24 de agosto de 2009

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A cabeça dentro e o corpo fora. Regular é a jogada. Bonita, bonitinha, mas nem tanto. A vantagem do desprezo é que nunca nos machucamos. E bem, com bastante desprezo, a gente torna todos iguais: ou muito importantes ou nada importantes.
Aquela radicalidade de fracos: o discurso bom e sem compromisso. Como quem jura amor eterno à uma puta durante a foda paga.
Eu também digo, eu também falo, eu também bato palmas quando se canta parabéns-pra-você. Somos macacos, não somos? E gostamos da tribo.
Gostamos da tribo mesmo que pra nega-lá. A jogada é a mesma, eu já disse.
Preto contra preto,
mulher contra mulher,
amores de pica e desprezo.
O mundo ainda é imenso e,
quem sabe, com alguma sorte,
junto ao suspiro final
eu solte um peido.
Ao mesmo tempo.
Em sincronia pura:
a família reunida,
a mão da mulher amada junto à minha
e o caçula com a mão no meu ombro.
Expiro e peido.
Faço a última piada
e vou direto pro ceú.