4 de setembro de 2010

Estranho e lento.

  1. Daqui a pouco devo esquentar a pizza. Lembro de J me acusando pelo excesso de pizza.
  2. No som um Nick Cave que é do Renatinho. Ouço, mas nem sei se gosto. Penso, com minha pança branca e mimada, que é le-ê-gal ouvir Nick Cave.
  3. Daí lembro do Bortolotto quando ele fala que ta ouvindo um disco. E sempre parece que ele tá ouvindo o melhor disco do mundo. E várias vezes ouços os discos que ele diz, mas nem é igual. O lance é o jeito como ele diz.
  4. Amanhã, após 2 meses, não haverá peça. Era cansativo a obrigação de todo fim de semana chegar cedo ao teatro e arrumar as coisas. Depois torcer pra que houvesse platéia e que o espetáculo fosse bom - porque teatro (quem faz, sabe) nem sempre é bom.
  5. Matava minhas tardes de sábado e domingo, mas ajudava a dar sentido pra vida. É besta, eu sei. Mas é real: com aquela peça em cartaz eu não tinha nenhuma dúvida de que eu participava do mundo.
  6. Penso que preciso de uma foda. De uma BOA foda. Foda-Fantástica. Aquela coisa de trepar e realmente sentir a plena descarga sexual. Sentir a morte durante o orgasmo e não se importar. Se abandonar praquela buceta que envolve seu pau e, secretamente, pensar: morrer ou viver não é importante.
  7. Imagino M me dando. Ela chega até mim, se apresenta e diz algo fatal. Fico cheio de medo. Entendo que se eu quiser treparemos e me apavoro. Desconfio do porquê M me daria e fico triste ao lembrar que ela lê meu blogue e que, muito provavelmente, quer me dar apenas para ler o que escreverei depois. A vaidade de mão dada com uma enorme bobagem. Como M não mora no RJ, eu me acalmo.
  8. Tem uma foto que vi num blogue aí. A foto era de uma garota. Esse blogue aí é de uma garota que é mãe de uma garota de uns 12, 14 anos. E achei que a foto era da filha e não da mãe-dona-do-blogue. Por sei lá que motivo, na solidão livre da internet, me senti profundamente constrangido. Até hoje, quando vejo esse blogue aí, lembro disso e me constranjo. Quem explica? Freud não, eu acho.
  9. Delirei com uma resposta. Sempre deliro com essa resposta que nunca veio ou virá. Talvez a cisma católica dos milagres, talvez o gosto pelo impossível ou, talvez, apenas o medo de nunca ter algo como aquilo. Porque o real é constrangedor e estranho. E quando o real é belo é ainda mais estranho e constrangedor.
  10. Coisas existiram. E, quando as vejo à distância, sinto a tristeza mais bonita do mundo. Acho até que sinto paz.