8 de março de 2011

A solidão acostuma e agrada. Lembro da minha prima que nunca esteve só e penso se isso é bom, ruim ou indiferente. Família... há algo de muito terrível nessa coisa chamada família. A tristeza generalizada e os anos passando. A saga do tempo que é todo romance de García Marquez. Porque toda vida, quando vista inteira, é algo chocante e meio triste. Não sei explicar. O Vinicius falando da saudades que sente da primeira mulher é um exemplo.
E lembro de uma alegria estúpida que via nos churrascos da minha infância. Meu pai e Orestes em risos e euforias bêbadas que de tão alegres revelavam a tristeza inevitável. E eu tinha 5, 6 anos e percebia isso porque com 5, 6 anos a gente percebe muita coisa. Acho que nem o Orestes nem meu pai são ainda capazes dessa alegria estúpida. Porque o tempo maltrata e a tristeza ganha mais importância do que deveria. É uma pena.
Ler o García Marquez tem me dado essa agonia. Porque a vida inteira não é boa nem ruim, nem alegre nem triste. E mesmo o amor - essa doce idéia por nós inventada - é despojado de arroubos e delírios que só fazem sentido se pensados em prazos curtos. (Minha avó e seus 51 anos de casada entende isso como se isso fosse simples). E ontem, antes de dormir, fiquei vendo esses rostos terríveis que surgiam no pré alfa e eu sentia medo e não entendia se os rostos vinham do livro ou do Carnaval.
Seja como for, minha solidão está reestabelecida e o controle que se deseja de maneira geral é mais objetivo quando se está só. Em todos os sentidos: no banheiro que é só meu ou na certeza de que ninguém ou nada me permeará se eu não desejar. Provavelmente deixarei um livro ou um filme me permear. E isso será uma escolha. E escolher, ainda acho, é legal pra caralho.