31 de julho de 2008

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Deito pra ler. Leio e as imagens me fodem. Eu sabia que isso iria ocorrer. A sequência. A sensação de coisa conhecida. O maldito medo da morte. Em um átimo eu sinto a porra toda. É físico e nada abstrato. O corpo esquenta a partir do peito. Uma onda de calor que apavora. Arrepio de olhos fechados. A dissolução completa, a consciência se esvaindo até o zero. O zero, o zero. O fim puro e simples, sem piedade ou justiça. Todos ali no esquecimento de si mesmo. A merda sem fim. Uma imagem maior que os olhos e a incapacidade de apreender o que quer que seja. Não haverá nada. Será apenas dormir sem sonhos. Nada de confusão ou alegrias ou dores. Nada de nada. Penso nos meus, penso nela. Pavor mais forte. Sinto que posso me perder com esse medo. É claro que posso me perder com esse medo. Lembro que demorei muito pra dormir longe deles. Lembro que dormia no corredor. Meu medo repetido e gasto, a impaciência que ele gera. Sofro e digo "vou morrer". Primeiro um consolo, depois não, depois a repetição enfraquece e não comove ninguém. Ninguém é obrigado a ter saco pra isso. A voz sem paciência que diz "é, vai sim, todo mundo vai, chega de pensar nisso". Dormir no corredor. Vontade de ligar pra ela. Pra repetir pra ela. Não ligo. Minha cabeça vai mais, a dor aumenta, sinto que posso perder a mão e berro alto e ridículo PARA!. Como se eu falasse pra mim mesmo. Desiste do livro. Fecha o olho. Força que a calma vem. A calma sempre vem. Escreve um pouco. Vê umas merdas. Peida alto. Não pensa, não pensa.

29 de julho de 2008

A.F.D.C - necessidades de uma punheta honesta.

(ESSE TEXTO É SOBRE UM PROCESSO DE CRIAÇÃO. MINHA PUNHETA FOI FAZER 3 COISAS AO MESMO TEMPO. CONSIDERO- ME BEM SUCEDIDO NESSA EMPREITADA MOMENTÂNEA. VAMOS QUE VAMOS E BLOGUE É PRA ISSO MESMO: PRA LAMBER O PRÓRPIO CU. MAIS NÃO DIGO.)

Não por nada, mas é que preciso desse tipo de coisa. Coisas pra serem resolvidas dentro da minha cabeça. Eu não me concentro pra pensar nelas, mas as deixo pairando. É uma estratégia. São pequenos demônios que flertam comigo. É como se eu criasse uma redoma onde, quase inesperado, o milagre pode surgir ou o dragão acordar, ou mesmo o anel espatifar em estilhaços finos e cortantes. Uma punheta que nem explico, mas que faz um sentido danado.
Então fico aqui como se eu pudesse descobrir algo. Leio meu livro, bebo minha cerveja e tento não ser eu mesmo. Eu mesmo não interessa agora, não AGORA. A cerveja gelada na goela, mais um cigarro na mão e bastante calma pra forjar que não estou esperando nada.
O arquivo está aberto e me seduz. Deixo ele lá, quero que ele se torne insuportável. Será melhor assim.
Tudo lento, bem lento. É melhor assim. Sinto a coisa se aproximando, o livro no fim, as possibilidades sendo trancadas. A liberdade só é possível em escolhas, as escolhas são quase sempre aleatórias, mas uma vez feita a escolha há que de se radicalizar. Sim sim sim, isso parece ter sentido. Não pense muito nisso, não agora, não AGORA. Sim sim sim. A insistência cria os sentidos. Devagar, gordo burro, devagar.
1° flerte com o arquivo e sai tudo em turbilhão. É merda conhecida e revirada. Imponho o prazer da coisa. A 1° impressão é a que fica. Minha cabeça é um martelo que repete: nesse momento todos devem gostar de tudo. Ui. Sexo com o tempo perfeito é a metáfora que parece ter sentido.
A coisa vai indo. Já escrevi 5 notas e rezo pra que a cerveja se multiplique. Sou grosso no telefone, mas apenas pelo motivo do 1° paragrafo. Ai que a coisa vai. Sigo que sigo. Tenho apenas que conseguir mais cervejas. Meu cérebro é um raio e posso chegar à algum lugar. Graças a Deus.
Bem calmo, bem calmo. Tenho que reestabelecer os contatos. Lentidão imposta e devo seguir. Embora a coisa exista o flerte ainda deve ser longo e irresistível. Loucura lenta criando sentido. Baixar a bola no próximo cigarro, sobreviver é um tipo de arte.
Sigo que sigo. Estoque refeito e vamos que vamos. Agora há música na casa verde.
Telefonema feito. E-mail enviado. Agora outro dia como esse pra um sossego completo. Reviro calmo em mim mesmo. Chapa no fogo e sanduiches a caminho. Minha garota me entende e o mundo é perfeito.
Sem declarações de amor que nem é esse o caso.

28 de julho de 2008

Photograph courtesy of the History Museum of Springfield-Greene County



Minha garota me avisa que vai pra sua Ioga.

- Eu também vou.

Descemos juntos.

Estamos nessa fase louca de grude sem fim. Difícil explicar isso. Logo eu, o idiota mais durão do oeste. Tudo certo, minha garota é gostosa e trepa como louca. Explico tudo. Sou um belo explicador.

Na calçada ela pega o ônibus e eu atravesso a rua. Maravilha. Diferenças pra um amor perfeito.

No bar os mesmos vermes de sempre. 1° cerveja e livro aberto. 2 venenos juntos, a cerveja e o Bukowski. Consumo os dois com bastante lentidão. A cerveja virando genialidade, o livrinho explicando os benefícios do álcool. Uh, vida boa.

Me concentro pra esquecer AFDC. Sou mais ou menos bem sucedido. As letrinhas do livro dando vontade de escrever. Aquela coisa que o velho diz de haver alguma chance.

Com o bar vazio peido à larga. É fácil inclinar o corpo quando se está com um livro na mão. Mundo bom, mundo bom. Peidos sonoros em lugar público é um tipo de glória.

Minha garota agora deve estar fazendo uma bela posição. Aula de ioga, sabe como é.

E lembro dela toda de preto com o corpinho de filet que ela tem. Toda miudinha ali, com a devida distância. Os mamilos que derretem na boca, a bundinha do século, a bela cara de criança assustada que ela faz quando berro. Jesus, tenho mais tesão por ela do que deveria. Essa vaca ainda me mata com sua buceta.

Em casa preparo toda a cena. Música de velho, copo cheio e uma bela cagada de porta aberta. Antes de dar a descarga reparo que minha merda tá preta demais. Até esboço uma preocupação, mas na 2° cerveja sou quase imortal.

Escreve, escreve e confere os números. Agora é ler mais um capítulo e esperar minha garota chegar. Combinamos dela me mandar uma mensagem pra que eu tome um banho. Melhor pra nós dois. Ela me disse que depois da ioga estará aberta e a filha da puta é gostosa pra caralho.

Sexo e pizza ou pizza e sexo. Tanto faz. Essa filha da puta ainda engole a minha alma.

Tiro as coisas da cama e confiro o horário. Uma aula de ioga deve durar pelo menos 3 cervejas. Certo, perfeito.

Tento me organizar: abrir a 3°, banho, abrir a janela pra tirar futum de cigarro, conferir descarga, panfleto de pizza em lugar acessível. Alguma música boa que ninguém é de ferro.

-

Tristemente reparo que a porra do papel higiênico acabou. Talvez peça pra ela trazer, mas há um q de ridículo nisso. Quero comer ela, afinal. E a preliminar não pode ser "traz papel, meu amor". Merda, o mundo é cheio de gracinhas. Raiva, raiva, raiva.




Ontem lembrei que esqueci até o seu rosto.

Não tenho saco. Vou coçar meu rabo com a ponta de unha que me resta. Eu poderia até fazer uma declaração de amor, mas minhas lembranças são fracas e limitadas.

24 de julho de 2008

Mordendo as unhas.

Eu gosto daquela peituca. Não adianta. Todo vez que eu olho pra ela, eu lembro disso. Peituca boa de morder e meter a mão. Já fiz o diabo ali. É um tipo de orgulho que eu carrego nessa vida triste. Quando estou pensando em suicídio eu lembro que já tive aquela peituca e me acalmo.
Eu sempre tirava pra gozar nas peitucas. Fazia voltinhas no mamilo com meu dedo lambuzado de porra. O sexo em si não era nada demais, mas fazer aqueles desenhos na peituca valiam até os gemidos grossos e exagerados que ela dava. Gemidos que me irritavam e me tiravam do prumo. Que entravam de tal forma na minha cabeça que, mesmo depois de dias, acordava ensopado de suor num pesadelo alucinante onde o final era sempre um despertador que reproduzia os tais gemidos.
Difícil descrever um gemido. É algo que não sei como fazer.
E vejo aquelas peitucas que hoje me ignoram. Ela até me sorri e me diz bom dia no elevador, mas nada mais faz sentido. Eu não toparia mais aquelas peitucas de qualquer maneira. Só de lembrar os gemidos me sinto mal. As coisas acabam e morrem. Eu também acho uma pena.

23 de julho de 2008

Puta Que La Merda.

obs. o site meter é uma ferramenta simples. ele mostra quem visita seu blogue, de onde vem, pra onde vai, quanto tempo fica, etc. e é grátis.

Domain Name veloxzone.com.br ? (Brazil)
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22 de julho de 2008

´

Meu pai me telefona. Ele está graciosamente bêbado. É uma prática que nós temos. Eu também havia comprado cervejas. No meio da tarde tinha sacado que ele me ligaria. Circunstância conhecida. Pai e filho sempre têm um tipo de conexão, não é?
Minha namorada diz que sou muito parecido com ele. Não somos bom de telefone à não ser com nossas mães. Ele com a dele e eu com a minha. Minha namorada diz que nós dois ficamos observando tudo e que só depois é que falamos. Ela acha ele mais sorridente que eu, mas isso não vem ao caso. O curioso é que quando ela fala isso parece que ela tem a ilusão de que eu melhore.
Meu pai me conta suas notícias de bêbado e, infelizmente, estou no mínimo 3 cervejas atrás. Me conta um tipo de dor que só bêbado mesmo pra contar. Penso nisso e em tudo aquilo que nunca saberei. A solidão mora por aí, nesse lugar que a gente nunca sabe ou que, se sabe, sabe apenas porque foi revelado.
O papo é bom, mas ele se incomoda. Estou na 1° e ele na 4°. Lamento que eu não tenha começado a beber antes. As histórias são boas e meu pai vai fazer, até que se prove o contrário, um troço que deseja.
Fazer as coisas que se deseja é mesmo importante. É isso que forma uma pessoa. Somos frutos do que deu certo e não do que deu errado. Acho que ele concordaria comigo.
Ouço uma música depois do telefone. Bato um papo bom com a minha adorável garota. Lembro do meu pai fazendo ode à solidão.
É, a vida sempre tem seus momentos.

20 de julho de 2008

Sabe como é?


Essa gente se reúne aos sábados pra beber vinho e jogar cartas.
Eles se sentam em volta da mesa e tiram fotos.
Milhares de fotos onde todos sorriem.
Gente que tem abajures e sutilezas.
Gente que se interessa por arte e cultura.
Na foto que vejo todos aparentam estar muito à vontade e satisfeitos.
Eu sinto meu velho ódio e penso que devo escrever sobre isso.

1-
A luz indireta é onde começa toda a desgraça. Todos ficam bonitos porque não se pode ver direito. A mesa é grande o suficiente pra que não haja cabeceira. Mesa redonda da época do velho Arthur. Justiça derramada em coisas que se lê. Eu também li esses livros e tenho orgulho de os ter lido quando era jovem e afetado. As Brumas de Avalom, Sidharta, A Erva do Diabo. Coisas que parecem ser algo quando se tem 22 anos.
2-
Reparo melhor na foto e meu ego tem um tilte de tanta satisfação: a única lésbica presente na mesa-foto faz questão de não sorrir. Sorrir pra que, não é? Sorrir é coisa de fêmeazinha ou de otário. A lésbica carrancuda é que tá com a razão. Quem sorri em fotos é perdedor, quem sorri é apenas porque não sabe como é bom um belo dedo em sua buceta...
3-
Tudo certo. Tudo realmente muito perfeito.
Quem sou eu pra discordar de uma mulher que não têm pau apenas por acaso da maldita natureza? Quem sou eu pra dizer que um dedo na buceta é melhor que um pau? Quem sou eu que despreza as lésbicas apenas por acreditar que todas elas são mulheres maus comidas?
Eu sou o que tem dedos e o que tem pau. E que usa língua também com a graça do bom Deus. E viva minha vaidade sem fim.
4-
E ufa-lá-lá e vamos que vamos que não é agora que vou revelar toda minha revolta contra o mundo gay. Um mundo que leva à sério a aparência e que se acha muito ousado e moderninho. Um mundo que é tão preconceituoso quanto os pretos americanos. Um mundo que gosta de lounge e talheres e pratos bonitos e sem gosto. Um mundo que exige sua fatia de mercado.
4a-
E que fique claro que fatia de mercado é o termo mais escroto que existe. E também que esteja claro que toda regra tem exceção e que é a exceção que faz a regra ser uma regra. Há gente que é gay sem pertencer à esse mundo. Há esperança mesmo quando tudo é colorido e alegre demais.
5-
Volto à foto porque o preconceito é bom e rende na escrita: os quadros são de muito bom gosto, mas não têm alma. Sou antigo e acredito em alma. Eles posam pra foto com uma facilidade que me choca. Sou fresquinho o suficiente pra me chocar com coisas que eu mesmo faria, mas como não estou na tal foto fico aqui e falo mal de quem está lá.
(Conveniência de quem sonha nunca depender de nada ou de ninguém. Conveniência de quem crê que dá pra ser anjo nesse mundo mau. Eu não estou lá e tenho frieza e inteligência pra analisar essa gente da pior maneira possível. Gente que joga cartas aos sábados sem se quer apostar dinheiro. Gente que não entende que o barato do jogo é a vitória. Uma pena).
6-
Volto a mim mesmo e esqueço tudo. Meu barato é ter o meu blogue e lamber meu próprio cu. Ela tá distante e hoje dormirei sozinho, ela tá lá e eu poderia estar com ela. Poderia ser mais sensível, poderia ser mais esperto, mas não sou. Uma pena também. Mas a gente se adora e tá tudo certo, só reclamo por prazer ou por falta do que falar. É o caso agora.
O mundo é perfeito e nem me importo com nada. As 10:00 da manhã estarei preparado pra tudo.

18 de julho de 2008

Se eu soubesse o que dizer, eu diria.

E nem há nada a dizer além do nhém-nhém de sempre. E também há a dureza de admitir que você tem mais razão que eu. E fico quietinho. E me viro e reviro e faço força pra achar os problemas que nem existem. E, as vezes, e que fique claro que nem sempre, mas, as vezes, surge essa coisa que parece outra e que mesmo assim me agrada. Porque há sangue em mim. Porque há sangue em você. Porque a insistência ainda me parece um milagre. Porque eu não resisto à acreditar em milagres.
E nem ligo cré com cré. Nunca fui assim e agora sou. O 1° nem sempre é o mais importante. O milagre sempre surgiu em noites estreladas.
E é tudo bonito e fico sem graça. Só fujo do que me amedronta.
Os milagres são sempre milagres e dependem mais de nós do que nós gostaríamos.

17 de julho de 2008

Ele reclama. Ele sempre reclama.

- Ai, puta merda, os lambe cus estão soltos! Se reúnem diariamente e transitam por bares de música lounge. Dizem maravilhas um do outro e pregam o velho e eficiente a união faz a força. Claro que entre eles há os preferidos. Um que acha que o 2° é viado inrrustido, outro que acha a 5° recalcada demais, e também os que se odeiam de maneira silenciosa e limpa - esses são os mais admiráveis.

16 de julho de 2008

Não sonho mais.

3 tapas na cara. Desses bem ardidos e humilhantes. Raiva brotando e diante de mim 3 santos insuportáveis. 1 tapa de cada um. 1 fila de tapas. Eu apenas os recebia com raiva e resignação. Eu não podia revidar porque os 3 eram santos. 3 santos feios, mas santos. Me ajoelhei e fiz um belo risco no chão que se rompeu quase que imediatamente. Os 3 santos feios ao invés de caírem ficaram alí, flutuando, como se nada tivesse ocorrido. Me levantei e olhei pra eles com bastante calma. 1 não tinha boca, outro não tinha olhos e o 3° não tinha pés. Fiquei intrigado com aquilo e berrei:
- Puta que Pariu! Era o que me faltava! 3 Santos idiotas e deformados...!!!
Quando acordei olhei pra mulher que dormia comigo. Conferi e estava tudo lá: os olhos, a boca e os pés. Voltei a dormir aliviado.

14 de julho de 2008

Zumbi Sensual.

A cabeça daquela mulher parece estar descolada do pescoço. 3 centímetros que sobram num pescoço que é bem torto quando se repara bem. Os malditos olhos pretos bóiam numa paz conquistada com muito álcool e cinismo.
Ela chega e cumprimenta todo mundo. Tem um andar lento de elefante, embora seja magra. Senta na mesa e puxa papo com todos. Tem a voz triste e melancólica, mas sorri sem parar. Se ela tivesse apenas a voz triste e melancólica eu me apaixonaria por ela. Não é o caso, graças a Deus.
Ela fala sobre você com terceiros, mas você duvida de si mesmo e se esforça pra não se levar a sério. A melhor amiga dela lhe olha com raiva e pena e você acende outro cigarro. Não preciso gostar de todo mundo é o que você pensa. Você se sente calmo e tranqüilo, sua indiferença ainda é eficaz.

10 de julho de 2008

O " se - mágico " do velho Stanis.

Se eu morresse hoje
seria muito belo e trágico.
Morrer aos 26 é sempre uma tragédia bonita.
-
E todos lamentariam sobre todas as coisas que eu poderia ter feito,
e meus colegas falariam do meu talento
e as mulheres que comi falariam do meu pau tremendo e enorme.
Meus 2 amores diriam que sou inigualável e que jamais conseguirão amar alguém como me amaram.
E eu seria um espírito muito faceiro vendo essas pessoas dizerem essas maravilhas de mim.
e sorriria indiferente já que estaria morto.
A dor seria ver meus pais sofrendo,
minha irmã me enterrando
e minha avó de 80 anos deixando o neto no chinelo.
Ser mais uma morte para o meu benzinho também seria de uma dor sem fim que aqui nem conto.
E minhas sobrinhas guardariam minha imagem como se eu fosse um fantasma risonho e idiota
e todos meus primos lembrariam das minhas gracinhas com uma melancolia que nem eles prórpios conheciam.
E haveria a dor senil da minha Tia Rosa
e a desconfiança sem certeza de que alguém não voltou pra casa do meu cachorro amarelo.
-
Se eu morresse aos 26 anos
eu seria aquele que poderia ter sido
tudo aquilo que nunca saberíamos
se acaso eu realmente morresse.
-
O suor escoando no ralo
em um piripaque fatal durante o banho,
as lágrimas sinceras até de quem me odiava.

-

Se
eu
pudesse
ser
outro,
eu
seria.

Isso,
de
poder
ser
esse,
me
angustía.

7 de julho de 2008

Relatinho:

Sento no balcão e sorvo meu veneno. O prazer louco de uma solidão inventada. Tudo bem lento e agradável. Olho pros lados e vejo essa gente sem cara e sem alma que me agrada. Me sinto muito bem acompanhado.
Termino mais uma nova histórinha do meu escritor bêbado e lembro como é bom o ler assim: as palavras mal iluminadas pela luz fria, uma olhada ao redor a cada parágrafo, essa gente feia e suja que me agrada. Me pergunto porquê, mas sem realmente pensar numa resposta.
A história é boa e o veneno faz o meu sangue circular mais lento e constante. Lentidão e constância, uma trepada perfeita.
Penso em tudo que me aborrece e porquê, afinal, sinto tanta raiva. Minha vida é boa na média. Dinheiro que não é meu, mas que me facilita, algum reconhecimento aqui ou ali e uma buceta que você ama fuder como puta.
O veneno sempre facilita as coisas. É um preço que se paga. Os milagres mais bonitos sempre foram os mais inacreditáveis. Explicações que parecem brilhantes no meio da merda no fundo do rabo.
-
Quando atravesso a rua tem uma criança que está de mãos dadas com a mãe. A mãe a arrasta dois passos à frente, mas, mesmo assim, a criança parece muito feliz e satisfeita e fala o que só uma criança de três anos pode falar. A mãe não dá bola, pois está acostumada com isso.
E eu insisto em achar o mundo bonito e triste. Como deve ser.

6 de julho de 2008

vontade de casar.

muito cigarro e um ódio tremendo por conta da fome.
sua mulher não para de falar e você deseja que ela escoe pelo ralo junto com o esmalte vermelho.
a mulher amada é sempre a mais terrível.
um sorriso exagerado que você gosta e implica,
uma confusão que não é sua, mas da qual você acaba participando.
histórias que você ouve com sofreguidão.
-
e cheio de sacolas na rua vazia de horário de almoço de domingo
você descobre que, mesmo assim, você a ama.
ela de alguma maneira percebe sua irritação e lhe deixa em paz.
arruma a comida, não pede ajuda, diz fique à vontade...
-
você se repete e senta pra escrever,
o cigarro na mão e as pernas cruzadas.
da cozinha uma voz calma lhe anima:
bayb, quando você quiser vamos comer.

1 de julho de 2008

*

Sua doçura é excesso de açúcar. Seu desinteresse é apenas esforço. Sua masculinidade é apenas ódio do mundo.
Arranco os papéis colados do caderno e ligo meu eficiente foda-se. No meio da merda espalhada só sobrevive minha vitalidade egoísta e doente. O prazer de inventar o que não existe ainda é dos melhores. Então vou que vou e berro minhas verdades pra idiotas inexistentes: