20 de janeiro de 2013

Tem um erro que esquecem: há muita coisa chata quando o assunto é arte.
Assim, de certa maneira e com certo sentido, é imbecil classificar arte por chato ou legal. Mas, vá lá, diante de tanta chatice, o que fazer?
Não defendo que a Ivete Sangalo seja uma grande artista porque levanta a galera, nem tão pouco acho o Warhol fodão por ser àquele estranho dado à devaneios e profundidades questionáveis.
É mais reto, mais pessoal, mais viadinho - na medida em que 'pessoalidade' é um argumento covarde  e não uma opção sexual. Assim: muito artista satisfazendo artistas, muito povo e consciência social criando obras que respaldam os novos paradigmas sem serem grandes obras.
Então me fodo. Fodo-me sozinho. Porque nem isso nem aquilo. E, veja, algo há. Sou um tipinho artístico que vê várias coisas.
Teatro: gosto menos quando o que está em jogo é a capacidade intelectual de cada espectador. O mérito da sacada do iniciado. Prefiro o Z. Celso e suas massas de pelados , o Antunes e seu desejo de coros perfeitos, o Bortolotto falando com sua gang. Quero dizer: esse teatro que agrada aos fazedores de teatro é altamente suspeito. Uma coisa elitista que sorri e não gargalha. Prefiro os palhaços cabotinos dos circos pobretões.
Música: reflete o facebook e a moda alternativa compartilhada por todos. O amor na moda, as canções na moda, a simplicidade na moda. Prefiro o Iggy Pop, sempre excessivo, o C. Buarque quando não faz discos e a Ivete Sangalo quando não se leva à sério como cantora. Quero dizer: o bom mocismo e o amor não resultam em boas canções.
(...)
Ia falar de cinema e literatura, mas desisti. Uma hora eu volto. E explico melhor. Com sorte, explico melhor.
Assim: muita peça pra pouco teatro, muito teatro pra pouco público e muito público pra muita afetação.
(...)
Deixa pra lá.
(...)
Os dentinhos dos bebês coçam quando encontram a gengiva.