11 de março de 2011

(s.r)

Beber é mais uma maneira de se acalmar. Assim como fazer aula de Ioga, ler um romance ou ouvir uma canção do Erasmo. É o que a gente faz: aprende a viver e tenta viver melhor. Suicídio nunca será uma opção pra quem tem pais vivos. Seria o máximo da mesquinharia. O suicída decente só poderia se matar se primeiro não houvesse ninguém que realmente sofresse sua morte; e segundo se essa morte fosse planejada de modo a não dar trabalho pra ninguém. Porque morrer e deixar dejetos para outrem é, no mínimo, deselegante. Nada mais vaidoso do que uma carta de suicida. E chega desse assunto mórbido que nem tem razão de estar aqui.
Escrevo aqui, como muitas vezes ocorre, quando não consigo escrever em meus arquivos. Escrever no blogue é fácil e conveniente. Escreve-se e pronto. Não tenho tantos e nem tão fiéis leitores e, pra ser franco, isso, o blogue, em última estância, é a terapia ocupacional mais barata que existe. De forma que cá estou enquanto o Erasmão dá seus recados na já recomendada rádio UOL.
Seja como for, quero escrever histórias. E escrever histórias é bem mais embaixo do que alimentar um blogue. Porque temos pretensões que nos devoram e nos machucam. E concluo que a minha vida está toda errada porque está fadada à frustração. Explico: um dia inventei-me artista e, por isso, consumi grandes artistas, repito: GRANDES ARTISTAS; e isso, como acontece, acabou por me foder ainda mais. Porque há grandes obras, há Dom Quixote e há Doistoiveski. Há essas obras realmente fodas e GRANDES. E podemos nos consolar dizendo que é um dia após o outro, que a gente vai aprendendo, que a insistência é uma virtude, etc, mas e daí? Quando inventa-se artista crê-se com talento e quando questiona-se o talento um tipo de morte começa à ocorrer. Lembro do único poeminha do W.Benjamim que conheço: cada vez mais cansado, cada vez mais cansado.
E vejo as pessoas girando e o mundo acontecendo. Noto que nem gosto do mundo ou das pessoas. Tento lembrar da tristeza mais bonita e não consigo. Então baixo uma comédia romântica americana e imagino que devo estar deprimido já que nem consigo me revoltar. Mas mesmo o papo de deprimido não cola porque há qualquer deboche que ainda me agrada. "Eu não sou um, eu sou muitos", eu deveria dizer para agradar os amigos neo-hippies que super-valorizam a ternura e o desprendimento. Como se ternura fosse simples, como se despreendimento fosse natural...
Fernandinho chato demais pintando na área.
Vou me reprimir que ainda mantenho a decência de não achar que auto-repressão é datado.
"Há limites", é um bordão que volta e meia uso. Gosto dele. Faz sentido: há limites.

Tremendão: