3 de fevereiro de 2008

sobre o ciúme.

No meio do peito. Quase na boca do estômago.
O vapor quente se espalha lento pelo corpo todo e fica, enfim, concentrado no cérebro, onde se torna mais quente ou mais frio conforme o pensamento age.
E não há nenhum sentido real além dessa sensação física e louca que surge com descobertas idiotas quando ela diz: sim, sim, fomos amantes.
E brigo com esse vapor tentando convencer a mim mesmo do óbvio, pois afinal nunca gostei de virgens e também sei que isso nem importa, já que eu mesmo fui amante de mulheres que hoje nem lembro.
Mas na minha cabeça esse vapor se torna imagens terríveis de coisas que nem quero imaginar. Coisas óbvias, mas que me corroem os ossos quando penso: eles se desejaram, ainda que por poucas horas.
E é um vapor idiota e incontrolável. E eu me sinto ainda mais idiota por não controlá-lo, por perder meu próprio prumo em função de algo que eu mesmo sei ser uma bobagem.
E me enrolo dentro de mim e respiro fundo e penso. E sofro um pouco e relaxo um pouco e rio de mim mesmo com minha boca torta: por que essa mulher já existia antes de me conhecer?