13 de abril de 2012

o encanto dos números e o Brasil como moral à ser seguida.

  1. Nunca gostei de amor indiscriminado e sempre impliquei com o excesso do uso da palavra SAUDADES nos feeds do facebook. 
  2. O bom amor, o grande amor, é, e sempre será, um enorme preconceito. Ama-se à alguém que é superior ao resto da humanidade. Só o imbecil ama alguém comum e acha que isso é normal, que isso é amor.
  3. Os portugueses me ensinaram: saudades é uma palavra chorosa. Eles me explicaram: os brasileiros abrem muito as vogais para falar SAUDADES. E isso faz com que a palavra perca sua beleza de lamento. Os portugueses dizem SuD'Des.
  4. Se entendi bem é assim: não se pode ser tolo e avaliar uma moral fora do local onde aquela moral é prática. Tipo: se um homem matou outro homem na guerra ele pode ser chamado de assassino?
  5. Ler o bigodon tem a ver: a) com vaidade, como não? ele mesmo, o bigodon, é bem claro em quanto a vaidade determina nossas ações. b) com tesão, porque há algo de fodão nas afirmações ditas sem medo, porque aquilo que temos, e que muitos acusam ser intolerância, são, em última instância, nossa capacidade de reconhecer que a moral que rege a humanidade não é uma moral voltada ao 'espírito livre'. c) existe uma sensualidade em ler algo que você acha que é capaz de te transformar. não é que você vai, de fato, mudar. é que durante a leitura, ou melhor, durante a experiência da leitura, você acha que entendeu tudo, porque, enfim, o bigodon escreve bem e com verve. d) a idéia de que o bigodon é pessimista me parece bastante errada. tem a ver com pau na mesa, com assumir o pau na mesa, o 'espirito livre', o não concordar com o resto da humanidade, mesmo que o resto da humanidade seja essa enorme e maioria absoluta. e) ler é, de forma geral, prazeroso. ler um desses caras que são fundamentais para nossa compreensão do mundo é mais tesudo ainda. e repito: el bigodon escreve bem, com verve. é diferente da Bíblia, por exemplo, esse livro tão importante, mas que, sejamos francos, não é lá muito bem escrito - o que, segundo el bigodon, só contribuí para que tantas mentiras tenham sido elaboradas a partir dele. 
  6. O Café tem elegância e afetação. Creio que parte do preconceito brasileiro com os argentinos tem a ver com isso. O Café, esse lugar, é afetado. Mas não há afetação em frequentar os Cafés aqui. Não sei se me fiz entender. É o tipo de justificativa vaga que sempre damos: é da cultura deles. Seria como condenar um índio que trepa com a tia. Índios trepam com suas tias porque não existem tias como nós entendemos. Ah, vá lá, é dolorido prum brasileiro perceber o quanto a idéia de civilidade está à frente na Argentina.
  7. Tipo umbigão: fazendo o curso de espanhol com os diversos gringos fiquei contente por pertencer ao 3° mundo (principalmente ao Brasil) e, por isso, não acreditar no mundo ordenado que eles têm. Porque são limpos, educados, brancos e não entendem muito bem o fato de sermos essa bagunça que dá certo. E no caso do Brasil ainda mais. Porque nós trepamos com pretos, portugueses, alemães e criamos um país que choca por ser tão grande e não ter movimentos separatistas. O colega da Escócia ficou admirado ao saber que eu descendia de tanta gente. Porque ele nunca se misturou, porque ele é o colonizador que não se apaixonou por um bela preta com buceta dourada, porque ele pertence ao mundo que mantêm a idéia de raça, enquanto nós, brasileiros, sabemos que o grande barato é ser vira-lata - como o cachorrinho que tínhamos na infância e nunca precisava das vacinas que os podlles precisavam.