18 de fevereiro de 2009

relatinho.


noite imensa.
45, mas parece 35.
descobri porque tem uma filha de 19.
na verdade 2 filhas e 2 casamentos fracassados.
conversou comigo por causa do filme 'o lutador' que eu também tinha visto.
ela e o namorado cocainômanos.
ela mais pegajosa e chata.
ele mais tranquilo e sempre mal tratado por ela.
ela fala mais e sempre pega no braço.
avisa que o cara do lado não é legal.
traficante de pó ruim.
vende vidro moído, segundo ela.
diz pra eu não falar com ele.
diz que ele a odeia.
os 2 falam de filme.
ele explica que eles, o casal, vêem 1 filme por semana.
não gostam do d. de oliveira.
eu não vejo 1 filme por semana.
ela é jornalista, mas trabalha na receita federal.
ele na petrobrás e mais nem consegue falar.
os 2 tem grana.
ela saiu de Brasília.
o irmão morreu e ela saiu.
não entendi se ele se matou ou não.
ela saiu de lá com 25 e adora o rio.
ele não gosta desse papo, segundo ela.
eu faço teatro e eles me elogiam.
alguém que pensa, eles dizem.
falam do Nelson Rodrigues.
leram tudo do Nelson Rodrigues.
a cabra vadia, o reacionário, tudo.
ele tenta falar, mas ela não deixa.
ele sorri mais e cheira menos.
carro bom e vida boa.
amanhã ela acorda cedo e reclama.
ele também.
quando me despeço eles dizem que é bom conversar comigo.
eu sorrio.
eles dizem 'até amanhã'.
sinto medo.
ir no bar pra conversar com viciados é estúpido, eu penso.
o elogio dela é porque a deixo falar.
medo de novo.
hoje não apareço.
único fato.
o resto, histórias.

do Galhardo. Fodão.




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Na média tem sido igual: dia bom dia ruim. Hoje, se a média valer, será dia bom. Tenho que escrever as coisas e empaco. Então eu leio pra tentar desopilar. No sábado passado deu muito certo e escrevi numa só sentada algo que realmente gostei. Mas nem é simples. E o calor no Rio de Janeiro é insuportável. Em último caso, no fim do dia, andarei como um louco pela Urca. É outra maneira de desopilar.

noite fria.

A menina corre
pra atravessar a rua
e chega no bar.
Lá descobre
que o mundo é grande,
mas pode ser menor.