28 de fevereiro de 2011

Uma foto linda que me fez lembrar.

Quando a conheci a achei linda.
Olhei-a caminhando, meio que chutando as pernas pra andar, e reparei que trazia uma garrafinha que ocupava suas mãos e bebia de vez em quando.
Gostei daquilo. Inventei para minha satisfação: ela tem estilo. Isso: es-ti-lo.
(Estilo esse que uma vez se manifestou em um churrasquinho de rua. Ela com o espetinho e a carne sangrenta e suspeita me confirmou na época: estilo)
No primeiro dia impliquei: usava calça com vestido. Nada pior e mais inseguro do que calça e vestido. Mulheres tem manias incríveis. E inventam modas incríveis. Calça e vestido, eu pensei, mas deixei pra lá. Lembrei da garrafinha na mão e sosseguei.
Eu falava, ela falava, a gente falava e era bom. Beijo na boca. Logo reparei no queixo que se impunha para o mundo. Gostei do queixinho mesmo tendo lido que queixos assim não são bons sinais. Gente que se impõe, gente que precisa se impor. Que deseja a grande Teta. O queixo que ataca o mundo.
Mas quem liga? Beijo na boca. Bom beijar, bom beijo. Apertei seu queixo todas as vezes que pude.
- Vamos lá em casa?
- Não sei, não sei.
- Olha, a gente não vai fazer nada que não quiser. Vamos?
- Tá... tem whiskey? No blogue dizia que sempre tem whiskey...
- Tem, tem.
Nada demais, mas tudo simples. Uma alegria de promessa de Ano Novo. Dessas que não se pensa muito, mas se gosta e se tem e se deseja.
Em 2010 tudo seria ótimo.
- Legal?
- Legal.
- Mó loucura, né?
- Mó loucura.
Bem que eu me apaixonava, eu pensava sozinho. Fiz firulas, dei presentes e desejava me apaixonar. Queria o estado de graça da paixão. Tão bom, tão bom. Que minha última paixão foi Fran e foi bom tão bom.
O queixo pra frente e meu pau pra trás. O que fazer? Eu sofria, mas tinha calma e mantinha as esperanças. As coisas são assim: um pau mole, um ataque histérico, um choro sem sentido, uma ternura confusa, um peidinho alto que escapa sem querer. Acontece. Tudo acontece. Tudo é normal. Tudo. E tudo pode ser. E o que tem que ser, será. E tudo é sempre possível.
Excesso de tudo. Paradoxo de tudo. Se tudo importa nada importa, essas coisas.
- Você não sabe, mas você está apaixonado por mim.
- É mesmo?
- Claro.
Não era claro. Querer se apaixonar e estar apaixonado são coisas distintas. O velho lapso entre intenção e ação, desejo e realidade, essas coisas.
Tristeza de volta. Tudo podia ser e nada foi. Pena sem muita dor, apenas pena. Tristeza. Bem que podia estar mesmo apaixonado, eu delirava. Não estava, nunca estive. Infelizmente.
A água morna que é todo mijo: chutar cachorro morto, imaginar incêndios a partir de faiscas, virar amigos, virar melhores amigos, beber junto todas terças, cinemas, teatros e, porque não?, cafés inofensivos.
Nada de nada. Algumas ofensas trocadas e o tempo que sempre passa. Um adeus sem adeus, uma ternura sem ternura, uma memória do tudo que nada foi. Quem sabe, como vizinhos, um novo esbarrão e novo café. Aconteceu.
- Café?
- É, café.
- Eu gosto de Café.
- Eu tenho um amigo chamado Café. Café é nome, sabia?
- Eu sei, eu sei.
- Nome diferente, né?
- É... é...
- Será que o Bahia ganhou o campeonato?
- ?
- Tem um amigo meu que torce pro Bahia... fanático, cara...
- Ah, legal....
Dois beijinhos que é a praxe no RJ. O tchau é um 'a gente se fala' que também é praxe no RJ.
O táxi me salva e volto pra casa.
Sinto saudades da Fran, eu penso.
O tempo passou, eu concluo.