10 de dezembro de 2007

Tudo elas!

Eu sempre tinha achado que nenhuma mulher iria me amar. E agora tinha essas 2 que repetiam que me amavam. As 2 eram doces e as 2 eram boas. Eram 2 mulheres generosas à sua maneira. 1 gostava de elogiar o que eu pensava, por mais estúpido que fosse. A outra cozinhava pra mim, acho que era mais esperta.
Numa dessas noites compridas a 1° me disse:
- Eu preciso tanto de você.
E, nesse dia, ela estragou tudo. Essa coisa de precisar me fodeu. Minha cabeça inclinou na mesma hora. Fiquei olhando os pés dela que me abraçava com ternura. Mas eu só pensava nessa coisa de precisar. Até os pés dela pareciam precisar: os dedos que se mexiam enquanto ela me abraçava. Era uma tortura. Ao mesmo tempo que eu percebia a idiotia de ter problemas com 1 palavra, uma simples e estúpida palavra dita sem significar muita coisa, eu notava os braços dela que me abraçavam e sugavam. Ela precisava de mim! Ela era uma vampira! Ela queria me matar!
Depois foi a 2:
- Eu não tenho paciência pros seus problemas.
Pô. Ela tinha razão. Ela tinha dito algo sem medo. Era um mérito. Ela tinha razão. E todos aqueles pratos exóticos. E todo o sexo beneficiado pelo corpo bem alimentado. E ela mesma que tinha uns encantos surpreendentes e tudo. Fora o fato que ela sempre dormia depois de mim, que era algo raro e à ser valorizado. Mas daí ela disse:
- E também não quero que fique pensando que sou sua cozinheira particular.
Pô. Ela tinha acabado de estragar tudo. Aquilo que era simples e generoso virou virtude. As comidas que ela me oferecia com tanto carinho tinham virado objeto de troca. Pô. Eu sou um cara que acredita nas mulheres. Na maioria delas, pelo menos. E, de repente, toda a coisa bela era uma estratégia pra me fazer virar quem eu nunca seria. E lembrei de várias outras mulheres nessa hora. Todas elas sempre querendo lhe transformar, lhe levando pra lugares diferentes, lhe apresentando novos 'amigos'. Um saco.
*
Aí ficou tudo claro. Elas eram todas iguais: a 1, a 2, a 3, a 4, 5, 6. Era tudo um planeta. Eram todas de um mesmo lugar e variavam muito pouco. Elas queriam sempre as mesmas coisas. Elas tinham sempre os mesmos discursos. Eram todas gêmeas. Todas! Todas vampiras querendo o que você não promete dar. Todas loucas. Todas ótimas, mas sempre criando o empecilho, o problema, sempre pondo dúvidas em coisas simples. Sempre esperando que você virasse o príncipe com o cavalo. Sempre elas! Todas elas! Todas com coisas e manias! Todas causando amor e raiva ao mesmo tempo! Todas lhe fazendo de escravo! Todas lhe confundindo e lhe deixando mais triste! Todas dementes e maravilhosas!
Todas! Todas! Todas!

coisas que voltam.

Ela não entendia meu medo da morte,
ela não entendia minha falta de Fé.
Ela não entendia porque eu não gostava de ir a praia
e porque não gostava de areia, natureza e mar.
Ela me acusava de não comer frutas e
dizia que eu fumava demais.
Ela reclamava porque eu trocava a janta por cervejas e amendoins.
Ela queria que eu acordasse cedo e fizesse exercícios.
Queria que eu me cuidasse e vivesse melhor.
Não gostava das minhas teorias pessimistas e bem humoradas,
não entendia por que eu dizia que felicidade não é objetivo de vida.
Ela dizia que a minha boca tinha um gosto de cigarro mais forte agora.

Ela não gostava dos meus seriados americanos
e não gostava das minhas roupas coloridas.
Ela dizia que seus filhos seriam obrigados a praticar um esporte 3 x por semana.
Ela sempre me dizia pra eu consertar a bicicleta.
Dizia também que eu tinha pernas bonitas,
que eu era um amante dedicado e
que minha péle parecia de bêbe.
Dizia que gostava de mim quando eu estava 'relaxado'.
(Eu nunca entendia)

E agora eu penso nas coincidências
e não sei se gosto delas.
Penso se todas as mulheres são as mesmas
em corpos diferentes.
Claro que há as particularidades,
mas não são elas que me assustam.

dou lhe uma

  1. seja bonitinha comigo
  2. seja generosa na cama
  3. me leve sempre no bico
  4. e nunca diga que me ama.