29 de outubro de 2008

Fidelidade.

Tinha beleza e loucura naquilo tudo. É tão difícil explicar. Uma delicadeza que transbordava e quase irritava. Não sei ser claro quando lembro disso. Minha memória é idiota e meu delírio de grandeza mais me prejudica do que me salva. É o que Aramis diria com aquele sorriso estúpido e familiar - o lábio superior segurando a boca em "v": Uma sinuca de bico!
É que eu tenho minhas manias e, embora seja graças a elas que eu sou quem eu sou, são elas mesmas que me fodem. Porque algum dia - não sei quando, mas é sempre em algum dia que as coisas ocorrem. Porque nesse dia eu decidi que seria do contra e que ia querer sempre mais e mais. Mais tudo, fosse o que fosse. E todo idiota sabe que querer mais é justamente a causa da insatisfação e do sofrimento. Blá-blá-blá. Sou mesmo um falador de merda.
Mas seja como for fico me perguntando se eu mesmo sou capaz de me transformar. Sabe como é: mudar tudo, virar outro, deixar tudo pra trás, viver o presente, não pensar, curtir mais, esquecer o futuro, ser só desejo, gostar das coisas simples, ser menos sério, ter mais amigos, sair mais, beber menos, fazer mais comida em casa, fumar menos, comedir a pornografia disponível na rede, ser mais condescendente, sorrir pra desconhecidos, mudar o nome do próprio blogue, ter mais ambição, desistir do que se é, virar viado, comer mais legumes, dançar nas festas, telefonar pros amigos no dia de aniversário, não se levar à sério, prestar concurso público, desenvolver a espiritualidade, ver menos House, fumar menos, ignorar a morte, pagar as contas em dia, abrir um negócio próprio, ir à praia, etc, etc, etc.
Mas isso também não me agrada e ainda me soa como fraqueza:. mudar quem você é para tentar viver melhor. Vive melhor: quem não pensa, quem não se leva à sério, quem apenas brinca sempre, quem esquece as mágoas, quem perdoa como se fosse simples, quem ignora a própria desgraça, quem tem sacadinhas prontas pros constrangimentos, quem vive o presente, quem sonha com melhoras, quem espera as soluções, quem faz exercícios diários, quem casa com a 1° namorada(o), quem não saiu do próprio quintal, quem esquece a própria morte, quem crê que todos são iguais, quem acha que todos são diferentes, quem vê o jornal da globo e dorme depois, quem acorda todos os dias no mesmo horário, quem quer a vida como ela é, quem se satisfaz apenas por ver o bem alheio, quem cora com piadas sexuais, quem acredita em Deus, quem faz sopas às sextas, etc, etc, etc.
E como essa merda é um blogue e não um livro eu posso acreditar que eu escrevo bem.
É simples. É idiota. E causa bem estar.
Conclusão: ter um blogue é a vaidade mais recalcada que pode existir.