29 de janeiro de 2013

Antes que.


  • Ser sincero é dizer não aos idiotas. E saber que os idiotas são numerosos e que sinceridade não é uma boa política. Ser sincero tem a ver com convicção e com teimosias formuladas. Essa estratégia de pensar e confrontar. Teimosia é o mínimo de ideologia que se exige.
  • Muito amor no facebook. Um ideia besta de causa e efeito. Propaga-se amor e recebe-se amor. Como se fosse matemática, como se o universo levasse em conta pensamentos positivos e coisas do tipo. Muito amor no facebook: mais um motivo para desconfiar do amor indiscriminado. 
  • Divulgar os 'amigos da pesada' é uma nova forma de interesse. Perigosa e sedutora. Compartilhar pega bem e o dono da página ganha números. Reparem nas palavras que se repetem: galera, afeto, rede, revolução-dos-afetos, rizoma, movimento, queridos, movimentos, etc. (sem contar o 'vamo que vamo', essa abstração que supõe um movimento que sempre evolui... como se andar pra trás não fosse possível).
  • Muito amor pra pouco coração - já que é pra vulgarizar.
  • Fica a raiva que ninguém explicou. A injustiça que ninguém reclamou. A solidariedade que ninguém anunciou. Fica isso. Que é uma rejeição fascista aos sentimentos mesquinhos e fisiológicos: a raiva, o ódio e o velho instinto de sobrevivência. E nem comento sobre as ações do ventre...
  • Esse adeus delícia, essa falsidade agradável, esse tesão inesgotável que confunde 'eu trepo contigo' com 'eu sou livre'. Todo amor, toda subjetividade e todo rizoma: essa capacidade de participar de tudo e de não pertencer à nada ou ninguém.