Júlia Não é da Família:

1 -


Meu ódio é minha liberdade. Mas ela não entende isso e me acusa de piegas. Diz: “O lance é o amor, bonitão”. Meu cu, é o que eu penso e não falo. Amor sim é que é piegas. Até o cabeludo judeu falava isso em 00. Amor indiscriminado, Deus que me perdoe. Amar idiotas é pecado. Jesus, Judas e o Papa concordam.

Ela ainda me manda: “Quero ser feliz. Ser feliz é o que importa na vida”. Eu ouço e até sorrio, mas, por dentro meu ódio cresce e ganha um objeto. É você que eu odeio, benzinho. Mas ela nem desconfia. Tá serelepe porque acha que me deu uma letra. “Sacou a letra, né Bonitão?”.

Então eu falo pra ela sobre o amor. Ela acha lindo, diz “eu sabia que ai dentro morava um cristalzinho”. Falo bastante pra ver se ela cala a boca. Cristalzinho? O que vem depois? Na verdade eu to falando sobre o ódio, mas, por conveniência, troquei a palavra. Onde diria ódio, digo amor e ela se dá por satisfeita.

Amiga da minha prima. Gostosa e burra como a minha prima. Veio prestar concurso pra Marinha: assistente social. “Na Marinha tem vaga pra isso, é?” “Claro, TODO O MUNDO precisa de assistente social, ta ligado?” Claro que to, to super ligado. To tão ligado que penso que o mundo é mesmo uma bosta.

21 de julho de 2011

ngrm

Vivendo
apenas como quem
ganhando um tanto
adianta outros e imagina
belos dias quando,
unindo o útil ao agradável,
nem lembrará
daquela época em que
o mundo não era nada bom.

18 de julho de 2011

09082007.

(achei isso num desses arquivos que a gente tem e usei pra atualizar)
Os olhos cinzas dela não eram meus. Mas eu entendia a agonia e lembrava de mim mesmo e também das manhãs frias de Curitiba.
Levantava, sentia o frio na pele e limpava o rosto com as pontas dos dedos e um tíco de água fria. Escola, eu ía a escola. Tinha uniforme e, por conta do frio, eu usava ceroulas, toca e luvas. As manhãs de vento frio: mochila nas costas à caminho do ponto de ônibus. Eu estava vivo da maneira mais plena que se pode estar: não pensava em nada disso.
Era um desbravador, uma criança, um idiota que se sentia ousado por sair da vila. Mundo, vasto mundo, eu aprendia versinhos na aula de português e voltar de ônibus pra casa era um tipo de farra. Amigos andando no centro da cidade, pegando o ônibus pra vila no centro da cidade, sentando atrás, falando alto e as meninas que usavam calça jeans riam das nossas piadas. Tudo fantástico.
(...)

  

17 de julho de 2011

nem Touradas, nem Boxe.

Sopro a fumaça do cigarro. A mesma que me da tosse e catarros incrivéis. Fumaça azul quando a luz é generosa e os olhos mais generosos ainda. Quem, sendo fumante, nunca se surpreendeu ao perceber que a fumaça do cigarro é verdadeiramente linda? E ainda tem os desenhos loucos que ela faz.
Telefono pra mamãe que pensa em mim e se preocupa comigo. É assim que é: ela se preocupa e eu digo que tudo tá bem. Há equilíbrio. Mamãe, eu sofrer é parte de estar vivo e paciência. Não volto ao seu útero porque não dá e porque Deus(seja quem for) não quis assim. Equilíbrio, lembra? Nada é perfeito e sofro por aí, mas, pense bem, o que você, como mãe, poderia fazer, já que colocar-me novamente no seu útero é impossível? Te acalma mulher, seu filho sofre como sofrem todos os filhos. E isso é uma benção: porque para sofrer é preciso estar vivo.
(Minha mãe se torna mais calma quando namoro. Acho que é uma lógica de bicho. Assim: há algum útero perto - mesmo que não seja o meu.)
Dou meus passeios e fico horas na cult livravria do pop cinema. Olhos preços, vejo títulos, tento me deixar levar, mas termino com um Hemingway Contos Volume 3. Gosto do tiro certo e do dinheiro bem gasto - o que é comprovado com o primeiro conto, no qual a história (ela mesma) é reta e boa e nem exige que você compre a idéia. Le-e-gal, sussuro enquanto lamento a derrota da Argentina. 
No supermercado tinha carpaccio e rúcula. Invento que o mundo conspira a meu favor e vislumbro arrotos melhores dos que os já bons arrotos de sushi. Que, cá comigo, sei: o bom da comida japonesa é o arroto sabaroso que ela proporciona. 
Então arroto: pelo passado e pelo futuro. Que o presente, vamos lá, é algo apenas valorizado por hippies decadentes e por jovens desesperados. Quem, vivendo bem, super-valoriza esse instante chamado presente? 
Meu até logo e meu adeus. Na rádio UOL há música clássica na playlist e toda decência que a música clássica acarreta. Eu poderia falar mais, mas não é o caso.
Sofrer e gozar é muito parecido, eu aprendi.
Assim como a Elisa que, acima de nós, desempenha seu papel e conquista, sem saber, os homens mais idiotas da terra. A Elisa, no caso, é aquela que um dia redime a humanidade.
Como Maria, a virgem grávida e mãe de Deus. Ou seja: uma confusão dos diabos.  

16 de julho de 2011

barriga cheia.

Sou limitado e dado à ataques. Imagino as coisas antes de as coisas existirem. E, óbvio que ulula, as coisas imaginadas são melhores.
Ah, essa beleza toda que invento e não vem. Que é a beleza linda, tão linda, que vi e esperei enquanto fazia as coisas sem pensar muito, sem sofrer muito, sem achar que subornar era uma boa estratégia de marketing.
Eu fiz minhas coisas. Eu gostava das coisas que eu fazia. E imaginei: eles vão ver e quando virem, verão que minhas coisas são bacanas.
Mas eu perdi. Esqueci de uma coisa bem importante: eles não vêem espontâneamente. Eles vêem se alguém disser que, se a propaganda garantir que, se o amigo for simpático que.
Perdi, meu momô, perdi.
E ouço sambas como quem ouve dores de viúvas, como quem vê em preto e branco e agradece por não ser cego e como quem, imaginando o pior, fica feliz por nem ser tão ruim assim.
Eu, agora, sou o paraplégico que agradece não ser tetraplégico.
E nem estou falando de otimismo ou de força positiva.
É porque voltei a ouvir Chico Buarque e lembrei que antes, ouvindo o Chico, o mundo era uma potência que me esperava. E eu era burro. E era feliz. Assim: na mesma proporção.
(E, claro está, o Chico não tem nada a ver com isso. A culpa, eu prefiro assim, é só minha). 

14 de julho de 2011

Meu óculos novo

Tem os sorrisos bonitos e também o medo profundo. Não há sentido. E gente se bate por aí. E isso. E pronto.
E eu não disse que isso é bom. É que estou falando de tolerância, de separar o joio do trigo (algo bem cristão, por sinal) e também de mundo real X mundo ideal.
Há qualquer mínimo de ilusão que deve ser preservado. Quem, em sã consciência, destruiria todas as ilusões? Um idiota da objetividade!, e Nelsão é pai.
E esclareço: não gosto de quem quer ser feliz, de quem supõe felicidade um ponto de chegada, de quem cogita plenitude ou outras transcendências.
É mais simples:
Ter a vida, a coisa toda, o dia à dia, a agonia do tempo, etc, e ter, meio que sabendo-se do auto-engano, a ilusão.
Ilusão como escolha e não como equívoco.
Como explicar?
Tem aquele que vive em engano, achando que tudo é ótimo e/ou vai melhorar (um evangélico, por exemplo, pois neles, nos que conheço pelo menos, há sempre uma ambição perversa de sucesso) e tem o idiota que faz o que tem que fazer e, em sábados alegres, toma uma cachacinha e planeja coisas fantásticas (essa gente que sonha de maneira geral e que imagina uma velhice tranquila, por exemplo).
Não fui tão claro como gostaria, mas paciência...
Quero dizer o que já disseram bem mais precisamente:
veneno anti-monotonia / mágica no absurdo / acorde perfeito maior / amo tanto e de tanto amar acho que ela é bonita / é primavera te amo / mamãe mamãe não chore / só não vá se perder por aí / a tristeza é uma forma de egoísmo / por onde for quero ser seu par / quanto mais porpurina melhor / meu rockzinho antigo que não tem perigo de assustar ninguém.
E por aí vai.

10 de julho de 2011

Minha-mumunha: Bandini, quiçá.

Tusso e escarro. E uso isso para atualizar o blogue. E é impressionante a quantidade de muco que carregamos sem saber.
Leio também contos de novos autores. Homens, mulheres, etc: essa coisa que se acostumou chamar "novos autores" ou "nova literatura" ou "de lá pra cá".
Ao ler o que leio sinto-me apto para publicar e também, mesmo que timidamente, imagino-me um proeminente "novo autor". E, espero, a ironia está clara.
De qualquer maneira, ressalto minha falta de talento para coisas bem mais relevantes como ''festas", "espírito coletivo" e "crença na produção artística do meu tempo". E nem sou radical: admiro-me, deveras, com os clipes do Michael Jackson que assisto no youtube. Para deixar claro que acesso à Internet e que acho sim, como o Mano-Caetano-Chatão, o M.J a síntese máxima do Pop.
A verdade é que devo estar falando isso por conta da Flip e das inevitáveis matérias que pipocam nos Jornais. Hoje mesmo, por exemplo, descobri que a grande atração da Flip esse ano é realmente um grande autor. Não porque eu li seus livros, não porque tenham falado de seus livros com tanta empolgação que eu deseje ardentemente ler o que ele escreveu, mas porque, em sua mesa, ele levou a audiência aos prantos. Grande atração é isso. Há coerência. E, repito, nunca li seus livros, mas, quando comprá-los, espero ser levado ao prantos. A pobre da grande atração nem deve ter culpa do que falam sobre ele, mas, se for verdade as aspas da repórter - na qual fui informado que seu nome era em minúsculas porque "ninguém fala gritando" - devo confessar que, muito dificilmente o lerei com "os olhos livres", provavelmente o contrário: lerei-o com os preconceitos que me atacam quando alguém faz questão de que seu nome seja escrito em minúsculas... 
Estou, muito provavelmente, sendo injusto. A grande atração com nome escrito em minúsculas deve ser ótimo e tudo, mas é que.
Como explicar?
Tem uma frase do André Dahmer que faz muito sentido: "Sobra anúncio, falta talento". E, veja bem, mesmo que a grande atração tenha talento não foi o seu talento que virou notícia, mas sim a outra coisa, no caso "o anúncio".  
E tudo isso por conta da Flip e do espaço que ela tem num jornal de Domingo. Mas a lógica é a mesma: em teatro, em cinema, em música. E taí o Lobão-Também-Chatão que não me deixa mentir: "Sobra anúncio, falta talento."
Meu beijinho, meu até logo. O muco escorre e amanhã é segunda-feira. Amor, já faz tempo, virou uma moda na Net - e quem ninguém se deixe levar pelos casais-cantores que tanto abundam a Internet.
 

9 de julho de 2011

3 d.c.

O café desce com sabor e calma. Há paz em certas coisas. (E se não digo "felicidade em coisas simples" é por ser preconceituoso e julgar bem mal que usa essa frase).
Ela, em uma delicadeza que havia esquecido, trouxe broas. "Broinhas", ela disse; e resaltou que ainda estavam "quentinhas".
Por mistérios e também por distâncias que ocorrem reparei quase feliz: ela me conhece e eu a conheço. Somos íntimos de maneira geral e nos conhecemos de maneira específica. Ou o contrátrio. Provavelmente o contrário.
O encontro dura minutos, mas passa-se horas. E eu, como ela(suponho), me sinto bem e até, por que não dizer?, radiante.
Ser visto com generosidade por olhos alheios tem um efeito profundo em certas circunstâncias. Foi o caso. E também a certeza que existem afetos longos e gratuítos.
Despedimos-nos e "até breve" é o que penso. Imagino um encontro semanal ou à cada dez dias. Seria uma garantia de sânidade. Não é pouco.

8 de julho de 2011

Cada um com sua capelinha.

Tá tudo certo.
Uns fodem, outros bebem.
Questão de estilo e (pra ser claro e falar de mim) habilidade.
Quero dizer: a gente foge. A gente sempre foge. Fugir é uma maneira de melhorar... de tentar melhorar...(ó a merda...) Se dá certo ou não é outra história.
Quem, em sã consciência, enfrenta todos os seus problemas?
Fugir é questão de sanidade. De tentativa, de outras saídas, de formúlas novas pra problemas antigos, de dados num pano verde de um cassino Uruguaio.
Não quero ser condescendente nem generoso. Quero berrar e dizer: merda à todos que nunca cogitam a fuga.
Fuga. Coisa plena. Coisa objetiva. Foge-se porque a polícia está atrás e/ou porque o mundo é mau. Ou então porque o sofrimento é enorme e a culpa é de todos menos sua. A gente se consola na fuga. E é humano buscar consolo. E, pra minha desgraça, humano era o Hitler justificando a matança de judeus...
Fuga. Esse é o assunto: fuga. Quantos a praticaram mesmo? A fuga é uma idéia e não uma prática. E isso é uma pena, uma puta pena. E estou delirando, e estou só, e estou, contra mim mesmo, sentido pena, uma enorme pena. Que sofro e falo sozinho porque tenho preconceito de quem, muito pimpão, compartilha sofrimentos e agonias.
(como sempre repito: o blogue, esse mesmo que agora lê, é meu limite)
Fuga. E todos sinônimos: tempo em casos de amor, distância pra enxergar melhor(?), comportamento auto-destrutivo, porres diante da T.V, etc.
Queria ser claro, mas não estou sendo. Culpa do álcool, da dor, do julgamento que faço com orgulho e empafia. Culpa da injustiça generalizada. Ela, ela mesmo, que nem sabe que trabalho é mais importante do que contatos ou networks.
Sinto-me chato e é inevitável. Quem me entende? Meus melhores amigos me acusam, com razão, de levar à sério o catolicismo... essa religião tão tolerante e generosa com o Cordeiro de Deus... meus amigos não entendem e dizem, sem pensar, que estou preso e que devo ter novos horizontes.
Eles estão certos. Eles sempre estão certos. Preciso de novos horizontes. Mas, cá com meu umbigo, eu deliro: preciso mesmo é de um horizonte único.

7 de julho de 2011

tem sempre fim, clarice.

As carninhas que eu tanto adorava estavam tão distantes. Pareciam anos, séculos, milênios. Faltava meu travesseirinho: as peitucas mezzo fartas mezzo caídas.
Culpa minha, eu pensava. Culpa minha e dessa minha incapacidade de discar os números no telefone e usar a voz. Que ela bem queria que eu ligasse e eu também queria ligar, mas não ligava. Telefones de merda, mundo de merda.
Nem teve tchauzinho. Por ironia a despedida ocorreu ao vivo, mas com ela ao telefone.
As carninhas nunca mais voltaram e eu, todo culpado, fiquei com esse monte de areia na mão. 

6 de julho de 2011

A cigarra canta lá fora e isso deve significar alguma coisa.

Olho pra frente e vejo belas bundinhas que passam. Estou no cinema e chego antes por puro fetiche. As gurias do cinema, as gurias que vão sozinhas ao cinema são, por ora, meu fetiche. Gosto do cinema antes, com luz acesa, silêncio e um desconforto generalizado. Desconforto que creio vir do fato que gente vai ao cinema para sumir diante da tela que brilha: a paz de não ser visto, a plateia como uma reunião de individualidades(coisa bem diferente do teatro, por exemplo. Porque, via de regra, no teatro chega-se antes e entra-se junto. Não há trailers no teatro)
Ao meu lado, já protegida pela escuridão, senta uma moça. Tem pipocas, refrigerantes e chicletes. Penso em absurdos, mas apenas penso. Cinema, eu me lembro. Estamos aqui pelo saudável isolamento. Ao lado esquerdo tem um velho que também está só e penso que a fila P é uma bela síntese de um tipo de gente, o tipo de gente que vai ao cinema sozinho em uma terça feira à noite.
O filme é bom e o Woody Allen é do caralho. O assunto é algo que posso chamar de meu assunto: nostalgia. Recebo o filme como quem tem tesão em apanhar e sabe que um tapinha não dói.
Deixo a luz acender e os créditos subirem e vejo os que tem pressa em sair que, como era de se prever, na grande maioria está em grupo. Grupos têm pressa, não indivíduos. A comedora de pipocas, vejo agora, é uma bela guria que me sorri semi-cúmplice e semi-constrangida. Penso novamente absurdos, mas deixo pra lá. O velho da esquerda demora mais do que eu e saio antes não sem reparar que trata-se de um ótimo velho - até cogitei ser o E.Coutinho. Acho que não era, mas poderia ser.
Na fila do banheiro há a comedora de pipoca que, exposta à luz fria, não me olha - o que entendo e respeito. Vou ao mercado do outro lado da rua e penso que adoro as cidades e seus bairros com super-mercados até às 22:00. Nas gôndolas descubro que nem a matemática tem sentido: o livro que paguei $45 foi caro, o whiskey à $49,80 foi uma pechincha. Mundo estúpido.
Bar da esquina e F que resolve parar. F, como eu, faz teatro. Tem a cara abatida de quem faz teatro. Sinto pena dela e sinto pena de mim, mas resolvo que pena, por ora, não é algo (pena é um sentimento?) a ser alimentado.
Casa, casinha, o primeiro LP do Lobão tocando e a Rádio UOL depois disso. Os Americanos são fodas, eu penso. Os Americanos gravam músicas do Brecht e, também por fazerem filmes sobre Paris, são fodas. Lembro do post-it-pálpebra-lenta que recebi e entendo que hoje não sai nada pra responder.
Casa, casinha, super-mercado. Há ovos, hambúrgueres, tomate e pão para a janta. Ao escrever ovos, hambúrgueres tomate e pão lembro da América e o L. Armstrong, em misteriosa sintonia, solta um agudo de seu impressionante trompete.
Casa, whisky-pássarofamoso e caminha. E também a América, a maldita-bendita América. Além dos projetos, os eternos projetos - meus e dos outros.

5 de julho de 2011

Não sei há muito à falar.
Tem minha pança que cresce e o frio no Rio de Janeiro.
Tem também meus cabelos que ficam ralos e que vão contra a informação da CBN de que a calvíce aparece aos 20 anos de idade.

2 de julho de 2011

)(

É um monte de coisa.
E também aquele inferno - quentinho - que tanto nos da prazer.
É sobre solidão também.
E sobre Internet e redes sociais.
E hoje vi um feed que exaltava a felicidade das coisas simples...
e o feed era fake como fake é quase todo feed cheio de alegria.
Quem, estando feliz, tem tempo para atualizações variadas?
Seja como for, eu mantenho meu blogue.
É meu limite de descrição e interatividade.
Ainda taro as adolescentes de sexta feiras e penso
sempre nos pais que as criaram com tanta dedicação.
Concluo que sou moralista,
mesmo que à favor do casamento gay, da liberdade sexual e da discriminação da maconha.

1 de julho de 2011

Nem te conto, Clarice.

Aqueles peitinhos pequenos. Mamilos de moeda de 5 centavos: cor cobre. Eu afastava a boca pra olhar bem e lembrava do Dalton Trevisan. Sugava, sugava.

Tinha também os dedinhos. Um, veja só, um dia explorou minha próstata. "Tesão de cu latejante", ela me explicou. As sardas que se misturavam com o crucifixo de ouro herdado da avó.

A outra, meio bonita meio desengonçada, tinha mania de segurar com as mãos os peitos fartos e levemente caídos. Não entendia de natureza, não sabia de Darwin, mas chupava meu pau com uma habilidade de circo. Uma proeza. Mas faltava algo. Acho que era o fervor católico.

"Mulher sem culpa não dá pé", foi meu padrinho que disse. O canalhão tinha voltado pra titia depois de morar por 6 meses em Bonsucesso com a amante. Ele me explicou tudo. A culpa, eu aprendi, é o que faz um orgasmo feminino ser tão bonito.

O corpinho era pequeno, mas eu me fartava. A mesma do mamilo de cobre. Tocava punhetinha pra mim e mostrava o resultado. Sentia orgulho da mão manchada de branca. Um dia falei "porra" e ela desiludiu. Disse que eu era vulgar e nunca mais apareceu.

29 de junho de 2011

é assim:





  1. Os dedinhos ficam crispados porque no cinema é assim que se faz. Gozar? É coisa de fracos, de artistas, de bichas. O bom fodedor (a boa fodedora) imagina-se sendo filmado(a) durante o orgasmo.





  2. Há muita diferença entre o que se é e o que se pensa. Isso é velho. O Sr. Freud deu nomes pra isso: ego, superego, id? Sempre confundo os nomes, mas a regra clara: há uma imagem que se deseja, e há a outra que é - não há vantagem em uma ou outra. Em outras palavras: estamos fodidos.





  3. A guria quer causar efeito. Efeito peido, eu acho. Assim: dedos na buceta pode; manipular pau também. Não pode: o pau e a buceta. Como explicar? É difícil, mas me esforço: "eu gosto mesmo é de provocar" ou então: "i am a teaser."





  4. Tenho pensado em 1912. Quero dizer: tenho pensado em começar frases com 1912. Devo googlar esse ano. Quem sabe o milagre é apenas um pensamento que se repete?





  5. Imaginei algo simples e elegante. Eu diria: - venha até minha casa ver um filme do Cassavetes. Ela diria "não sei", "quem sabe" ou "pode ser". Não haveria perdas. No mínimo teríamos visto um filme do Cassavetes. Não é pouco.





  6. A segunda mulher que eu trepei me disse que eu era seu décimo primeiro. Por coisas que só se faz na juventude eu lhe falei que era a minha segunda. Ela ficou satisfeita e me deu por 8 meses. No sétimo mês a gente discutiu: ela queria namorar. Daí as fodas tristes do último mês quando ela (e eu também) ainda acreditava em chá de buceta. Ofereceu-me seu cu e eu aceitei vaidoso e de bom grado. Meu primeiro cu! Depois, na última discussão e inconformada por não namorarmos, disse: você foi meu sexto, meu sexto... Foi a primeira vez que notei o óbvio: mulheres são loucas.





  7. Um Diálogo: - o problema é que eu leio seu blogue./ - mas e daí? meu blogue é apenas um sintôma do meu tédio. / - eu sei, mas você vai me usar pra escrever lá./ - claro que não, a maioria das coisas são inventadas.../ - por isso mesmo, por isso mesmo que seu blogue é um problema. / - mas é tudo mentira. eu invento as coisas lá. / - então, pior ainda. (Segunda vez que notei o óbvio)




  8. Papai tem mania de grandeza, mamãe acha que entende tudo e todos e maninha esquece que não é mais adolescente. E tem eu: que aqui, e apenas aqui, aponto meus dedos vaidosos. Não gosto de quem guarda o passado como munição, não quero ser o mais compreensivo do planeta e nem acredito em milagres repentinos. Seja como for: tomo café, fumo cigarrinhos e aposto na MegaSena. Em outras palavras: merda do mesmo cu.





  9. Mania de promessa é uma desgraça. Digo por mim: inventei que 10 era um bom número.





  10. Solidão-minha-puta, Vida-minha-puta. Domar a puta vida e usar a solidão como estilo e não como fato. Telefonar pros amigos, mandar recados pras gurias, passear no calçadão mais lindo da praia mais suja, puxar conversa com a mulher que lhe sorriu no aeroporto, vender rifas caras pelo vakinha.com, escrever cartas pra desconhecidos, ter planos e rotina, convidar os amigos para almoços de fim de semana, essas coisas. A vida besta. O dia após o outro. O serviço público como autonomia financeira. O 10 desejado.

22 de junho de 2011

A paz impossibilita a escrita. Sempre ou quase sempre. Falta o inferno, a solidão e os delírios alimentados no bar da esquina. Crianças dormem calmas e cachorros latem vigiando a casa. Dormir torna-se uma tarefa simples.

20 de junho de 2011

Atualiza-se.



  • (coerência interna) Golpes na jogada. É comum. É idiota. Ganha-se dinheiro em cima de alguém. Se esse alguém tiver um lucro bacana, ele topará e fará contas. (E lucro não tem necessariamente a ver com dinheiro). Tudo certo. A questão é: querem ganhar dinheiro em cima de você e a porcentagem é muito irrisória. Além do óbvio: imprimir é, graças aos tempos atuais, tarefa simples. Editora e impressora são palavras diferentes, não?


  • As loucas não entendem nada de nada. Elas acham que ser ''loucas'' é o lance. Mas não é, nunca foi. Homens não gostam de loucas... quer dizer... até gostam... mas não pela loucura. Loucas são promessas de sanidade. Interessa-me a louca que, por mim, vira sã. E não a louca que é e sempre será louca. A eterna louca é uma chatice, uma obviedade, um equívoco com uma buceta entra as pernas. Preço caro demais, em outras palavras.


  • Nunca mais uma mulher decente, devo confessar. Só arremedo, só Patricinha Rock'and'Roll, só orfãs querendo provar algo. Deus tá no ceú e o diabo tá no inferno, é o meu limite. Que o quem sabe- talvez- pode ser/pode não ser é um infinito que não me interessa. Prediro o SIM ou o NÃO. Que essa idéia de INFINITOS POSSÍVEIS ou de MIL POSSIBILIDADES é um jogo desesperado pra quem nada tem e sente medo de TER.


  • Não tenho mais idade pra quem acha que boquete é diferente de sexo. E, esteja claro, adoro boquetes. Sexo não é um pau na xota. Sexo é um princípio e uma prática. Há limites nisso: dar o cu e manter o hímem não mantém virgindade, por exemplo. Por essas não entendo... Que "chá de buceta" é coisa de crianças e não existe, que "sova de pica" é apenas um assunto de mesa de bar, que "a melhor foda da minha vida" depende mais de treino do que de paus e/ou bucetas milagrosos.


  • Ter o que se tem é fácil. Por isso desconfio de mim. Por isso desconfio dos outros. Sou desconfiado, eu sei. Seja como for, quero dizer: até logo, até mais. Há um céu que fica muito bonito no inverno e há crianças que me constrangem por todas possibilidades que carregam por serem crianças. Por serem crianças, eu disse e repito. Que "começar de novo" e "se reinventar" só faz sentido em adultos armagurados.


  • Chega.

17 de junho de 2011

Não Renderei.
*
há uma raiva e uma indiferença no ar. E, unidas, me consomem juntas e inutilmente.
Porque li isso e aquilo, porque estou vivo, porque recebi mensagens fofas e porque nem todo dia é, ou deve ser, santo.
Devo culpar o mundo. As amarras do mundo, a injustiça do mundo, a previsilidade do mundo. Mas o mundo nem é bem alguém ou algo à ser culpado. O mundo... tão estúpido e óbvio falar do mundo.
Retiro-me então.
Sem paciência, sem crenças contagiantes e sem frases otimistas.
Enganar a si próprio é uma habilidade que, definitivamente, preciso melhorar.

15 de junho de 2011

Andy Maatz Warhol Fernandinho.

14:37 o telefone toca e desconfio. Sou desconfiado, por assim dizer. Deixo tocar. Desiste fácil. Nada importante.

14:48 volta a tocar. Penso. Olho o aparelho que deve estar com algum defeito. Faz uuuu e não o Trimmmm que programei. Mudo o botão que está atrás do aparelho e continua o mesmo uuuu que não era pra ser. Paciência.

Às 15:02 volta a tocar. Confiro o relógio e penso: Mãe? Não, porque falei com ela ontem. Vó? Não, pelo mesmo motivo. Amigo(a) precisando de palpite? Teriam ligado pro celular.

Espero tocar. Conto 6. Na sétima atendo:

- Alô?

- Sou eu...(diz o nome)...

- E daí,(digo o nome)? Mó tempão, hein?

- É... é...

- Diz aí.

- Porra, velho. Li teu blogue...

- ... Sério...?...

- Sério...

- Caraca, nem imaginava tu lendo aquilo lá...

- Eu leio, cara... entro todo dia.... nem sempre eu tenho saco de ler tudo, mas sempre entro...

- Ah... legal... mas e daí? O que conta? As novidades...

- Velhão... mó merda aquele seu texto sobre mim... mó sacanagem, porra...

- ...

- Eu até tô ligado que tenho essa fama, mas mesmo assim... escrito é foda....

- Velho, não to entendendo... tu deve...

- "Fama de comedor"... sacanagem, né?

- ...

- Escrito é foda...

- Aí... nem escrevi falando de você.

- ...

- Nem sabia que tu lia lá....

- ...

- (nome?)

- Rárárá! Essa foi boa, hein?

- Rá....

- Mas e daí, safado? Essa pançinha, como tá? Sabia que ia te pegar...

- Me pegou, me pegou...

Conversamos. Assuntos postos em dia: trabalhos, filhos, projetos e projetos, encontros com terceiros e promessas de "vamos marcar."

15:13 marca o relógio do computador.

- Caralho... bom falar contigo...

- Porra, é mesmo... tá marcado, né?

- Claro...

- Ah... e fique sabendo... eu leio o seu blogue... rár...

- Tô sabendo... nem imaginav....

- Cara, li aquilo e pensei: vou ligar e pilhar...

- Rárárá... foi engraçado, por um momento pensei que você tav...

- Então tá marcado, hein?

- Beleza. Falamos...

- Falamos.

O telefone faz tututu e olho o relógio. 16:03. Deve ter algo errado. Sempre há algo errado. Ligo pra J e conto a história. Ela confirma: - algo errado. Pergunto da vida e ela diz: -"Ok, isso aí". Desligo o telefone.

16:07.

Algo errado, repito.

14 de junho de 2011

tesão. eu te amo.

Ver a guria que me olha e que faz cara de quem me conhece, mas não, infelizmente não, nós não nos conhecemos. Ela passa (elas sempre passam) e tem o nariz adunco mais tesudo do Oeste. Peito pequeno, corpo magro e ossudo, calça feminina tipo terninho e uma bunda com o acúmulo de gordura mais Darwiniano do mundo. Imagino fodas fantásticas e imagino filhos que darão mais autoridade à ela. Ela tem seu belo nariz adunco e passa. Eu a vejo e escrevo no blogue, assim entre uma punheta e outra.

13 de junho de 2011

Relatinho.

FICA ASSIM:




  • Uma tristeza que vejo e reparo. Digo: "-você está com a cabeça dura." Ela pede explicações e falo que ela tá com a lateral da cabeça tensa. Explico: "-parece que tá fazendo força pra mexer a orelha, sabe?" Ela diz que sabe, mas não sei. E tanto faz. Penso: "Se ela fosse minha mulher, eu estaria neurótico por essa agonia velada." Deixo-a em paz.


  • Queria beber em paz. Assim: livrinho da vez, duas cervejas e casa. Tudo vai bem até que senta essa dupla de cinema ao meu lado. Falam sobre projetos, sobre leis de incentivo, sobre oficinas para um evento, sobre robótica, sobre... Tento abstrair, mas não consigo... sobre dinheiros atrasados, sobre o Circo Voador, sobre o cachê que não cobre o transporte... A segunda cervejinha desce com pressa e sinto algo que deve ser ódio. Quero pagar a conta. Resmungo à caminho de casa: "- Esse bar é meu, eles estão no lugar errado, por que sentar tão perto de alguém que bebe sozinho com um livro à tira colo?" Triunfo: "-Em Curitiba não teria esses problemas."


  • Ouço algo que me deixa triste. Pela primeira vez pensei em telefones, em mensagens de otimismo, em porres inofensivos de ex-amantes. Gostaria de dizer que não é assim. Que ter opinião não é assim. Que se impor não é assim. Que inteligência não precede conflitos ou desconfortos. Que cada um faz o que tem que fazer e que atrapalhar a vida dos outros é apenas uma pauta do CQC. Queria, na demonstração de afeto mais sincera, dar-lhe um tapa na cara e dizer: "- Para com isso, se enxerga. Deixe de querer provar algo que não precisa de provas. Sua solidão não será aplacada por gritos no escuro."


  • Descobrir que alguém tem fama de pau pequeno é algo que não vale a pena. Simplesmente porque agora, toda vez que ver o alguém em questão, lembrarei: "Ele tem a fama pau pequeno" E essa é uma informação estúpida e que só se descobre ao conviver com mulheres. Porque mulheres, mais do que homens, falam sobre isso. Até porque, entre homens, como esse assunto surgiria? Então lamento o conhecimento adquirido e, inevitável, pergunto pra mim mesmo:"Será que tenho pau pequeno? Ou pior: será que tenho fama de pau pequeno?" Mas eu mesmo me consolo: "Pelo menos poucas mulheres viram, de fato, meu pau."

11 de junho de 2011

Faço contas, faço testes.

Não consigo comprar o livro que eu queira e minha desconfiança aumenta. Primeiro porque sou desconfiado e segundo porque uma boa distribuição é o mínimo que se exige. Estou falando sobre mim e sobre coisas boas que ocorrem, mas que, mesmo boas, causam-me desconfiança. (Poderia chamar isso de curitibanice, mas nem. Ta aí a Banda Mais Bonita da Cidade e A Gazeta do Povo mostrando que esse papo de identidade é ultrapassado... "somos todos um só" é o subtexto que nem fede nem cheira. E viva a rede e foda-se o resto. Mas, cá com meu umbigo, ainda prefiro o Leminskão e seu deboche cheio de requinte.)
Mas volto. Tem algo a ver com ''medo de sonhar'' - coisa que volta e meia falo pra gente próxima e que, de maneira geral, é bem entendido. Porque sonhar é bom e é fácil e alimenta. Porque tenho feito isso há anos e, porque, com os anos que passam, a gente se torna, em maior ou menor grua, vítimas dos próprios sonhos.
Então recebo a boa noticia e sorrio. Daí, ainda sorrindo, vou desconfiando. Faço pesquisas, descubro lapsos e implico com cortes de cabelos.
Resta esperar. E também, entre um cigarro e outro, assistir ao ótimo Mad Man.

9 de junho de 2011

poesia contemporânea, eu aprendi.

é uma poesia aí
feita sempre
em versos curtos
e que nunca
usa vírgula
ou ponto

a síntese é um
fetiche
e as rimas
são muito suspeitas:
não rima falar de beliches,
não rima falar em efeitos

deve-se privilegiar a crueza
das palavras que nunca
por nada emitem opinião.

poderia dizer "geração tanto faz"
mas seria errado
porque certo é pensar
"tudo pode ser",
mesmo que vírgulas
e pontos
e aspas
desapontem minha
tímida clientela

estou só
e vejo charme
em rimas
e
sinto dó
de quem não fode
nem sai de cima

mas estou
por fora
não tenho twitter
e nem creio
que
amor verdadeiro
dure segundos

para meu
prejuízo
não acredito
em ternuras súbitas
e tão pouco em vídeos
postados no youtube

8 de junho de 2011

um dia faço um tratado

O tema é óbvio e velho. Enquanto o tratado não chega, eu cago regras. Com prazer, ora pois. Fica assim:

Breve caga regra sobre um arquétipo negligênciado: o imbecil.



  1. Ele tem dentes brancos e sorri com facilidade. Gosta de exaltar a dor, o prazer, a alegria ou a tristeza. Tanto faz. O imbecil é um exaltador compulsivo.


  2. Como bom imbecil, ele procura coerência. Gosta de aplicar na bolsa, de aproveitar a valorização do Real em Buenos Aires e ama, como todas suas forças, as reprises da década de 80 no Canal Viva. O imbecil sente nostalgia pela década de 80. É um "ploc".


  3. Em festas ou bares, ele canta alto. Lembra de todas as músicas que ninguém mais lembra. Leu Paulo Coelho para poder criticar com embasamento e acha que as mídias sociais são o coqueluche dos artistas anônimos. O imbecil, como sempre, julga-se um visionário. Vê arte onde arte não existe. Faz curadoria de blogues e artístas plásticos virtuais.


  4. Como não poderia deixar de ser, o imbecil se julga um homem de seu tempo. Mas o imbecil, por imbecil ser, julga errado. Fala sobre a falta de tempo e sobre o suor que é o pão de cada dia. O imbecil super valoriza o cansaço e, sem saber, repete lições bíblicas. O imbecil, pra piorar, compartilha seu cansaço em feeds virtuais.


  5. O imbecil, em 2011, acha graça em ser múltiplo. Ele é escritor, diretor, ator, poeta, DJ, blogueiro, video-maker, inventor de coletivos e, entre outras coisas, pai de uma linda menininha de 3 anos. O imbecil é múltiplo e vasto, atua em várias áreas sem nunca ter a dignidade de usar um simples pseudônimo.


  6. O imbecil se supõe vários e está certo. Ele é nenhum.



6 de junho de 2011

Expremo limão no gim e vislumbro grandes possibilidades. Estou falando de sonhos, de desejos realizados, de generosidade do mundo.

(Queria pôr no Facebook o Rebento com o G. Gil cantando, mas só tinha uma versão da E. Regina - que, a gente sabe, canta como ninguém. Mas nessa música - e em algumas outras também - ela canta como quem precisa provar que é uma grande cantora. Coisa que ninguém questiona além dela mesma.)

E, na procura, passei pelo Realce: música pérola-manifesto contra o marasmo comedido das manifestações artísticas. E lembro do Zé Celso dizendo sobre a nomeação do G. Gil como ministro: " - a melhor coisa que ele faz pra Cultura Brasileira são suas músicas". E o Zé tinha razão. E Rebento e Realce tem a ver com isso.

E, inevitável, lembro que sou solidário aos que não gostam do C. Buarque como escritor. Porque, tirando as peças, os dois livros dele que li (Fazenda Modelo e Benjamim) são chatices presunçosas e afetadas que, cá comigo, "só" ( e as aspas desse só são honestas) foram publicadas porque ele é o Chico, aquele mesmo, que tem músicas fodas e que, mesmo sem querer, balbuciamos desde que nascemos. Chico Buarque, o das músicas, é um gênio.

E, como era de se esperar, vou falar do C. Veloso. Porque ele é ótimo e tem músicas absurdas e belíssimas - como a Tropicália e suas rimas e misturas verdadeiramentes modernas ou Muito Romântico, onde ele parece explicar seu gosto por falsetes e também sua ambiguidade sexual que, mesmo legítima, às vezes aparenta ser apenas uma jogada de artista que usufrui da Pop-Arte. E ele agora tem, além do banquinho e do violão (em outras palavras: a MPB mais pobre do mundo), uma Maria Gadú à tira colo - coisa que não entendo e nem quero. Porque, sejamos francos, M. Gadú é chato e velho. Imagine um Zumbi simpático e eis que surge a M. Gadú em cinema 3D.

De forma que encerro por aqui. Pode não parecer, mas estou sendo otimista como M. R. Paiva é. Estou falando algo antigo e repetido: o jôio e o trigo devem ser separados. Não porque haja o melhor e o pior, mas porque temos escolha e Deus, que nem precisa existir, nos deu uma árvore proibida como opção. E a gente optou. E assim seguimos.

4 de junho de 2011

* * *

A agonia deve ser uma elegância. Ou então deve ser contida. Quero dizer algo simples: divulgar a própria agonia esperando flores é algo muito (mas muito mesmo) idiota. É como alguém que tenta causar interesse em outrem pelo ato de respirar.
*
Sumir pode ser uma saída. Mas, nesse caso, sumir é sumir. Não se pode sumir anunciando que esta sumindo. Sumir é sumir, eu repito. Isso tem a ver com algo bastante cotidiano: a diferença entre pensar e fazer.
*
Não vou me estender sobre punhetas ou sobre sexo. É um assunto antigo. Sexo se faz por aí. Você pode cometer sexo ou se acometido(a) por sexo. Isso não importa. A questão é simples: não misture alhos com bugalhos, mesmo que, como disse o Millôr, ninguém saiba o que são bugalhos.

3 de junho de 2011

Fernandinho escreve torto.

Elas eram quatro.
Por algo que nem quero saber me chamavam de "Fernandinho."
Uma delas, se não me engano a mais velha, estava bêbada pela primeira vez.
26 anos e primeiro porre. Há algo errado aí.
Tenho bebidas, tenho comidas, moro sozinho, sou educado e simpático também. Ofereço gin, ofereço vinho, ofereço whiskey. Sou super educado, pensando bem. Faço pão de queijo.
Elas conversam. Eu ouço e meio que participo. Assuntos comuns: paus grandes ou pequenos, quantidade de paus per vagina, amor e sexo, paixões que se supõem maiores do que foram.
Há vozes altas, ameaça de reclamação de vizinhos e as quatro dizem estar bêbadas. Acredito.
Vislumbro: peitos sardentos, primeiros beijos lésbicos, risos eufóricos e (por que não?) uma boquete com 2 ou 3 bocas.
Uma delas se vai. Outras ligam para suas casas pra avisar que dormirão na casa da amiga. Eu aperto quem eu posso apertar. É bom, é bem bom.
Sono da apertada e há duas que falam e acompanham no gin e no cigarro. Imagino ataques, imagino segredos e nem tento nada porque, é bom lembrar, sou educado e simpático.
É tarde, bem tarde e o sono da apertada atinge a todos.
Há sacanagem na cama e vómito no banheiro. Vómito (óbvio) da bêbada tardia, mas quem se importa?
Há uma bela bunda, peitos que são melhores do que sua dona acredita e dedos instruídos para dentro de uma buceta.
O vómito termina e meu quarto-e-sala está cheio. Há chances. Siriricas? Punhetas? Quem sabe algo de ladinho? Mas nada de nada.
Falta paciência, falta espaço, falta qualquer coisa que nem imagino o que seja.
-
Quando acordo penso se ronquei ou não. Concluo que sim porque simplesmente ronco.
Vejo-as saírem e penso que ainda falta.
Faço café e lembro do que gosto:
voz aguda, falsa segurança, meias-calças que desaparecem, medo discreto e - ainda que em menor grau - jogo cujas regras desconheço.
Mas quem se importa?
-
-
(Domingo à tarde. Assim: sem ser à noite e sem ser dia útil. [Almoço talvez]. Domingo à tarde. Tem O Globo e as horas arrastadas. Tem a casa e o cinema às 18:20. Domingo à tarde...)

1 de junho de 2011

1 metro e 58 centímetros, ela disse.

Ela fala sobre "fodas fantásticas" e sobre "Rock'n'Roll".

O problema não é o Rock ou a atração irresistível que ela sente por gente suja. O problema, claro está, é a crença em "fodas fantásticas".

Ela diz: "pica de mel", "caceta de ouro" e "macho fodedor".

Eu não entendo, eu sou católico. Eu tento e pergunto: - de que você tá falando?

Ela nem liga e diz que quer um Macintosh. Comenta sobre as vantagens do Mac e ressalta que o "último macho fodedor" que conheceu era um cara que entendia tudo (tu-do, ela diz) de Mac.

Eu tenho limites e tento me impor. Falo de Deus, do Diabo, da Árvore Proibida. Ela ri e pergunta se eu curto o Metállica. Digo "não sei" e ela diz "eles são super católicos".

Fico surpreso e sorrio. Eu sempre sorrio.

Esse papo não tem sentido, mas, quem sabe?, ela me dá. Penso isso e penso o óbvio: não dá pra acreditar em quem acredita em "fodas fantásticas".

Daí, depois de pedir uma tequila (ela disse: tequila now), comentou sobre o câncer do pai e sobre como sua mãe parece satisfeita em ter um marido moribundo.

Ela riu, eu ri e a gente ria. Confesso que nunca vi tantos dentes em uma mesa. Tesão, seu nome é dentes.

Mão na mão, mão na coxa e beijos como mordidas.

Dane-se o "Rock'n'Roll", os sujos e as "fodas fantásticas."

- Se você é católico mesmo tem que me dizer 'eu te amo.'

- Eu te amo, eu te amo.

31 de maio de 2011

Relato.

Uso pontos por simplificação. Até porque nem sempre há o que dizer e blogue, eu garanto, é coisa de bêbado solitário. E que fique claro que "bêbado solitário" é, no encantado mundo de fernandinho, uma figura bastante simpática.

Fica assim:



  • Tudo está bem, ainda que nada seja perfeito. Perfeição é uma ambição própria dos idiotas.



  • Adolescentes gostam de fazer escândalo e de chamar a atenção. Você pode negar atenção e ignorar o escândalo. Mas, particularmente, acho uma tática estúpida. Dê atenção para quem pede, nem que seja por condescendência. Generosidade não é o mérito da questão.



  • Dorme-se bem no frio . O peso dos cobertores moldam um sono que deve se parecer com a morte. Há elegância no frio também: garotas com saias e meia-calças grossas, por exemplo. De qualquer maneira, o frio faz você sair pouco de casa. E isso (em coerência interna) é um grande problema. Para dar um exemplo falo um nome: Flávio.



  • "A união faz a força" é um clichê que faz sentido. O que realmente te ameaça quando se está dentro de um grupo? Acho, e acho mesmo, que a NECESSIDADE de grupo é a pior forma de solidão. Mas acho, e acho mesmo, que pertencer à um grupo em momentos de crise é algo que faz toda diferença. Estou dizendo: nada nos ameaça porque somos nós e porque, assim sendo, somos fortes. Fortes porquê unidos e não o contrário.



  • Existe uma criança perdida que vocifera contra monstros invisíveis. É uma criança, mas, mesmo assim, é capaz de causar danos e dores. Essa criança precisa de uma mão que, inevitavelmente, morderá. Então deixo a dica: com a poeira baixada assuma a partenidade e ofereça sua mão às dentadas. Isso, e só isso, será a tal GENEROSIDADE.



  • Há um otimismo velado e discreto. Falo, como sempre, de mim. É porque, à distância, nota-se a estupidez alheia e se vibra por não ser estúpido. Estou falando uma coisa bíblica: "por seres assim, por não seres frio nem quente, por seres morno, eu te cuspirei da minha boca."



  • Era noite e a TV não era interessante. Meu pau ficou duro e olhei pra ele. Tentei entender a espontâniedade daquela pau-durecência, mas ela era o que era e não precisava de explicações. A verdade é que meu pau duro me incomodava. Não por nada, mas porque impedia o conforto do cobertor. Toquei a punheta mais estúpida da minha vida: o Jô Soares fazia suas piadinhas e eu gozava. O filho da puta do meu pau, mesmo depois de gozado, insistiu em ficar duro. Olhei novamente pra ele e reconheci sua autonomia. Fui dormir.



  • "Talvez daqui 2 anos" é a consciência que eu gosto de escutar. Porque, infelizmente, as coisas são lentas e a indecisão é parte da jogada de quem TEM que decidir alguma coisa. "Daqui 2 anos" é toda sabedoria que preciso para ter paz e para me contradizer em paz. Nada pior do que alguém que, após 1 mês de separação, afirma: estou ótimo, melhor resolução da minha vida. Então cutuco: sua maturidade não existe, é apenas um grito que diz: - eu não preciso de ninguém. Como se "não precisar de ninguém fosse uma dádiva". Cutuco com faca: ter alguém pra amar não é amar alguém.

Olá e Até Logo. É um problema e é um prazer. Que estando só bebo mais e como mais. Que com outros escrevo menos e cometo menos excessos. Então é isso: somos mornos e seremos cuspidos. Uma pena. Uma grande pena. (E que não me falem de caminho do meio).

23 de maio de 2011

(*)

O grito é desagradável
e pertubador.
Mas a sala está vazia
e, por isso, nenhum ouvido
será ferido.
É uma lei antiga:
cão que ladra, não morde,
mesmo que gire em torno de si mesmo
e tente morder o próprio rabo.

19 de maio de 2011

A Merda Estoura.

á muito tristeza no ar e muita coisa para se dizer. Por isso, e por ter alma, fico quieto e disfarço.
Não fico muito quieto e nem disfarço tanto. A culpa é do blogue, que tenho e alimento. Porque terapia tem formas variadas e porque, para minha tristeza e glória da realidade, apenas meia dúzia de gatos pingados lêem isso aqui.
Então, ao invés de levar galinha morta à encruzilhada, cago minhas regras em ordem numérica:



  1. O diabo existe e é bastante real. Mas há pessoas que precisam ir ao inferno e ver o caldeirão e o tridente para ter certeza de sua existência. O risco de descer ao inferno é claro: pode-se morrer queimado ou voltar vivo e tostado. Há quem viva melhor depois de torrar e há quem morra precocemente. A chance é a mesma e o erro é o de sempre: supor que o sofrimento (per si) melhora as pessoas.


  2. Minha tristeza não importa. E nem a de ninguém. Existem crianças que ainda não possuem os instrumentos mínimos para encarar a vida real. Tem um treco de psicologia que fala mais ou menos assim: "a infância deve ser um ensaio pra vida adulta. Por isso o abuso contras as crianças é tão prejudicial: elas ainda não estão preparadas para encarar os abusos que serão inevitáveis na vida adulta".


  3. Há um único foco: que não seja exigido de uma criança uma decisão que, mesmo no mundo adulto, é difícil e dolorosa. As crianças, de maneira geral, precisam de uma única coisa: estabilidade ao seu redor - uma vez que a vida interna de uma criança é uma montanha russa de sensações e sentimentos.


  4. Disfarçar a dor é inútil. Crianças percebem tudo porque são permeáveis. Elas precisam saber que, mesmo com dor, o mundo delas não vai desabar. Vale lembrar os contos de Fada e suas enormes desgraças. Nesses contos há um ensinamento: mesmo com toda a merda, há a chance de "felizes pra sempre." Em outras palavras: aprender que ''tudo passa" é um dos aprendizados da infância. Não é à toa que, muitas vezes, nos contos de Fada , há enormes lapsos de tempo. Exemplo fácil é a Cinderela que dorme 100 anos.


  5. (O tempo, quando o percebemos relativo, torna-se menos cruel. A dor da morte só é dor quando pensamos na eternidade imutável. Enquanto estamos vivos as coisas mudam pela ação do tempo. E o tempo, em si, não melhora ou piora nada. O tempo não é uma idéia abstrata, o tempo é real e age. O tempo passa e passando está e estará. Não se trata de viver o presente, mas de lembrar que a dita "linha do tempo" engloba o passado, o presente e o futuro. O que quero dizer é: resolver certas coisas demoram e devem demorar. Porque, enfim, resolver certas coisas não é de um dia pro outro).


  6. Os problemas existem. Há dois tipos de problemas: os que você acha que pode resolver e os que você não acha que resolverá. A decência mínima é atacar os problemas que você pode resolver. E, então, empenhar-se neles. Os problemas sem solução não devem ser esquecidos. Até o contrário.


  7. Problema sem solução é o que precisa ser encarado. Como quem vê o monstro e pensa "esse monstro não existe", mas, contra si mesmo, resolve encarar o monstro inexistente. Porque o monstro não precisa existir. O monstro torna-se real a partir do momento em que você o chama de monstro. Parodiando o bom Dr. House: saber que sim e achar que sim dá na mesma.


  8. Não acredito em Deus. E digo isso pra minha infelicidade. Espero que Deus exista e que minha morte seja uma transição e não um fim. Se tenho "esperança" é porque tenho convicção e porque, de fato e mesmo, acho que as coisas mudam. Estou falando sobre mim como sempre e, claro está, falar sobre mim é falar sobre os meus e sobre as coisas que podem mudar. Se as coisas não mudam, ou mudam menos do que gostaríamos, é porque as coisas são lentas e nosso tempo é curto.


  9. A gente sofre. E sofre porque o tempo existe. E o tempo - esse diabo com ou sem caldeirão - é um enigma que nôs desafia à o desafiar. (Quem em sã consciência nunca pensou que não resistiria e resistiu?).


  10. Por ora, concluo: façamos o que podemos; e desejemos que haja força para resolver o insolúvel. E desejar muito, a gente aprendeu com o budismo, é sofrer. Soframos então... é parte da jogada, eu digo... que seja. Em outras palavras: Amém.

17 de maio de 2011

mistureba.


  1. Meu benzinho tem olhos tristes, mas não me incomoda. Talvez o contrário, quem sabe. Dias desses vi uma foto velha do meu benzinho. Tinha 10 anos, não tinha peitos ou pêlos, mas os olhinhos tristes já estavam lá. Pensei se tesar em sua fotinha de criança era sintoma de pedofilia.

  2. Uns dois anos atrás. Era meio que uma festa. Na casa da colega dela, ela me dizia sobre o porta-treco que a colega tinha e que achava lindo. Quando chegamos em casa mostrei o porta-treco que eu havia roubado, mas ela não entendeu minha ternura e me chamou de "doente mental".

  3. Ele fez muitas contas. Era seu estilo. Nunca, jamais, cogitou pagar a conta sem dividir tudo certinho. E agora, mesmo com bastante dinheiro, continuava com as contas. Demorou, mas entendi: fazer contas é um prazer em si.

  4. Tem coisas que não se pergunta, mas eu perguntei: - você acha mesmo nosso sexo fantástico? Ela disse "tem coisas que não se pergunta" e eu disse "mesmo assim". A história é curta: nunca mais nos vimos.

  5. Sexo fantástico é exceção, eu concordo. Ao mesmo tempo não é algo que se diz sem se achar porque simplesmente não tem porquê. De modo, que cá comigo, concluo que ela realmente achou nosso sexo fantástico. Ou então é louca - o que, enfim, é bem possível.

  6. Lembro de quando começei a amar. Na minha cabeça era claro. Foi no dia em que lambi o ceú da sua boca. Ela, pelo que lembro, achava que já me amava antes. Mas isso não faz diferença. Como um diálogo que vi no House: - mas ele apenas acha que me ama. Ele não me ama de verdade. E o House, fodão como sempre, replicava: - e qual a diferença?

  7. "Pé na bunda" era uma expressão que ela sempre usava. Depois, bem depois, reparei que mulheres usam essa expressão muito mais do que homens. Pensei se tinha a ver com a velha guerra dos sexos ou se era apenas um recalque biológico. Não cheguei a nenhuma conclusão, mas volta e meia penso: - mulheres pensam de um modo muito estranho mesmo.

15 de maio de 2011

Pelo prazer.





  • Idas e vindas. É o mundo. Grande jogada isso de dizer "é o mundo". Eu rio mais do que deveria, é minha conclusão.




  • Sofrer e ralar são coisas que as mulheres admiram, eu aprendi. Ok, vocês ganharam: me chamem de machista, me chamem de idiota. Digam-me ao pé do ouvido: eu quero mui-ii-to trepar com você. Em outras palavras: homem entende a buceta aberta da mulher amada como uma demonstração de amor - mesmo que o "eu te alimento" ainda seja fatal.




  • Entre desabafos e confissões percebi o óbvio: quase nenhuma mulher suporta a cobrança de um homem que é menos rico do que ela. Mais ou menos assim: "Se eu te amo e te sustento, eu não preciso provar que te amo." Ou melhor: "Eu não tenho a obrigação de provar que eu te amo já que estou contigo e você é pobre."




  • Ganhar na Loto é um tesão. Não precisa ganhar, precisa jogar. E, então, com os números na mão, se faz os planos com a patroa. A patroa gastaria o dinheiro da Loto de um jeito estranho e divertido. Porque alí, na brincadeira de ''o que eu faria se eu fosse rico?'', ela te diz de sonhos consumistas jamais imaginados: plásticas, viagens ao Japão, personal treiner da Débora Secco... E você, quase inocente, pensando em comprar um bar que terá as melhores comidas de boteco do Rio de Janeiro.




  • Há uma boa amiga em crise com seu casamento. É normal e é decente: casamento em crise é quase o subtítulo do "estou casado". Seja como for, lhe fiz uma proposta bastante lógica. Eu disse: "Seja minha amante". Então expliquei: fosse ela minha amante as coisas seriam mais simples. Primeiro, ela me teria como cúmplice de suas queixas. E segundo, o mais importante, por ser minha amante, ela teria essa coisa chamada culpa. E culpa, a gente sabe, é bastante prática. Com a culpa ela seria mais generosa com seu marido e, por isso, seu casamento seria melhor. Então fica a dica: arranje uma culpa que exija reparação e viva melhor. Se na minha dica eu estava incluso é apenas porque garanto que seria o amante mais discreto do Sudeste Brasileiro.




  • Por incrível que pareça - e meu blogue tem umbigo no nome - falei muito pouco de mim. Informo, então: comerei um refogado de batata com carne moída e bacon acompanhado por um feijão carioquinha que nem fui eu que preparei. Havendo, inclusive, uma salada de tomates.




  • Digo "oiés" e sinto-me bem. É tão idiota quanto quando digo "ni" e sinto-me mal. E a merda, a merda toda, é essa: a vida, ela mesma. A vida é a porra dum empate. Isso mesmo: 0x0, 1x1, 2x2, etc. A coisa morna que será cuspida da boca de Deus (se não me engano) no Apocalipse de João. Que seja. É domingo à tarde e há sol depois de dias cinzas. O que fazer? Deus, que nem tem nada a ver com isso, que abençoe o Rio de Janeiro e suas praias... Fica assim.




  • Mais tarde: ou um papo cibernético com a mulher que me disse "eu adoro novos desafios" ou o jogo do Corinthians contra o Santos que, ao que tudo indica, deve ser um jogão - seja lá o que ''jogão'' queira dizer. O fato é que hoje sai o campeão: ou no tempo regulamentar ou nos penaltis. Melhor assim: empates não serão aceitos.

14 de maio de 2011

fica assim:



Meu mi-mi-mi

Meu cré-cré-cré
Meu blá-blá-blá.


Tudo pra dizer
que boa mãe
é do cacete.


E porque
(cá entre nós)
sentimento de posse
em mãe
é um anjinho com asas
e, vale destacar,
AÚREOLA também.

12 de maio de 2011

Antes da Mega.

Falta ser filho de alguém, amigo de alguém, apadrinhado de alguém.
Falta ter musos, falta ter ídolos, falta puxar saco de gente sem queixo ou sem alma.
Falta gostar de todo mundo, engordar a ficha técnica com gente pop, escolher um autor que faça 100 anos de vida ou de morte em 2012.
Há que ser legal, há que ser generoso, há que se cumprimentar as pessoas após seus espetáculos chatos e indecifráveis.
Há que se manter um sorriso no rosto até que o estranho sorriso fique normal.
Há que se fazer reuniões em cafés, em cinemas cults, em livrarias que usam o ar condicionado como um simulador do clima Europeu.
É bom ter viajado muito, falar línguas desconhecidas e ter visto performances e happenings que jamais chegam à América do Sul.
Ser judeu pode pegar bem, mas ter uma mãe escritora ou um pai cartunista é ainda melhor.
Falta o interesse por astrologia, falta o network, falta a auto promoção nas redes sociais.
Mas o bom mesmo é ser rico,
muito rico,
e perceber que a Arte é a coqueluche dos exibicionistas.

11 de maio de 2011

sobre idéias*

É como um fogo lento que rói a cabeça da gente. Vem vindo, acende e apaga, parece queimar, parece doer, mas nem queima nem dói e, em um dia de chuva, volta.



Os motivos são variados e amplos: a própria vida, os futuros empregos, os problemas na família ou a gúria que lhe deixou mais tesudo do que imaginaria. Tudo isso queima sem queimar e tudo, sempre e sempre, voltará em dias de chuva.



Há idéias que exigem ação e que, por isso, fazem você pensar em seu campo de ação: onde posso meter o bedelho com eficiência, quando fazer o retorno triunfal, com que números contar os humores produzidos por um pau duro...



Considero-me calmo e analítico. Vejo o mundo e faço contas: há pessoas pra quem tenho o que falar e que, muito provavelmente, eu ajudaria. Mas há o silêncio também - que é como uma capacidade de escutar, mas que não é só isso. É mais um esperar pra ter certeza.



Então mantenho minha discrição e olho, ao passar pelo aterro do Flamengo, o oceano. Que está lá e é estúpido. Porque o oceano, o mar e o verde-azul que colore as águas dos oceanos são estúpidos também.



E estupidez, nesse caso, é quase o sentido da vida.



*tudo o que se pensa e/ou imagina, com razões objetivas ou não; por influência ou não.

10 de maio de 2011

9 de maio de 2011

pensar durante o domingo.



  • Meu afeto diz mais ou menos assim: - eu mastigaria os seus cabelos. E não vai aí nenhuma figura de linguagem. Mastigar cabelos é uma ação que fala por si. Seria assim: - Por que você sente atração por ele? / - Porque ele mastiga meus cabelos. Ou então: - Por que ela é bonita? / - Porque eu adoraria mastigar os cabelos dela.


  • Hoje, quando acordei, reparei que havia em minha cueca aquele úmido que podemos chamar de pré-porra. O pré-porra é natural, mas nem sempre acontece. É como se o pau existisse para independente do corpo.... Como explicar? Difícil... mas a lógica é: como o pau não sabe falar, ele usa a pré-porra como meio de comunicação.


  • A passagem do tempo não é boa nem ruim. O tempo passar não garante nada. É apenas parte da natureza. Em 10 anos pode tudo ter sido péssimo ou ótimo, tanto faz. Tempo não equivale à melhor ou pior. Tempo passa apenas. Querer que o tempo resolva coisas é burrice. Achar que a experiência de alguém com mais tempo no mundo é superior à de pessoas com menos tempo no mundo é como achar que o tempo, per si, melhora as coisas. Com isso, quero dizer: infelizmente não é o tempo que resolve as coisas, é você.


  • O terrível sou eu mesmo e o prazer de julgar as malucas que existem ou não, que invento ou não. Malucas que me deixam de pau duro e pras quais toco as mais delirantes punhetas. É como um ensaio que não pensa na estréia.


  • Meu adeus e meu até logo. Meu umbigo e eu mesmo: a mesma praça, o mesmo banco, as mesmas mentiras e o mesmo jardim. É algo que chamo de DIVERSÃO.

7 de maio de 2011




  1. pensei em M ontem. E hoje vi uma tirinha do genial Laerte que deveria copiar e mandar pra M. Mas nosso "caso" é de outra ordem e antiquado. Porque, entre outros mofos, acreditamos em palavra no fio do bigode.



  2. Erasmão toca na minha rádio. Contra mim mesmo, afirmo: Marisa Monte sabe das coisas. Que Erasmão rock's e ela tava ligado sobre o que o Midane(?) falou: - Erasmo é o gênio da dupla.



  3. sou uma criança satisfeita. Implico com crianças como eu. É que intimidade em feeds de facebook me irritam. Meu limite, nesse sentido, é meu blogue. Inclusive confesso: sinto-me um bocado decente e ciber-vampirismo está na moda.


  4. Foder é necessário. Toda vez que saco 300 reais no banco cogito gastar com um puta. A merda é que 300 é pouco - não para a foda, mas para o mínimo de ternura que me garante uma boa ereção. Acho que com mais 200 resolvo a questão. Ternura, além da garantia de boa ereção, tem a ver com o que surge com a generosidade - financeira ou não.


  5. Filmes baixados no computador e a lembrança do caga-regra que me disse: - somos móveis. E isso é uma verdade cruel e fatal: - somos móveis. Que se vai e se volta. Que mudanças não quebram armários. E a gente vai levando - como a música que lembrei ao lembrar de M.

6 de maio de 2011

*


Saudades

é a gente

rindo

porque não

tínhamos guarda-chuva.

depois.

(06 de maio às 00:44)

tudo está bem sem estar bem e isso é que importa. Que a vida não é legal ou perfeita. A vida é a vida e aí estamos. Que estar morto é, no mínimo, feio: o algodão nas narinas e a desagradável palidez.
então falamos. Choramingos dos bons e quem, além de nós mesmos, entende nossas dores? Por isso somos amigos. Choramingamos em dupla sem sequer saber que choramingos são. Tá tudo certo e assim que é.
Devo, por justiça, dizer: falei pra caralho. E gordo falando é uma beleza: a língua fofa, o risco de infartos e a falta de fôlego que entre corta as exclamações.
Então finalizo dizendo que meu mundo está mais organizado. O desabafo, ouvido ou falado, parece sempre ser eficiente. "Não teremos câncer", é uma piadinha que eu e/ou meu bom amigo acharíamos graça.
Ficam os planos, os delírios e a certeza de que jamais haverá acusação de contradição. Que só idiotas acham que contradição é errado. E eu e meu bom amigo, juro pela minha mãe mortinha, não somos idiotas - a despeito da aparência de O Gordo e O Magro que temos quando andamos lado à lado.

5 de maio de 2011

antes e depois.

Antes(20:31 em 03 de Maio).

vou ligar pro meu bom amigo e ouvir o que ele fala. Que ele fala pra caralho e eu sei. Mas a gente não se fala faz tempo e saudades, quando bem usada, é uma palavra linda.

Vou ouvir ele falar e ele é tipo carioca otimista: um inferno pra mim, curitibano cinza. Mas é por essas que tenho certeza quando o chamo de "amôr", sempre acentuando meu sotaque curitiboca enrustido.

Seja como for, estou animado e o puto que me aguarde. Que tenho mil coisas pra contar e ele que, depois de falar pra caralho, terá que me ouvir.

Nossa amizade não tem porquê e isso é o belo da coisa. Que "identificação" é coisa de idiota.

E disso, garanto, nós dois sabemos.

p.s. volto para o depois que sim sim, sou um nerd com blogue. (o nome disso é mea-culpa)

4 de maio de 2011


Dentro da sua cinta-liga

mora meu tesão mais discreto,

porque toco punhetas com fotos

e imagino mulheres de quatro.