- Ser sincero é dizer não aos idiotas. E saber que os idiotas são numerosos e que sinceridade não é uma boa política. Ser sincero tem a ver com convicção e com teimosias formuladas. Essa estratégia de pensar e confrontar. Teimosia é o mínimo de ideologia que se exige.
- Muito amor no facebook. Um ideia besta de causa e efeito. Propaga-se amor e recebe-se amor. Como se fosse matemática, como se o universo levasse em conta pensamentos positivos e coisas do tipo. Muito amor no facebook: mais um motivo para desconfiar do amor indiscriminado.
- Divulgar os 'amigos da pesada' é uma nova forma de interesse. Perigosa e sedutora. Compartilhar pega bem e o dono da página ganha números. Reparem nas palavras que se repetem: galera, afeto, rede, revolução-dos-afetos, rizoma, movimento, queridos, movimentos, etc. (sem contar o 'vamo que vamo', essa abstração que supõe um movimento que sempre evolui... como se andar pra trás não fosse possível).
- Muito amor pra pouco coração - já que é pra vulgarizar.
- Fica a raiva que ninguém explicou. A injustiça que ninguém reclamou. A solidariedade que ninguém anunciou. Fica isso. Que é uma rejeição fascista aos sentimentos mesquinhos e fisiológicos: a raiva, o ódio e o velho instinto de sobrevivência. E nem comento sobre as ações do ventre...
- Esse adeus delícia, essa falsidade agradável, esse tesão inesgotável que confunde 'eu trepo contigo' com 'eu sou livre'. Todo amor, toda subjetividade e todo rizoma: essa capacidade de participar de tudo e de não pertencer à nada ou ninguém.
29 de janeiro de 2013
Antes que.
27 de janeiro de 2013
O otimismo que cresce com planos e algum álcool.
Há muito a fazer e só o 'eu' faz, aprendi com el bigodon.
E tem uma tragédia para a comoção nacional e prevejo que culparão todos menos o poder público. E também que a solidariedade mostrará sua face perversa e vaidosa.
Então me apego. Eu mesmo, muito prazer.
Tento imaginar o que fazer no aniversário da minha irmã. Uma carta, um telefonema. O que pode ser dito? E dizer o quê? A carta, pelo menos, têm um lado de opinião que pode florescer. Reparem o óbvio: estou pensando em mim mesmo. O nome da vaidade é: fidelidade à si próprio e suas opiniões.
Esquece. Agora esquece.
Volte.
Os planos e o otimismo:
trata-se de boas ideias que merecem ser postas em práticas. Coisa minha que não depende só de mim e que seria estúpido fazer sozinho. Planos grandiosos que envolvam alguns. Que respondam à todos e que seja diferente. Porque 'diferente', nesse caso, é sair do cérebro - esse órgão fascinante que os pró-índios e pró-aquieagora tentam sabotar. (Como se do corpo não fosse o cérebro o pedaço mais legal de todos)
Então meu cigarro, minha cerveja e meu macarrão de domingo. Enquanto cozinho, ouço a cbn. Informações que nem sempre ajudam a pensar, mas distraem. A tragédia, o pré-carnaval, um ou outro blogue que resiste.
Os planos, os planos.
Há muito a fazer e só o 'eu' faz, aprendi com el bigodon.
E tem uma tragédia para a comoção nacional e prevejo que culparão todos menos o poder público. E também que a solidariedade mostrará sua face perversa e vaidosa.
Então me apego. Eu mesmo, muito prazer.
Tento imaginar o que fazer no aniversário da minha irmã. Uma carta, um telefonema. O que pode ser dito? E dizer o quê? A carta, pelo menos, têm um lado de opinião que pode florescer. Reparem o óbvio: estou pensando em mim mesmo. O nome da vaidade é: fidelidade à si próprio e suas opiniões.
Esquece. Agora esquece.
Volte.
Os planos e o otimismo:
trata-se de boas ideias que merecem ser postas em práticas. Coisa minha que não depende só de mim e que seria estúpido fazer sozinho. Planos grandiosos que envolvam alguns. Que respondam à todos e que seja diferente. Porque 'diferente', nesse caso, é sair do cérebro - esse órgão fascinante que os pró-índios e pró-aquieagora tentam sabotar. (Como se do corpo não fosse o cérebro o pedaço mais legal de todos)
Então meu cigarro, minha cerveja e meu macarrão de domingo. Enquanto cozinho, ouço a cbn. Informações que nem sempre ajudam a pensar, mas distraem. A tragédia, o pré-carnaval, um ou outro blogue que resiste.
Os planos, os planos.
22 de janeiro de 2013
As crianças choram também por prazer e é isso que sempre esquecemos. Estou falando da gente. Que é bicho e estranho e que, vez ou outra, lembra que um dia vai morrer. É o tesão que minha ex-namorada tinha por insegurança, é minha solidão que disfarça o medo, é a mulher casada que vê meu blogue secretamente. Porque nossa matemática é estranha e não respeita as regras. (Aí é onde a psicologia falha tantas vezes: prever causa e efeito - a mais encantadora e limitada das sabedorias.)
Por isso o encanto com as ações inexplicáveis: o homem-bomba-que-é-bom, os-americanos-armados-em-dias-de-fúria, o-japa-que-comprou-um-quadro-famoso-pra-ser-cremado-com-ele, a-atleta-torta-que-teimou-em-cruzar-a-linha-da-maratona. Etc.
A dúvida apertando os calos. E doendo nos calos. Porque os calos doem. E, repare, a dúvida não é virtude, é condição de ser pensante. (Por isso implico com os exaltadores da dúvida, que julgam mérito serem torturados por suas dúvidas. Como se isso fosse mais do que é: pensar apenas um pouquinho além de viver simplesmente)
É isso que me faz lembrar: desconfiar é quase o mínimo. Porque o Nelsão disse e porque só pode estar muito errado um pensamento que seja aceito por todos. É o risco. Como o povo ser a voz de Deus. O povo não é justo, mas faz justiça; Deus, se existe, tem que pensar além - como um que julga as ações por suas consequências e não por suas intenções. A deturpação que el bigodon me ensinou.
Fica assim: meu blogue, meu problema e meu prazer. Escrever aqui é uma maneira de falar sozinho. Falar sozinho é uma maneira de organizar a vida. Organizar a vida é uma maneira de viver sem ser apenas reação.
E por aí vai.
Por isso o encanto com as ações inexplicáveis: o homem-bomba-que-é-bom, os-americanos-armados-em-dias-de-fúria, o-japa-que-comprou-um-quadro-famoso-pra-ser-cremado-com-ele, a-atleta-torta-que-teimou-em-cruzar-a-linha-da-maratona. Etc.
A dúvida apertando os calos. E doendo nos calos. Porque os calos doem. E, repare, a dúvida não é virtude, é condição de ser pensante. (Por isso implico com os exaltadores da dúvida, que julgam mérito serem torturados por suas dúvidas. Como se isso fosse mais do que é: pensar apenas um pouquinho além de viver simplesmente)
É isso que me faz lembrar: desconfiar é quase o mínimo. Porque o Nelsão disse e porque só pode estar muito errado um pensamento que seja aceito por todos. É o risco. Como o povo ser a voz de Deus. O povo não é justo, mas faz justiça; Deus, se existe, tem que pensar além - como um que julga as ações por suas consequências e não por suas intenções. A deturpação que el bigodon me ensinou.
Fica assim: meu blogue, meu problema e meu prazer. Escrever aqui é uma maneira de falar sozinho. Falar sozinho é uma maneira de organizar a vida. Organizar a vida é uma maneira de viver sem ser apenas reação.
E por aí vai.
20 de janeiro de 2013
Tem um erro que esquecem: há muita coisa chata quando o assunto é arte.
Assim, de certa maneira e com certo sentido, é imbecil classificar arte por chato ou legal. Mas, vá lá, diante de tanta chatice, o que fazer?
Não defendo que a Ivete Sangalo seja uma grande artista porque levanta a galera, nem tão pouco acho o Warhol fodão por ser àquele estranho dado à devaneios e profundidades questionáveis.
É mais reto, mais pessoal, mais viadinho - na medida em que 'pessoalidade' é um argumento covarde e não uma opção sexual. Assim: muito artista satisfazendo artistas, muito povo e consciência social criando obras que respaldam os novos paradigmas sem serem grandes obras.
Então me fodo. Fodo-me sozinho. Porque nem isso nem aquilo. E, veja, algo há. Sou um tipinho artístico que vê várias coisas.
Teatro: gosto menos quando o que está em jogo é a capacidade intelectual de cada espectador. O mérito da sacada do iniciado. Prefiro o Z. Celso e suas massas de pelados , o Antunes e seu desejo de coros perfeitos, o Bortolotto falando com sua gang. Quero dizer: esse teatro que agrada aos fazedores de teatro é altamente suspeito. Uma coisa elitista que sorri e não gargalha. Prefiro os palhaços cabotinos dos circos pobretões.
Música: reflete o facebook e a moda alternativa compartilhada por todos. O amor na moda, as canções na moda, a simplicidade na moda. Prefiro o Iggy Pop, sempre excessivo, o C. Buarque quando não faz discos e a Ivete Sangalo quando não se leva à sério como cantora. Quero dizer: o bom mocismo e o amor não resultam em boas canções.
(...)
Ia falar de cinema e literatura, mas desisti. Uma hora eu volto. E explico melhor. Com sorte, explico melhor.
Assim: muita peça pra pouco teatro, muito teatro pra pouco público e muito público pra muita afetação.
(...)
Deixa pra lá.
(...)
Os dentinhos dos bebês coçam quando encontram a gengiva.
Assim, de certa maneira e com certo sentido, é imbecil classificar arte por chato ou legal. Mas, vá lá, diante de tanta chatice, o que fazer?
Não defendo que a Ivete Sangalo seja uma grande artista porque levanta a galera, nem tão pouco acho o Warhol fodão por ser àquele estranho dado à devaneios e profundidades questionáveis.
É mais reto, mais pessoal, mais viadinho - na medida em que 'pessoalidade' é um argumento covarde e não uma opção sexual. Assim: muito artista satisfazendo artistas, muito povo e consciência social criando obras que respaldam os novos paradigmas sem serem grandes obras.
Então me fodo. Fodo-me sozinho. Porque nem isso nem aquilo. E, veja, algo há. Sou um tipinho artístico que vê várias coisas.
Teatro: gosto menos quando o que está em jogo é a capacidade intelectual de cada espectador. O mérito da sacada do iniciado. Prefiro o Z. Celso e suas massas de pelados , o Antunes e seu desejo de coros perfeitos, o Bortolotto falando com sua gang. Quero dizer: esse teatro que agrada aos fazedores de teatro é altamente suspeito. Uma coisa elitista que sorri e não gargalha. Prefiro os palhaços cabotinos dos circos pobretões.
Música: reflete o facebook e a moda alternativa compartilhada por todos. O amor na moda, as canções na moda, a simplicidade na moda. Prefiro o Iggy Pop, sempre excessivo, o C. Buarque quando não faz discos e a Ivete Sangalo quando não se leva à sério como cantora. Quero dizer: o bom mocismo e o amor não resultam em boas canções.
(...)
Ia falar de cinema e literatura, mas desisti. Uma hora eu volto. E explico melhor. Com sorte, explico melhor.
Assim: muita peça pra pouco teatro, muito teatro pra pouco público e muito público pra muita afetação.
(...)
Deixa pra lá.
(...)
Os dentinhos dos bebês coçam quando encontram a gengiva.
18 de janeiro de 2013
Um dia depois do outro até que a morte nos separe.
A carne e a alma (seja lá o que isso for) em um último adeus. A ternura mais bonita, a ternura mais dolorida: o último movimento da consciência dando sinal de adeus - o tchau derradeiro.
E o mundo ainda estará por aí e girará em seu eixo com a mesma velocidade de sempre. Um ou outro amigo a lamentar. Quem sabe um filho ou filha como contribuição concreta. Com sorte, um livro, uma peça; um treco pra chamar de obra.
A carne e a alma (seja lá o que isso for) em um último adeus. A ternura mais bonita, a ternura mais dolorida: o último movimento da consciência dando sinal de adeus - o tchau derradeiro.
E o mundo ainda estará por aí e girará em seu eixo com a mesma velocidade de sempre. Um ou outro amigo a lamentar. Quem sabe um filho ou filha como contribuição concreta. Com sorte, um livro, uma peça; um treco pra chamar de obra.
17 de janeiro de 2013
soltar as pernas e perder alguns quilos. os planos e os medos dos planos. as crianças apáticas e uma triste sensação de que não se pode fazer muito. ao mesmo tempo ouvir as dicas: imposição da vontade, vislumbre de poder - tesão de bicho que caça e se alimenta do animal caçado. ouvir música alta e ter algum método. usar o tempo sem essa bobagem do aqui-agora. fumar menos, fuder mais e conhecer mais gente: porres inesquecíveis e grandes papos.
9 de janeiro de 2013
antes que vire rascunho
A tequila é cremosa depois do freezer.
Há ainda uma lata de boêmia na geladeira e estou na casa de papai e mamãe.
O cachorro late porque pode e, mais distante, outro latido surge como resposta.
É uma casa e não um apartamento. Pés medonhos sempre se arrastam pela rua. Bêbados, vampiros, ar gelado e Curitiba - cidade natal.
(Poderia culpar Curitiba por todos os meus males. Mas sou bom curitibano e discreto. Apenas sorrio. Mesmo quando surge medo, sorrio.)
É 2013 e deveria acreditar em promessas de ano novo. Mas quem, sendo decente e tendo alma, é otimista na época otimista? Eu não. Por incapacidade e, claro está, culpa de Curitiba.
Tem uma lógica que gosto: fuja das filas. O inferno não são os outros, é a maioria. A maioria sempre estará errada. Os publicitários sabem disso e, por isso, ganham dinheiro. Apostam no erro e enriquecem. Exploraram o gosto médio, amam o gosto médio, ficam rico exaltando o gosto médio.
Ah, esses cachorros que nem imaginam que são escutados...
Teve muita coisa, mas nada falei ou escrevi. Tenho lido pouco e, ainda pior, tento entender a economia da cultura.
(Em última estância, queremos apenas ser ricos. A vaidade, em meu caso, é tão grande que deliro em ser rico sendo artista. Um desperdício. Eu, um desperdício. Tanto estudo pra tão pouco dinheiro.)
Lembro, depois de um latido agudo e medonho, que não respondi ninguém do meu afeto. Meu afeto tem só uma matemática: gente que gosto à toa. Sem razão. Nem sangue, nem sexo, nem promessas. Gente que gosta de mim e que por mim são gostadas. Como se tudo fosse tão simples...
Penso em drogas. Assim: eu deveria usar mais drogas já que estou apático. Existem várias drogas. E drogas, em si, não são nocivas. É o velho papo da diferença entre remédio e veneno... Pena que não conheço nenhum médico inteligente, desses que sabem indicar as boas drogas...meu primo da farmácia não tem a ritalina e, vá lá, nem sou tão descolado assim. Quem sabe um psiquiatra da pesada? Quem sabe o plano cobra? Boletas pra sacudir, pilulas pra não se tornar chato, essas coisas...
É 2013 e há apenas um post aqui. O Facebook é culpado assim como Curitiba. Tenho humor e quase não gasto dinheiro quando há comida e álcool em casa. Um mistério. Mentira.
Eu sorrio, lembra? Sou discreto, sabe? E, por motivo que jamais saberei, todos os cachorros pararam de latir. Vai entender...
Há ainda uma lata de boêmia na geladeira e estou na casa de papai e mamãe.
O cachorro late porque pode e, mais distante, outro latido surge como resposta.
É uma casa e não um apartamento. Pés medonhos sempre se arrastam pela rua. Bêbados, vampiros, ar gelado e Curitiba - cidade natal.
(Poderia culpar Curitiba por todos os meus males. Mas sou bom curitibano e discreto. Apenas sorrio. Mesmo quando surge medo, sorrio.)
É 2013 e deveria acreditar em promessas de ano novo. Mas quem, sendo decente e tendo alma, é otimista na época otimista? Eu não. Por incapacidade e, claro está, culpa de Curitiba.
Tem uma lógica que gosto: fuja das filas. O inferno não são os outros, é a maioria. A maioria sempre estará errada. Os publicitários sabem disso e, por isso, ganham dinheiro. Apostam no erro e enriquecem. Exploraram o gosto médio, amam o gosto médio, ficam rico exaltando o gosto médio.
Ah, esses cachorros que nem imaginam que são escutados...
Teve muita coisa, mas nada falei ou escrevi. Tenho lido pouco e, ainda pior, tento entender a economia da cultura.
(Em última estância, queremos apenas ser ricos. A vaidade, em meu caso, é tão grande que deliro em ser rico sendo artista. Um desperdício. Eu, um desperdício. Tanto estudo pra tão pouco dinheiro.)
Lembro, depois de um latido agudo e medonho, que não respondi ninguém do meu afeto. Meu afeto tem só uma matemática: gente que gosto à toa. Sem razão. Nem sangue, nem sexo, nem promessas. Gente que gosta de mim e que por mim são gostadas. Como se tudo fosse tão simples...
Penso em drogas. Assim: eu deveria usar mais drogas já que estou apático. Existem várias drogas. E drogas, em si, não são nocivas. É o velho papo da diferença entre remédio e veneno... Pena que não conheço nenhum médico inteligente, desses que sabem indicar as boas drogas...meu primo da farmácia não tem a ritalina e, vá lá, nem sou tão descolado assim. Quem sabe um psiquiatra da pesada? Quem sabe o plano cobra? Boletas pra sacudir, pilulas pra não se tornar chato, essas coisas...
É 2013 e há apenas um post aqui. O Facebook é culpado assim como Curitiba. Tenho humor e quase não gasto dinheiro quando há comida e álcool em casa. Um mistério. Mentira.
Eu sorrio, lembra? Sou discreto, sabe? E, por motivo que jamais saberei, todos os cachorros pararam de latir. Vai entender...
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