12 de novembro de 2012

Ele é um tipo bicha-diretor de teatro. Magro, óculos de aros grossos e razoavelmente bonito.
Quando digo bicha-diretor de teatro nada tem a ver com ser gay, hétero, pan ou que diabos. Estou falando de estilo, de personalidade, de tipo. Etc.
Ele é talentoso, pelo que disseram. Faz peças que saem da média e que  - e isso é um mérito bem concreto - fazem mais de uma temporada.
Ele me incomoda. Os motivos são vários, mas não são reais. Quero dizer: me incomoda pelo que posta em seu face, em seu blog, ou então pelo que ouço falar dele. (sempre lembro, nessas horas, da anedota que diz que o Meyerhold disse sobre o O. Wilde: "eu gosto da obra dele; não gosto dos que gostam da obra dele".)
O fato é que ele está lá. Meu facebook, minha linha do tempo - puta nome 'linha do tempo', né?, eu acho.
E vejo suas perguntas retóricas, seus posts-sacadas e até suas inusitadas fotos de perfil. Irritar-se é uma forma de prazer ou apenas uma resposta ao tédio?
Também tenho perguntas retóricas e post-sacadas, ainda que me contenha nas fotos. Quero dizer: que diabos, é isso mesmo? Posar-bem-posado cola mesmo?
Ok, ok, estou sendo moralista. Essa coisa de desconfiar da verdade das coisas é sempre moral, eu aprendi. Mas porra... mas poxa... nenhum deboche sobre si mesmo? Nenhuma auto-ironia?
Posso usar um único e implacável argumento: falta humor. Que essa coisa de divulgar as profundidades da subjetividade profunda é cafona, muito cafona. Taí o C. Veloso - quase o dono da palavra 'cafona' - que não me deixa mentir. Cafona pacas. E nem comento sua coluna no Globo porque, vá lá, não é o caso.
Fico com a bicha-colega e reflito, subjetivo, né?, que o blogue é a terapia pós-moderna. Deus, se vivesse no céu, riria entre as nuvens. Deus, se existisse, só seria aceitável com humor, bastante humor.