28 de setembro de 2011

  • O pau como uma maneira de preencher vazios alheios. Sou um cristão e sou legal. Eu dou, eu dôo, eu gosto da ideia cristã que o Z. Ramalho sintetizou tão bem: "e dar muito mais do que receber". Às vezes é simples. A exigência é pouca e qualquer pau duro pode causar comoções. Eu topo, eu preciso. E sou generoso também. Uso dedo, uso língua e, em manhãs inspiradas, levo café na cama e acordo com a voz baixa e a cortina semi-aberta. Preencher vazios alheios com o pau... Todos ficam satisfeitos porque é apenas o que é: uma foda conveniente que mostra que dois mais dois é sempre quatro.
  • O milagre, o amor, a coisa, o encontro, etc., são de outra ordem. O corpo pede e o corpo fica satisfeito ao ter o seu pedido atendido. É como peidar. Soltar um peido desejado e adiado sempre causa um grande prazer. Sexo como atividade fisiológica, essa bobagem da qual participamos e que tão bem está descrita aqui.
  • A mulher mais nova quer ser inesquecível e causar espanto. A mulher mais velha quer provar que trepa bem independentemente de com quem. Estou cagando regras? Estou cagando regras. Estou generalizando? Estou generalizando. Quero dizer: dá ou não dá, mas se dá, dê. Não queira que dar seja o seu lance. Se você tem um lance, se você realmente tem uma lance, eu garanto: não é dando que esse lance virá à tona. Chave de buceta ou sova de pau é uma idéia que só impressiona os semi-virgens.
  • Há a punheta, há a siririca, há a vasta pornografia da internet e há os encontros casuais. O amor, ele mesmo, pode vir de um encontro casual ou de uma amizade que dura anos e que se descobre como desejo carnal. Tanto faz. A questão é: foder bem não garante amores e boas amigas não garante boas fodas. É um mundo complicado. Eu sei, você sabe, o mundo sabe. Então, fica assim: nem pau, nem buceta, nem cu garantem nada de nada. Se quiser os usar, os use; mas ó, vá lá, eles não garantem promessas e nem fazem milagres. São instrumentos, por assim dizer. E só isso e tudo isso.
  • Há pizzas de pão à serem feitas e ainda não jantei. E blogue, vá lá, é um tipo de vício.       

Os Rocks do Erasmo.

Na vitrola tem a música dele. "O gênio da dupla", eu aprendi com o livro do Midani. Se esfragasse a lâmpada nem titubeava: - quero ser o Erasmo, não quero ser Roberto; e gastava dois dos três pedidos e me sentiria bem pra cacete.
Que o Roberto é rei e quem duvida disso está por fora ou, pior, acha que estar por fora é estilo. Não é. O rei é o rei. O rei não precisa de talento, competência e nem mesmo carisma. O rei precisa de coroa e cetro - é isso que faz o rei. E o Roberto tem isso. E lida bem com isso. E acho, acho mesmo, que ele tem talento e carisma, mas insisto: rei é coroa e cetro. Isso tudo, isso apenas.
Por isso o Tremendão. Feio e acabado como o diabo, com um grande amor suicída nas costas e sem muita habilidade para ser conveniente. (No Kibeloco tem um programa matinal com ele falando sobre sexo oral que é um ótimo exemplo).
Seja como for, desejo: Erasmo e não Roberto. Por tudo e mais um pouco. Por uma manifestação que me atrai mais e por não querer cetro, corae ou Israel. Porque Erasmo tá lá e não faz alarde, não enche o saco e nem tem problemas em assumir as próprias merdas.
Estilo... acho que tem a ver com estilo... Erasmo tem estilo.

27 de setembro de 2011

Meu cigarro Free, o surfista viciado em pó e a garota auto-sustentável.

Aquela beleza toda; e também as grandes jogadas. Eu devia ficar em silêncio. Apenas olhando, apenas pensando só  as coisas que eu pensaria de qualquer maneira.
Mas não tinha como se conter. Ela falava as merdas velhas com olhos marejados e desejava, assim lacrimosa, receber a atenção de todos que estavam na mesa. E eu estava na mesa e ela recebia minha atenção.
Não pelos motivos certos, não pela comoção.
Falei e não devia ter falado. A conclusão, agora, é simples. Mas conseguir ficar quieto diante de idiotas aplaudidos ainda é uma habilidade que me falta.
Um dia chego lá e viro o Buda Gordão que minha mãe punha de costas pra rua por algum misticismo que ficou esquecido com a década de 80.
Não deu. Falei e virei o Buda Gordão Resmungão que atravessa a rua sem olhar para os lados e sem se despedir de estranhos.
Ela, imagino, deve ter culpado, com os olhos ainda marejados, o álcool e a minha displicência com as coisas simples da vida.
"Uma manhã ensolarada", "um simples banho de mar" e "lembrar-se sempre que respirar é um privilégio dos vivos" foram as mensagens que não tive a profundidade (sic) de entender.
Pensei que apesar de tudo vou muito bem, obrigado.

23 de setembro de 2011

<>

A generosidade dos omissos, a tolerância dos omissos, a turma.
Fala-se bem, mas sem alma. Há interesse na omissão. "Não fecho portas, não tenho desafetos, sou de todo mundo e todo mundo me quer bem." E em momentos exaltados: "Cara, a Marisa Monte é uma diva, diz aí."
A beleza dos idiotas que usam óculos e dizem "am" ao invés de "hum" porque pensar diante dos outros aparenta estar ouvindo os outros.
Cá comigo: pensa-se em casa. Deus! Eu penso, ele pensa, nós pensamos. É uma atividade íntima, séria e importante. Mas é privada. Não se levanta questões de bate pronto. Questões, pra usar o termo corrente, devem ser formuladas e refletidas. Não devem ser o " E se" maluco e mágico. Ai se...
Sou eu. Só eu. E falo de mim. Por isso, o blogue.
Que eu, só eu e minhas questões são minha terapia mais legítima - já que nem obrigo ninguém a ouvir minhas queixas e meus problemas. Que queixas e problemas todos têm. E eu tenho blogue.
É isso: façam blogues e não aluguem os coleguinhas.
A subjetividade é bonita, mas é incompetente. Não é um livro, é um blogue. É o que é.
Erro, nesse caso, é confundir as coisas.

22 de setembro de 2011

o pecado do dinheirinho

Que se tem uma gente que acusa é essa: gente que acha que acusar é feio. Daí você acusa e é acusado de acusador. Porque eles não acusam, eles são bons, tolerantes e acham que ser diferente é exceção enquanto ser diferente é a regra.
Valorizam tanto a diferença que acham que toda merdinha pode ser de todos. Mas não pode. Há merdinhas intimas e privadas: de casal, de pequenos grupos, de si com si mesmo, de porquê faço isso e não aquilo, etc.
Não há sentido, em reuniões, valorizar a subjetividade do indivíduo. Em reuniões, acho eu, importa o que te junta e não o que você faz para estar junto de tudo e de todos.
No mais, a impressão que estou dez anos depois e que nem acho, mesmo, que falar sobre dinheiro seja pecado ou errado. Pode ser (e isso no máximo) feio.

19 de setembro de 2011

sósim

A mão abana fraca. Não há despedida, não há adeus, não há prazer em conhecer. A mão está mais branca do que o normal e isso, a palidez, tem a ver com ausência de sangue nas extremidades do corpo. É patético e cientifico na mesma proporção. Porque agora é isso: todo adeus é até logo, todo sexo é amor, todo contato é rede e toda boa intenção vira um coletivo.
-
Tinha a mocinha. Tesudinha. Assim: no diminutivo. Mas a mocinha é forte demais, bruta de mais e se não tem pau é por puro acaso. Gosto de mulherzinha. Essas que nem disputam quem está por cima no ato sexual. Mulherzinha porque tá fora de moda e me parece mais autêntico. Mulherzinha tipo passional. Que nada tem a ver com passividade, que nada diz respeito à gasta "mulher-moderna".
-
A primavera tá aí. Tem a ver com esperança que é coisa bem decente - e comum - de se ter. O otimismo não precisa de fatos para ser real, é como Deus. A ideia, a crença, a possibilidade basta. Viver bem ou mal só é importante para os desocupados que acreditam em uma vida que é só morro acima. A vida não tem nada a ver com isso e nem deve ter. Há números que não dizem nada e conquistas que só satisfazem o cinismo. Mesmo cheio de inveja mantenho minha convicção - que é um jeito generoso de nomear minha teimosia. Ou então, como diz o bom Renatinho, teria que acreditar que o melhor filme da história é o Titanic, já que foi, até hoje, o filme mais premiado do Óscar.

18 de setembro de 2011

Carta à

Pensar a vida - como quase sempre - entre copos, churrasquinhos baratos e chicletes de menta.
A gente pensa. Eu penso. E, às vezes, aquela puta sensação de solidão. Não tem a vez com ter alguém ou com estar só. Tem a ver com quem você divide seus sonhos, suas angústias, suas revoltas, essas coisas. Porque, ultimamente, os meus têm me dito "deixa disso", "é normal", "paciência", etc. E eu me incomodo.
Porque a violência nem sempre é ruim. Porque combater injustiças e defender crenças é decente e exige um mínimo de violência.
Quando cogitei contestar os resultados, ouvi: - acho que a gente se queima.
Mas quem, depois da infância, não cozinha por medo do fogo? E, outra coisa, se queima com quem? Quem é esse que tem tanto poder e que pode nos queimar tão gravemente? E nós, nós mesmo, quem somos para achar que "não se queimar" é tão importante?
Mas do que valem as perguntas se insistem no "deixa disso". Solidão como dor é isso: ouvir dos companheiro que o melhor, o melhor mesmo, é não fazer nada, absolutamente NADA.
Por isso e coisas do tipo estou só. Por isso adoraria que F fosse parte ativa das brigas. Por isso cogito fugas e cidades lindas, onde o mundo pode ser melhor.
Não quero pena e nem quero aceitação. Quero julgar os julgamentos que fazem. Não preciso estar certo e nem preciso receber as graças da rainha-xota. Quero apenas usar os recursos que me cabem. Quero não desistir por circunstâncias, mas sim (quando e se for o caso de desistência) por convicção.
Não há nenhum desmérito na desistência. Mas há a desistência covarde e conformista que acha é assim que é e que paciência. Desistência que é covarde porque espera pacificamente a próxima chance, como se apenas a insistência fosse legítima, como se revoltar-se fosse apenas e sempre uma questão egóica.   

15 de setembro de 2011

Conclusão.

TRÊS ANDARES RESOLVEM MINHA VIDA:
LAR, DINHEIRO E DESEJO.
TRÊS ANDARES EM UM ÚNICO ESPAÇO.
-
MAMÃE SATISFEITA
PAPAI TAMBÉM
E EU COM ASINHAS PRA BATER E TEIMAR.
-
(TEIMAR, PRA MIM, É O "COME CHOCOLATES" DO F. PESSOA)
-
HAVERÁ ROTINA
HAVERÁ AFETO
HAVERÁ BELAS ESPERANÇAS PARA SEREM ROÍDAS.
-
TRÊS QUE O NÚMERO É BOM:
PAI, FILHO E ESPÍRITO-SANTO.
AQUELA BELEZA QUE A LINGUAGEM NOS ENSINOU.
TRÊS, UM TRI-CAMPEÃO
TRÊS, SIM NÃO E TALVEZ
TRÊS, QUE EMPATE NÃO OCORRE.
-
EU, EU MESMO E MEU UMBIGO.

14 de setembro de 2011

/maldita solange/

  1. São tesãozinhos e euforias repentinas. Mas quem se importa? Nem eu. Punhetinhas como luz no fim do túnel e essa mania de roer unhas que nunca passa.
  2. É simples: penso em mim. Egoísmo é a virtude ensinada pelos psicanalistas. Assim: o que é importante pra você é importante pra você. Achar que o que te importa deveria importar a todos é uma prática comum em pélas-sacos e chatos em geral.
  3. Façamos as contas por percentagem. Fica mais simples e o dinheiro compensa a irritação. É uma maneira prática de dizer: não pode, eu faço. E faço e recebo; usa-se o dinheiro como paliativo para chatices generalizadas. (ou alguém acha que algum padeiro adora trabalhar em um forno de 4:00 às 12:00, mesmo que adore fazer pão?).
  4. Meu amorzinho é limitado. Preciso de perspectiva, de sonhos, de desejos - coisas de bicha, a gente sabe. Sou uma boa bicha: quero apenas o que me alimenta. Macho, macho mesmo, é aquele que bate no peito e diz: não dependo das circunstâncias. Sou fraco, invejo os machos. Eu - uma pena, eu sei - dependo sempre das circunstâncias.
  5. O telefone apita e a torta está pronta e dourada. Há salada lavada e um ótimo enlatado de seleta. Poderia falar sobre saúde e cuidar do corpo, mas não é o caso. Sonhei que tinha problema de pressão alta e, o dia inteiro, lembrei do sonho. Devia me acalmar aos 30. Disse isso pro Miguel e ele me falou que casar é a solução. Falei: - e mulher que presta, onde arranja? E ele, sempre fatal, nem titubeou: - no interior do Ceará elas existem... foi lá que arranjei a minha. Nos despedimos e ele falou: - até amanhã.   

12 de setembro de 2011

blocos por conveniência.(s.r)

  • O Carlos Careqa me perturba. Parece-me um grande absurdo ele não ser um ovacionado, um cult aceito, um milagre realizado. Há tanta beleza e tristeza nas cantorias dele. Há algo de muito importante em suas músicas. E, em tese, o mundo devia o conhecer. Mas o mundo... ah, o mundo... o mundo tá mais pra floresta encantada da Disney, sei lá. E o Careqa solta sua voz meio ruim e é genial. E na capa do segundo caderno tá um imbecil que nem cócegas faz.
  • Foi o tempo. Acho. Tenho pensado em coisas importantes. Não estou falando de mim e do meu umbigo agora. Estou pensando sem saber onde chegar: Política Cultural, A Consequência do Investimento Público, a Arte para Além da Coqueluche, a Função Social do Artista, etc. É algo sério, bem sério e que deve ser pensado, bem pensado. Não sei se por mim, se pelo Careqa, pela Fontana ou pelo último bem intencionado que recebeu uma bela fatia do bolo. Insisto mesmo sem saber: deve ser pensado, deve ser muito bem pensado, deve, inclusive, ser profundo e trazer consequências.
  • Meu limite é pensar em mim. Falta-me a generosidade de pensar em todos porque não sou todos e porque não me acho verdadeiramente representativo. Estou velho talvez? Coisa de luta de classes talvez? Mas sou limitado e digo: meu 2011 é bem resolvido, preciso é de um bom 2012 - ou então o abismo, o desespero e todas essas mesquinharias do umbigo.
  • Jesus, na cruz, me dá uma piscadela.
  • Tenho tesão e interesse pelo deboche. Tem a ver com limitação, com campo de ação e com instinto de sobrevivência. Gosto, inclusive, do deboche como manifestação artística. Estou falando sério e Reinaldo Moraes me contempla. Assim como Bukowski, Evrainov, Rabelais, Oswald, etc. Questão de gosto, de preconceito cuidadosamente construído, etc. Erro seria gostar de TUDO. Só imbecis gostam de tudo - o que, todavia, não me impede de achar o Ratinho uma figura verdadeiramente significativa do imaginário nacional.
  • Culpa é como o algodão acumulado no umbigo. Arranca-se com o dedo indicador e o opositor. Dá tesão também. E tesão é diferente de prazer. Prazer é coçar a barriga.
  • Cervejinha e churrasco do Miguel. A vida é besta: nem boa nem ruim, besta: o morno cuspido. E assim as contas, o dia após o outro, as viagens que se programam, os milagres que parecem resolver tudo. Assim: vem cá/não vou, te amo/te odeio, agora/depois. Ah... essa coisinha... Ah... o álcool.... Ah... a moça bonita que se tornou mais bonita.... Ah, os versinhos que eu escrevia na adolescência... os versinhos, os versinhos.   

11 de setembro de 2011

F Faz Fita.

Vou ser agradável e falar sobre estrelas, sobre luas cheias, sobre ternuras perdidas e sobre a falta de "consciência global"(sic).
Vou ser legal, vou concordar sobre o gênio do Arnaldo Antunes, as músicas da Marisa Monte e a versatilidade do Carlinhos Brown.
Serei amável, serei calmo e ela me abrirá suas pernas com um sorriso que será bonito.
E, assim, entre uma falsidade e outra, a comerei por meses e talvez anos.
E falarei do Oriente, sobre não-ser, sobre meditações e estados de ausência.
Invocarei o Osho, o Castãneda e direi o clichê de sempre: o que importa nessa vida é ser feliz.
E será mentirá.
E ninguém ligará.
E o sexo será bom.
E concordarei que o Destino é mesmo uma coisa muita forte...

De cá.

O imbecil é sorridente e já comeu uma mulher que você achou bonita, muito bonita. E o imbecil te incomoda. E está na T.V e dá dicas e aparenta ser um cara mui-i-i-to legal. O imbecil causa suspeita em você: questão de estilo, de maneira de se vestir, de pousar pra fotos com boca aberta, etc. Meu último imbecil presencial usava camisa xadrez e calça jeans apertada. Eu o olhava e pensava: ele se preparou para estar aqui e por isso é um imbecil. Ele investe em sua aparência, tem uma voz calma e faz piadas com uma desenvoltura que prova o quão fake ele é. Em última instância o imbecil é um gênio: nesse caso ele é cínico. Em última instância o imbecil é só um imbecil: trata todos de maneira igual idêntica.

9 de setembro de 2011

Pizza lá.

  • O amorzinho é aquela beleza. A gente goza, quase trepa/tipo trepa e se sente bem de modo geral. Amor eterno como pau e buceta (ou pau e cu, vá lá). Mas tem mais, não tem? Aquela promessinha que a se mantêm em segredo: na próxima vez será bem melhor.
  • Afeto por crianças, por animais e árvores é fácil e pega bem. Quero mesmo é ver: adotar um pretinho, perdoar um canalha, casar com uma puta, fuder uma gorda, etc. Pega bem o afeto indiscriminado. Jesus, o próprio, brigava por putas.
  • Hoje acordei de um sonho que era como jogo de videogame. Fases, atalhos, mânhas de viciados que eu não tinha. Sonho bom da porra. Diverti-me com ele o dia inteiro, a pergunta de sempre: o que esse sonho quer me dizer que eu não entendi?
  • Como sempre: mais do que tenho e menos do que mereço. Sim, a vida não é justa. Mas e daí? Todo idiota no seu galho e um macaco festivo no centro da cidade. Quero dizer: acusar é prazeroso, mas limitado; bom mesmo é sofrer em paz, repetindo pra si mesmo "sou meu dono, sou meu dono, mesmo que o mundo não me obedeça."
  • Gosto do churrasquinho que como e dos cigarros que fumo. Que Deus, essa coisa que nem sei, seja bom comigo e me deixe assim: com cigarros, churrasquinho e algum humor. Porque tá tudo certo e o corpo aguenta: tragédia mesmo seria ser uma vítima que acusa os outros. Liberdade, pra mim, é ser dono das próprias merdas.   

8 de setembro de 2011

Troll

O Carlos Careqa toca seu disco e eu faço contas por pura diversão. Ou tédio. E tá tudo certo e tá tudo normal.
Sempre falta algo, sempre falta aquilo. E, bem, quem foi que inventou que o mundo era super interessante? Eu não, eu também.
"Ser gente é tão triste, né benzinho?", ela costumava me perguntar quando estava de TPM, mas achava que não estava de "TPM ainda".
Eu dizia sim porque a amava. Amar é dizer sim para perguntas idiotas - era o que devia estar escrito nos quadrinhos cristãos que traziam desenhos de um estranho casal peladinho.
Hoje mesmo: os vídeos fantásticos de sexo fake e a punheta que só serve mesmo para esvaziar. E a pergunta gracinha do mundo: o que será preenchido assim que esvaziado?
E há uma pornografia verdadeiramente vasta na rede. Deveria achar isso um mistério, mas não acho e lembro da minha santinha: "Ser gente é tão triste, né benzinho?"

5 de setembro de 2011

´<>`

A diversão é variada e estúpida. Eu me divirto de maneira geral. Há dias, inclusive, em que troco punhetas por vídeos verdadeiramente importantes que falam sobre teatro e sociedade.
Mas, agora, é assim:
  • O tesão passeia na minha cabeça. "Coisa de sêmem acumulado", diria meu amigo. Sonhei com uma desconhecida que, por dois erros, é minha amiga de Facebook. E era bem real e tesudo. "Detalhes tão pequenos de nós dois" e coisas do tipo.
  • A merda do tesão involuntário. Sonhei que contratava uma prostituta. E ela era boa pra mim e surpreendetemente generosa. Masturbava-me até que resolvia me dar. Eu dizia: não foi esse o combinado. Ela dizia: não importa, eu não vou cobrar mais. E vestia a maldita borracha em meu pau e dizia com uma calma que é muito rara em mulher: é que eu gostei de você. Ainda no sonho, durante a foda em si, eu temia: vou me apaixonar por uma puta... tô fudido.
  • Baixo um disco de desconhecido. É sobre amor, o disco. O amor está na moda. Como explicar? O amor virou um fenômeno pop. E isso é uma pena. É que amor não tem a ver com felicidade ou mundo perfeito. E o amor, esse da moda, tem esse registro. Esquecem que os crimes passionais ainda são os crimes mais cometidos e que amor tem mais a ver com loucura e excessos do que com um paraíso no qual as pessoas brincam com leões sem nunca serem devoradas.
  • Queria ter sentido tesão. Queria ter sentido tesão a ponto de dizer "vamos trepar, bayb". Mas não e nem. Uma pena. Essa ilusão que o tesão é espontâneo a limitar nossas fodas potenciais. Estou falando de praticidade e de sexo sem afeto. Foder, às vezes, é pura conveniência. Inevitável, né? Uma pena, né?
  • Eu e o mundo os velhos inimigos. Tenho me esforçado. Sorrio mais, minto mais e descubro que o mundo é menos exigente do que eu supunha. Aos meus amigos digo que tem a ver com o meu último aniversário. Mas gosto mesmo é de imaginar um duelo de faoreste: os passos contados, a virada e a precisão em sacar a pistola na hora exata.
  • Pensei em dizer, mas não disse: só não me apaixono por ela porque me controlo e porque só nos relacionamos virtualmente. E seria sincero e seria idiota como toda sinceridade. De qualquer maneira, estou falando uma verdade. Conheço-me minimamente e apaixonar-se por ela, pra mim, seria quase óbvio. 
  • Salaminhos e cerveja, a vida pode ser apenas isso. Não entendo quem não gosta de álcool, não entendo quem é vegetariano por pena de boizinhos ou por intolerância a morte. Saliminhos, cerveja, comer, foder e etcs. Que é isso e tem a ver com regalo. Poesia é regalo, arte é regalo, teatro é regalo. Precisa-se de muito pouco, é fato. Mas quem, em sã consciência, quer apenas o necessário? Leminskão e sua síntese são o próprio sentido da vida.
  • A profundidade dela é uma falsa questão. Porque é otária e acha ser esperta. Porque procura razões que não existem ou não precisam ser achadas. Gosta de ter "questões", mas esquece que "questões" exigem tanto perguntas bem formuladas quanto busca de respostas concretas. Mas a falsa questão é mais atraente, eu aprendi. Na falsa questão todos são interessantes e todas as possibilidades são reais. Somar ou diminuir pra essa gente é uma agressão. Qualquer certeza deve ser eliminada, eles dizem enquanto proclamam a dúvida como o deus mais cruel de todo panteão. Vai entender...
  • O bye, bye é uma mão esticada com cinco dedos. Toda despedida se supõe mais importante do que realmente é. É coisa de gente: esse bichinho triste que inventou as palavras e, consequentemente, os delírios todos. Saímos do esquema comer e cagar, viver e sobreviver, etc. Gente: esse bichinho que faria graça em seres extra-terrenos por ter inventado a eternidade da alma. Vejo ETs que diriam: não dá pra entender porque vocês cultivam tanto a ilusão. E nós, bichinhos pacíficos, chamaríamos os ETs pra um cinema, um teatro e uma cervejinha depois. E daí, o ET, já no fim da noite, confessaria: têm razão, a ilusão é muito prazerosa.         

3 de setembro de 2011

*

Fazia biquinho pra falar. Aquela coisa de arcada dentária em U.
Tesão.
Era também a última mulher da mesa e bebia com facilidade e estilo: o copo pego com firmeza, goles grandes e em etapas: cerveja na boca e depois engole.
Reparei no papo que ela tinha com os amigos. Parecia séria, inteligente e falava sobre educação.
Olhei pra ela até ser visto e ela me viu e se sentiu incomodada. Tesão enorme quase amor. Ela, bobinha, põe a mão na coxa do colega de mesa. Sinto-me desafiado e sorrio pra que ela me veja sorrindo. O colega é um tipo sem graça que não a acompanha no copo ou no papo, olha pra mim com cara de bunda.
Levanta. Passa perto, bem perto.Vai mijar, a bonitinha. Fala do Poderoso Chefão que está na TV. "Tesão é coisa de criança, te amo pra sempre".
Sai sorrindo. Leva a chave do banheiro que tem um pedaço de cabo de vassoura como chaveiro.
Ela ri. Eu rio.
Pago a conta e volto pra casa. Não quero que ela me encontre quando voltar do banheiro.
Tesão, amor, coisa de bar, biquinho em U, mistério de sexta-feira, o Poderoso Chefão, etc.
Deixo o bilhetinho: - santinha, santinha, volte dia 9, ok?

2 de setembro de 2011

@

Em clima de Twitter:
- Se ela soubesse que sendo trágica é engraçada eu a amava pra sempre.
Em clima de feed de Facebook:
- Devo dizer: só os chatos são curtidos.
Em clima de Blog:
- olhava pra cima e pensava: não me chamo André, não tenho família, mas acho reclamar uma arte.
Em clima de reunião de "coletivos":
- aqui eles me vêem e eu sou parte da turma. Tenho muitos amigos e sou simpático que só vendo. E claro que eu escolhi muito bem a roupa que vestiria hoje.
Em clima de bar:
- O Chico Buarque é um gênio.
Em clima de estudante de cinema:
- Tem a hierarquia, saca? A produção. A gente, nossa espécie, sabe dialogar com as massas e ser artístico. Filme independente é uma falácia: sonho mesmo mesmo é ser Tarantino.
Em clima de escritor respeitado:
- Gosto mesmo. Daquilo que. Enquanto reparo calmamente no azul do ceú.
Em clima de adeus:
- Essa saudade que eu sinto é o que eu entendo como amor. Se nunca mais te ver, te amo pra sempre.
(...)
(isso não tem fim)