31 de julho de 2011

Domingo de quase verão no Rio de Janeiro.(s.r)

No bar da esquina não leio o jornal, mas estou com uma revista Piauí à tira colo - revista que é o melhor e o pior ao mesmo tempo: afetada, deslumbrada e metida à besta, mas ainda assim uma revista que traz coisas ótimas como as cartas do Cortázar(de quem nunca li livros) e matérias de cunho social nada suspeitos.
Seja como for, estou lá e faço planos. (Fazer planos... fazer planos é o "come chocolates" do F. Pessoa.) E, entre os planos e as carta do Cortázar, vejo as pessoas que passam e penso que meu tesão anda triste - já que se trata de um tesão sem direção e voltado pra qualquer par de pernas que use saias com rasgos laterais lindos e deslumbrantes.
Lembro, agora, da gerente do banco: linda. Cara de passarinha com asa quebrada, jaqueta jeans à lá anos 80 e um vestido que tinha o tal o rasgo tesudo. O vestido era, como uma "pérola no fundo do copo", estampado com flores. E, cá com meu umbigo, acho que a passarinha-gerente me olhava com generosidade - à ponto de eu, mesmo tímido, ter pensado seriamente em lhe deixar um bilhete esperto com meu telefone(o que não fiz porque pensei no ridículo e antecipei o ridículo; e também porque, ora pois!, sou tímido mesmo). E, mesmo tímido, tive a capacidade de fazer mil perguntas pra gerente que me atendia (que era outra: de terninho e sem estampas florais) de quem descobri coisas idiotas, mas divertidas: a) de Belém, mas na Tijuca há 2 anos, b) adora Tacacá, c) gosta de teatro, mas nunca viu, d) diz que comentará com as amigas que conheceu um diretor de teatro(sic), e) parou de fumar por conta de uma úlcera, f) adora o RJ, mas sente falta das amigas e g) me considera seu vizinho porque ela trabalha no Itaú aqui ao lado e exige que eu passe lá quando tiver uma peça no RJ(isso porque a conta que eu abria era pra apresentar minha peça em outras cidades).
Mas volto ao assunto: o tesão sem direção. Tem um puta texto ótimo que fala sobre sexo e que tem a ver com isso e que me fez pensar o óbvio que ulula pleno como sempre: mundo de merda. Esse texto, esse belo texto que poderia ter mais letras e frases, me faz desistir - com alegria - de escrever sobre isso.
E, mesmo tentando resistir, lembro do facebook e seus eternos feeds otimistas e falsos, nos quais o grau de desespero pode ser medido pelo grau de otimismo. (Como se otmismo tivesse a ver com alegria, como se otimismo fosse um "a vida pode ser boa, galera!" em uma atualização).
Fica o domingão e a revista metida à besta que é a Piauí.
Cortázar, amigo, confesso que tenho preconceito contigo por conta dos que tem lêem e que te evocam a cada vírgula e/ou micro conto. Mas é preconceito, eu sei. Quando eu te ler provavelmente mudo de idéia- assim espero. Ou então serei eu a vítima do preconceito, quando todos dirão: "que abusrdo você não gostar de Cortázar."
Mas, se for o caso, eu me consolarei: - "o que são esses feeds que não micro-contos mal resolvidos de um otmista fofoqueiro e auto-displicente?"
E dormirei em paz - porque paz pode vir em "horas descuidadas" quando o nosso preconceito, ternamente cultivado, se revela verdadeiro.    

29 de julho de 2011

Talvez assim.

Sentindo a agonia de leve como quem tenta domesticar uma puta; como quem, em inocência forjada por telenovela, acha que é possível domesticar uma puta. Esquece-se da putisse da puta. Que tem a ver com sua sujeira, com excessos, com o curto prazo de validade, com os lugares sujos e as gentes degradantes que inevitavelmente aparecerão. Que não há luxo, nem cocaína pura, nem porres livres, nem erva boa, nem homens nem mulheres livres, nem nada, que liberdade é um ideia cheia de beleza e encanto, mas que é só isso, uma ideia - a não ser que você esteja preso e essa liberdade não seja uma punheta intelectual para filhos de hippies e de ex comunistas. 
Sabendo que eventualmente vem o gozo, que a cara borrada tem charme, que Deus cospe uma gente morna, que assim, mesmo sem sentido, a puta tá na pista e aprendeu a apanhar - o que não é vantagem e, na maioria das vezes, apenas deixa a casca da puta dura, a pele amarela, o gozo histérico, essas coisas. Que apanhar só regenera idiotas, assassinos, pilantras e evangélicos. 
Salvando as carnes com camisinha e lembrando, a cada nova investida do quadril, que foi a puta, sempre ela, quem nos pariu.

26 de julho de 2011

Júlia Não é da Família.

3 -


A coisa é estranha. Tem mais de 10 anos à menos e sou católico. Lembro da minha prima. Porra, será que minha prima é assim também? Mas prima é família e família é sagrado, o Papa falou e a gente sabe. Pecado antes dos 18 não conta. Eu 16 e ela 12. Quis ver meu pau e eu mostrei. Perguntei se ela queria encostar e ela topou. Esticou o dedo e tocou rapidamente. Não é pecado, né? Coisa de criança.

Mas a amiga. A amiga tem 21, veja só. Mais nova que minha prima – minha priminha que tocou meu pau com o dedo indicador. Mas ela não é família e, bem, o catolicismo é tolerante com os pecadinhos, a gente sabe. Deus abençoe os católicos.

Quando minha prima perguntou se ela podia ficar aqui eu perguntei: - mas ela é mesmo sua amiga? E ela disse: “sim, irmãzinha. Você vai gostar dela.” Confio na minha prima, confio na família. Sou um Corleone.

Eu tava meio com dedos com ela. Júlia o nome dela. Mas aí eu notei: to com dedos porque é novinha e amiga da minha prima. Família é sagrado, mas ela não é família. Pensava isso quando entrei no banheiro. Ela já tinha tomado banho. A casa é pequena e o banheiro é colado no quarto. Cagar é um problema. Os peidos sonoros atravessam a porta de plástico sanfonado. É constrangedor. Paciência. Fico sem cagar. Cago quando ela sair.

Mas quando tomava meu banho, eu vi: dermacity: sabonete íntimo para mulheres do séc. XXI. Vi e automaticamente fiquei livre. A Júlia não é família, afinal. É só amiga da minha prima. Da minha prima que, apenas por acaso e hormônios adolescentes, tocou no meu pau com o dedo indicador quando eu tinha 16 anos. E minha prima, até onde sei, não usa dermacity.

25 de julho de 2011

ea.

Nunca entendi as histórias que você conta e os amores que você perdeu. Sempre achei estranho isso tudo e sempre preferi o silêncio calmo e blasé.
É que tem esse ruído que você insiste. Algo estranho e chato. Como um que achando-se muito ocupado, não percebe que a vida não é, via de regra, tão interessante assim.
Estou sendo deliberadamente abstrato. Jorro minhas coisas e atualizo meu blogue. Mas o que quero dizer é idiota e mesquinho: sua arte de sumir, sua habilidade de ignorar não é charme ou tesão; é tédio e desejo de ficção... tão mais decente dizer NÃO, dizer NUNCA, dizer FODA-SE. O seu TALVEZ é a criatividade pela culatra...
Seja como for, fica a impressão que estou falando disso sendo que é daquilo que estou dizendo. A diferença não é muita, mas existe. É um corte fino e cruel que constrange todos nós: separa a idéia da ação.

23 de julho de 2011

Júlia Não é da Família.

2 -


Ela é mesmo serelepe. Quando viu minha casa deu risada. Falou “ih, só tem uma cama” e gargalhou. Finge que vai me dar. Sei não. Gratidão tem limites. E fingir que vai me dar é mais inteligente do que me dar. Mas, pensando bem, ela não é inteligente. Opa, sendo assim, eu como ela. “Vou te comer com muito amor, benzinho”.

Três dias. Até prova de resistência física tem. Vai correr 2 km em 20 min. Não faço idéia se isso é difícil ou não, mas solto um “Caramba”. Ela gosta e me pede um cigarrinho. Reclama do filtro branco, benzinho, reclama. Tem bebida sim, whiskey e rum. Rum pra temperar as carnes, eu minto. Ela me acha o máximo. Sei fazer carne de panela com rum e sou o máximo. Pena mesmo isso das provas serem de manhã. Quer dançar, vê só. Pergunta se toparia e eu desconverso.

22 de julho de 2011

Júlia Não é da Família:

1 -


Meu ódio é minha liberdade. Mas ela não entende isso e me acusa de piegas. Diz: “O lance é o amor, bonitão”. Meu cu, é o que eu penso e não falo. Amor sim é que é piegas. Até o cabeludo judeu falava isso em 00. Amor indiscriminado, Deus que me perdoe. Amar idiotas é pecado. Jesus, Judas e o Papa concordam.

Ela ainda me manda: “Quero ser feliz. Ser feliz é o que importa na vida”. Eu ouço e até sorrio, mas, por dentro meu ódio cresce e ganha um objeto. É você que eu odeio, benzinho. Mas ela nem desconfia. Tá serelepe porque acha que me deu uma letra. “Sacou a letra, né Bonitão?”.

Então eu falo pra ela sobre o amor. Ela acha lindo, diz “eu sabia que ai dentro morava um cristalzinho”. Falo bastante pra ver se ela cala a boca. Cristalzinho? O que vem depois? Na verdade eu to falando sobre o ódio, mas, por conveniência, troquei a palavra. Onde diria ódio, digo amor e ela se dá por satisfeita.

Amiga da minha prima. Gostosa e burra como a minha prima. Veio prestar concurso pra Marinha: assistente social. “Na Marinha tem vaga pra isso, é?” “Claro, TODO O MUNDO precisa de assistente social, ta ligado?” Claro que to, to super ligado. To tão ligado que penso que o mundo é mesmo uma bosta.

21 de julho de 2011

ngrm

Vivendo
apenas como quem
ganhando um tanto
adianta outros e imagina
belos dias quando,
unindo o útil ao agradável,
nem lembrará
daquela época em que
o mundo não era nada bom.

18 de julho de 2011

09082007.

(achei isso num desses arquivos que a gente tem e usei pra atualizar)
Os olhos cinzas dela não eram meus. Mas eu entendia a agonia e lembrava de mim mesmo e também das manhãs frias de Curitiba.
Levantava, sentia o frio na pele e limpava o rosto com as pontas dos dedos e um tíco de água fria. Escola, eu ía a escola. Tinha uniforme e, por conta do frio, eu usava ceroulas, toca e luvas. As manhãs de vento frio: mochila nas costas à caminho do ponto de ônibus. Eu estava vivo da maneira mais plena que se pode estar: não pensava em nada disso.
Era um desbravador, uma criança, um idiota que se sentia ousado por sair da vila. Mundo, vasto mundo, eu aprendia versinhos na aula de português e voltar de ônibus pra casa era um tipo de farra. Amigos andando no centro da cidade, pegando o ônibus pra vila no centro da cidade, sentando atrás, falando alto e as meninas que usavam calça jeans riam das nossas piadas. Tudo fantástico.
(...)

  

17 de julho de 2011

nem Touradas, nem Boxe.

Sopro a fumaça do cigarro. A mesma que me da tosse e catarros incrivéis. Fumaça azul quando a luz é generosa e os olhos mais generosos ainda. Quem, sendo fumante, nunca se surpreendeu ao perceber que a fumaça do cigarro é verdadeiramente linda? E ainda tem os desenhos loucos que ela faz.
Telefono pra mamãe que pensa em mim e se preocupa comigo. É assim que é: ela se preocupa e eu digo que tudo tá bem. Há equilíbrio. Mamãe, eu sofrer é parte de estar vivo e paciência. Não volto ao seu útero porque não dá e porque Deus(seja quem for) não quis assim. Equilíbrio, lembra? Nada é perfeito e sofro por aí, mas, pense bem, o que você, como mãe, poderia fazer, já que colocar-me novamente no seu útero é impossível? Te acalma mulher, seu filho sofre como sofrem todos os filhos. E isso é uma benção: porque para sofrer é preciso estar vivo.
(Minha mãe se torna mais calma quando namoro. Acho que é uma lógica de bicho. Assim: há algum útero perto - mesmo que não seja o meu.)
Dou meus passeios e fico horas na cult livravria do pop cinema. Olhos preços, vejo títulos, tento me deixar levar, mas termino com um Hemingway Contos Volume 3. Gosto do tiro certo e do dinheiro bem gasto - o que é comprovado com o primeiro conto, no qual a história (ela mesma) é reta e boa e nem exige que você compre a idéia. Le-e-gal, sussuro enquanto lamento a derrota da Argentina. 
No supermercado tinha carpaccio e rúcula. Invento que o mundo conspira a meu favor e vislumbro arrotos melhores dos que os já bons arrotos de sushi. Que, cá comigo, sei: o bom da comida japonesa é o arroto sabaroso que ela proporciona. 
Então arroto: pelo passado e pelo futuro. Que o presente, vamos lá, é algo apenas valorizado por hippies decadentes e por jovens desesperados. Quem, vivendo bem, super-valoriza esse instante chamado presente? 
Meu até logo e meu adeus. Na rádio UOL há música clássica na playlist e toda decência que a música clássica acarreta. Eu poderia falar mais, mas não é o caso.
Sofrer e gozar é muito parecido, eu aprendi.
Assim como a Elisa que, acima de nós, desempenha seu papel e conquista, sem saber, os homens mais idiotas da terra. A Elisa, no caso, é aquela que um dia redime a humanidade.
Como Maria, a virgem grávida e mãe de Deus. Ou seja: uma confusão dos diabos.  

16 de julho de 2011

barriga cheia.

Sou limitado e dado à ataques. Imagino as coisas antes de as coisas existirem. E, óbvio que ulula, as coisas imaginadas são melhores.
Ah, essa beleza toda que invento e não vem. Que é a beleza linda, tão linda, que vi e esperei enquanto fazia as coisas sem pensar muito, sem sofrer muito, sem achar que subornar era uma boa estratégia de marketing.
Eu fiz minhas coisas. Eu gostava das coisas que eu fazia. E imaginei: eles vão ver e quando virem, verão que minhas coisas são bacanas.
Mas eu perdi. Esqueci de uma coisa bem importante: eles não vêem espontâneamente. Eles vêem se alguém disser que, se a propaganda garantir que, se o amigo for simpático que.
Perdi, meu momô, perdi.
E ouço sambas como quem ouve dores de viúvas, como quem vê em preto e branco e agradece por não ser cego e como quem, imaginando o pior, fica feliz por nem ser tão ruim assim.
Eu, agora, sou o paraplégico que agradece não ser tetraplégico.
E nem estou falando de otimismo ou de força positiva.
É porque voltei a ouvir Chico Buarque e lembrei que antes, ouvindo o Chico, o mundo era uma potência que me esperava. E eu era burro. E era feliz. Assim: na mesma proporção.
(E, claro está, o Chico não tem nada a ver com isso. A culpa, eu prefiro assim, é só minha). 

14 de julho de 2011

Meu óculos novo

Tem os sorrisos bonitos e também o medo profundo. Não há sentido. E gente se bate por aí. E isso. E pronto.
E eu não disse que isso é bom. É que estou falando de tolerância, de separar o joio do trigo (algo bem cristão, por sinal) e também de mundo real X mundo ideal.
Há qualquer mínimo de ilusão que deve ser preservado. Quem, em sã consciência, destruiria todas as ilusões? Um idiota da objetividade!, e Nelsão é pai.
E esclareço: não gosto de quem quer ser feliz, de quem supõe felicidade um ponto de chegada, de quem cogita plenitude ou outras transcendências.
É mais simples:
Ter a vida, a coisa toda, o dia à dia, a agonia do tempo, etc, e ter, meio que sabendo-se do auto-engano, a ilusão.
Ilusão como escolha e não como equívoco.
Como explicar?
Tem aquele que vive em engano, achando que tudo é ótimo e/ou vai melhorar (um evangélico, por exemplo, pois neles, nos que conheço pelo menos, há sempre uma ambição perversa de sucesso) e tem o idiota que faz o que tem que fazer e, em sábados alegres, toma uma cachacinha e planeja coisas fantásticas (essa gente que sonha de maneira geral e que imagina uma velhice tranquila, por exemplo).
Não fui tão claro como gostaria, mas paciência...
Quero dizer o que já disseram bem mais precisamente:
veneno anti-monotonia / mágica no absurdo / acorde perfeito maior / amo tanto e de tanto amar acho que ela é bonita / é primavera te amo / mamãe mamãe não chore / só não vá se perder por aí / a tristeza é uma forma de egoísmo / por onde for quero ser seu par / quanto mais porpurina melhor / meu rockzinho antigo que não tem perigo de assustar ninguém.
E por aí vai.

10 de julho de 2011

Minha-mumunha: Bandini, quiçá.

Tusso e escarro. E uso isso para atualizar o blogue. E é impressionante a quantidade de muco que carregamos sem saber.
Leio também contos de novos autores. Homens, mulheres, etc: essa coisa que se acostumou chamar "novos autores" ou "nova literatura" ou "de lá pra cá".
Ao ler o que leio sinto-me apto para publicar e também, mesmo que timidamente, imagino-me um proeminente "novo autor". E, espero, a ironia está clara.
De qualquer maneira, ressalto minha falta de talento para coisas bem mais relevantes como ''festas", "espírito coletivo" e "crença na produção artística do meu tempo". E nem sou radical: admiro-me, deveras, com os clipes do Michael Jackson que assisto no youtube. Para deixar claro que acesso à Internet e que acho sim, como o Mano-Caetano-Chatão, o M.J a síntese máxima do Pop.
A verdade é que devo estar falando isso por conta da Flip e das inevitáveis matérias que pipocam nos Jornais. Hoje mesmo, por exemplo, descobri que a grande atração da Flip esse ano é realmente um grande autor. Não porque eu li seus livros, não porque tenham falado de seus livros com tanta empolgação que eu deseje ardentemente ler o que ele escreveu, mas porque, em sua mesa, ele levou a audiência aos prantos. Grande atração é isso. Há coerência. E, repito, nunca li seus livros, mas, quando comprá-los, espero ser levado ao prantos. A pobre da grande atração nem deve ter culpa do que falam sobre ele, mas, se for verdade as aspas da repórter - na qual fui informado que seu nome era em minúsculas porque "ninguém fala gritando" - devo confessar que, muito dificilmente o lerei com "os olhos livres", provavelmente o contrário: lerei-o com os preconceitos que me atacam quando alguém faz questão de que seu nome seja escrito em minúsculas... 
Estou, muito provavelmente, sendo injusto. A grande atração com nome escrito em minúsculas deve ser ótimo e tudo, mas é que.
Como explicar?
Tem uma frase do André Dahmer que faz muito sentido: "Sobra anúncio, falta talento". E, veja bem, mesmo que a grande atração tenha talento não foi o seu talento que virou notícia, mas sim a outra coisa, no caso "o anúncio".  
E tudo isso por conta da Flip e do espaço que ela tem num jornal de Domingo. Mas a lógica é a mesma: em teatro, em cinema, em música. E taí o Lobão-Também-Chatão que não me deixa mentir: "Sobra anúncio, falta talento."
Meu beijinho, meu até logo. O muco escorre e amanhã é segunda-feira. Amor, já faz tempo, virou uma moda na Net - e quem ninguém se deixe levar pelos casais-cantores que tanto abundam a Internet.
 

9 de julho de 2011

3 d.c.

O café desce com sabor e calma. Há paz em certas coisas. (E se não digo "felicidade em coisas simples" é por ser preconceituoso e julgar bem mal que usa essa frase).
Ela, em uma delicadeza que havia esquecido, trouxe broas. "Broinhas", ela disse; e resaltou que ainda estavam "quentinhas".
Por mistérios e também por distâncias que ocorrem reparei quase feliz: ela me conhece e eu a conheço. Somos íntimos de maneira geral e nos conhecemos de maneira específica. Ou o contrátrio. Provavelmente o contrário.
O encontro dura minutos, mas passa-se horas. E eu, como ela(suponho), me sinto bem e até, por que não dizer?, radiante.
Ser visto com generosidade por olhos alheios tem um efeito profundo em certas circunstâncias. Foi o caso. E também a certeza que existem afetos longos e gratuítos.
Despedimos-nos e "até breve" é o que penso. Imagino um encontro semanal ou à cada dez dias. Seria uma garantia de sânidade. Não é pouco.

8 de julho de 2011

Cada um com sua capelinha.

Tá tudo certo.
Uns fodem, outros bebem.
Questão de estilo e (pra ser claro e falar de mim) habilidade.
Quero dizer: a gente foge. A gente sempre foge. Fugir é uma maneira de melhorar... de tentar melhorar...(ó a merda...) Se dá certo ou não é outra história.
Quem, em sã consciência, enfrenta todos os seus problemas?
Fugir é questão de sanidade. De tentativa, de outras saídas, de formúlas novas pra problemas antigos, de dados num pano verde de um cassino Uruguaio.
Não quero ser condescendente nem generoso. Quero berrar e dizer: merda à todos que nunca cogitam a fuga.
Fuga. Coisa plena. Coisa objetiva. Foge-se porque a polícia está atrás e/ou porque o mundo é mau. Ou então porque o sofrimento é enorme e a culpa é de todos menos sua. A gente se consola na fuga. E é humano buscar consolo. E, pra minha desgraça, humano era o Hitler justificando a matança de judeus...
Fuga. Esse é o assunto: fuga. Quantos a praticaram mesmo? A fuga é uma idéia e não uma prática. E isso é uma pena, uma puta pena. E estou delirando, e estou só, e estou, contra mim mesmo, sentido pena, uma enorme pena. Que sofro e falo sozinho porque tenho preconceito de quem, muito pimpão, compartilha sofrimentos e agonias.
(como sempre repito: o blogue, esse mesmo que agora lê, é meu limite)
Fuga. E todos sinônimos: tempo em casos de amor, distância pra enxergar melhor(?), comportamento auto-destrutivo, porres diante da T.V, etc.
Queria ser claro, mas não estou sendo. Culpa do álcool, da dor, do julgamento que faço com orgulho e empafia. Culpa da injustiça generalizada. Ela, ela mesmo, que nem sabe que trabalho é mais importante do que contatos ou networks.
Sinto-me chato e é inevitável. Quem me entende? Meus melhores amigos me acusam, com razão, de levar à sério o catolicismo... essa religião tão tolerante e generosa com o Cordeiro de Deus... meus amigos não entendem e dizem, sem pensar, que estou preso e que devo ter novos horizontes.
Eles estão certos. Eles sempre estão certos. Preciso de novos horizontes. Mas, cá com meu umbigo, eu deliro: preciso mesmo é de um horizonte único.

7 de julho de 2011

tem sempre fim, clarice.

As carninhas que eu tanto adorava estavam tão distantes. Pareciam anos, séculos, milênios. Faltava meu travesseirinho: as peitucas mezzo fartas mezzo caídas.
Culpa minha, eu pensava. Culpa minha e dessa minha incapacidade de discar os números no telefone e usar a voz. Que ela bem queria que eu ligasse e eu também queria ligar, mas não ligava. Telefones de merda, mundo de merda.
Nem teve tchauzinho. Por ironia a despedida ocorreu ao vivo, mas com ela ao telefone.
As carninhas nunca mais voltaram e eu, todo culpado, fiquei com esse monte de areia na mão. 

6 de julho de 2011

A cigarra canta lá fora e isso deve significar alguma coisa.

Olho pra frente e vejo belas bundinhas que passam. Estou no cinema e chego antes por puro fetiche. As gurias do cinema, as gurias que vão sozinhas ao cinema são, por ora, meu fetiche. Gosto do cinema antes, com luz acesa, silêncio e um desconforto generalizado. Desconforto que creio vir do fato que gente vai ao cinema para sumir diante da tela que brilha: a paz de não ser visto, a plateia como uma reunião de individualidades(coisa bem diferente do teatro, por exemplo. Porque, via de regra, no teatro chega-se antes e entra-se junto. Não há trailers no teatro)
Ao meu lado, já protegida pela escuridão, senta uma moça. Tem pipocas, refrigerantes e chicletes. Penso em absurdos, mas apenas penso. Cinema, eu me lembro. Estamos aqui pelo saudável isolamento. Ao lado esquerdo tem um velho que também está só e penso que a fila P é uma bela síntese de um tipo de gente, o tipo de gente que vai ao cinema sozinho em uma terça feira à noite.
O filme é bom e o Woody Allen é do caralho. O assunto é algo que posso chamar de meu assunto: nostalgia. Recebo o filme como quem tem tesão em apanhar e sabe que um tapinha não dói.
Deixo a luz acender e os créditos subirem e vejo os que tem pressa em sair que, como era de se prever, na grande maioria está em grupo. Grupos têm pressa, não indivíduos. A comedora de pipocas, vejo agora, é uma bela guria que me sorri semi-cúmplice e semi-constrangida. Penso novamente absurdos, mas deixo pra lá. O velho da esquerda demora mais do que eu e saio antes não sem reparar que trata-se de um ótimo velho - até cogitei ser o E.Coutinho. Acho que não era, mas poderia ser.
Na fila do banheiro há a comedora de pipoca que, exposta à luz fria, não me olha - o que entendo e respeito. Vou ao mercado do outro lado da rua e penso que adoro as cidades e seus bairros com super-mercados até às 22:00. Nas gôndolas descubro que nem a matemática tem sentido: o livro que paguei $45 foi caro, o whiskey à $49,80 foi uma pechincha. Mundo estúpido.
Bar da esquina e F que resolve parar. F, como eu, faz teatro. Tem a cara abatida de quem faz teatro. Sinto pena dela e sinto pena de mim, mas resolvo que pena, por ora, não é algo (pena é um sentimento?) a ser alimentado.
Casa, casinha, o primeiro LP do Lobão tocando e a Rádio UOL depois disso. Os Americanos são fodas, eu penso. Os Americanos gravam músicas do Brecht e, também por fazerem filmes sobre Paris, são fodas. Lembro do post-it-pálpebra-lenta que recebi e entendo que hoje não sai nada pra responder.
Casa, casinha, super-mercado. Há ovos, hambúrgueres, tomate e pão para a janta. Ao escrever ovos, hambúrgueres tomate e pão lembro da América e o L. Armstrong, em misteriosa sintonia, solta um agudo de seu impressionante trompete.
Casa, whisky-pássarofamoso e caminha. E também a América, a maldita-bendita América. Além dos projetos, os eternos projetos - meus e dos outros.

5 de julho de 2011

Não sei há muito à falar.
Tem minha pança que cresce e o frio no Rio de Janeiro.
Tem também meus cabelos que ficam ralos e que vão contra a informação da CBN de que a calvíce aparece aos 20 anos de idade.

2 de julho de 2011

)(

É um monte de coisa.
E também aquele inferno - quentinho - que tanto nos da prazer.
É sobre solidão também.
E sobre Internet e redes sociais.
E hoje vi um feed que exaltava a felicidade das coisas simples...
e o feed era fake como fake é quase todo feed cheio de alegria.
Quem, estando feliz, tem tempo para atualizações variadas?
Seja como for, eu mantenho meu blogue.
É meu limite de descrição e interatividade.
Ainda taro as adolescentes de sexta feiras e penso
sempre nos pais que as criaram com tanta dedicação.
Concluo que sou moralista,
mesmo que à favor do casamento gay, da liberdade sexual e da discriminação da maconha.

1 de julho de 2011

Nem te conto, Clarice.

Aqueles peitinhos pequenos. Mamilos de moeda de 5 centavos: cor cobre. Eu afastava a boca pra olhar bem e lembrava do Dalton Trevisan. Sugava, sugava.

Tinha também os dedinhos. Um, veja só, um dia explorou minha próstata. "Tesão de cu latejante", ela me explicou. As sardas que se misturavam com o crucifixo de ouro herdado da avó.

A outra, meio bonita meio desengonçada, tinha mania de segurar com as mãos os peitos fartos e levemente caídos. Não entendia de natureza, não sabia de Darwin, mas chupava meu pau com uma habilidade de circo. Uma proeza. Mas faltava algo. Acho que era o fervor católico.

"Mulher sem culpa não dá pé", foi meu padrinho que disse. O canalhão tinha voltado pra titia depois de morar por 6 meses em Bonsucesso com a amante. Ele me explicou tudo. A culpa, eu aprendi, é o que faz um orgasmo feminino ser tão bonito.

O corpinho era pequeno, mas eu me fartava. A mesma do mamilo de cobre. Tocava punhetinha pra mim e mostrava o resultado. Sentia orgulho da mão manchada de branca. Um dia falei "porra" e ela desiludiu. Disse que eu era vulgar e nunca mais apareceu.