10 de junho de 2010

Tenho que beber menos e fumar menos. Tenho que exercitar mais meu corpo e sentir mais prazer em ficar suado. Tenho também que conseguir relaxar o esfíncter durante o orgasmo. Preciso de uma bela foda, de um emprego e de mais frutas na geladeira. Seria saudável também sair mais de casa e conhecer gente nova. Talvez devesse ir à terapia de grupo. Tenho que aparar melhor minhas unhas e preciso comprar um sabonete esfoliante para as espinhas da bunda. Tenho que reprimir minha mania de arrancar sebo do coro cabeludo enquanto assisto TV. Deveria acordar cedo e ficar sem fumar até depois do almoço. Talvez fazer ioga e conhecer mulheres calmas em roupas de algodão cru. Tomar chá verde, beber água de côco e andar no calçadão. Poderia perder meu nojo pela Baía de Guanabara. Parar de cutucar o nariz e jogar fora minhas cuecas com elástico esgarçado. Tenho que telefonar pra minha avó e mandar um e-mail pro meu primo. Conseguir contatos para a mini-temporada em São Paulo e, quem sabe, fazer um curso de massoterapia. Tenho que pôr ordem nas pastas, fazer arquivos e economizar na xerox. É uma vida estranha, eu acho. É uma vida bem estranha.

eu mesmo.


Não me foda com suas fodinhas!
Eu não sou o seu amigo saltitante que as vezes te come
e também não sou o garoto da banda -
que acha tudo muiiito intenso e vive "como se não houvesse amanhã".
Eu sou eu.

Chato pra caralho e recluso.
E, por isso,
eu não me meto na vida dos outros.
Então aviso:

ou venha sem dúvida
ou nem me apareça.
Que fetiche por "não sei"
é antiquado e sem sentido.
Lembre-se: meus preconceitos são meus amigos.
Então ratifico:

nunca apareça
ou seja uma deusa.
Se você não pode contemplar
meus delirios de grandeza
é porque você pouco me interessa.
Ser apenas mulher

é o que todas são -
e isso, você sabe -
não me basta.
Prefiro o erro sem fim

que o 'quem sabe , pode ser'.
Prefiro morrer sozinho
do que ter menos
do que,
acho,
posso ter.