20 de fevereiro de 2010

É apenas disso que se trata.

Passo os amigos em revista. Últimos dias assim: 1° Z e A, 2° J e 3° F.
É bom e saudável. É a hora que olho pra mim mesmo no espelho e digo com orgulho: você também participa do mundo.
A unidade está na pergunta: voltou quando?
E a resposta se sempre é: terça passada, a outra.
E todos, em dias diferentes, mas em uníssono: mas por que voltou antes do carnaval?
E a única resposta se manifesta: porque não aguentava mais Curitiba.
E todos riram e eu ri também nas 3 diferentes vezes. É isso que faz eu os chamar de amigos.
Porque não tenho muitos amigos, porque me parece mais decente não ter muitos amigos e porque não confio em quem acha que todos os seus contatos de orkut/facebook são seus amigos.
Me entendo com poucos, mas me entendo com os que importam. E, pra mim, é só isso que conta.
Conhecer gente nova é legal, mas, na média, só confirma um velho caga regra meu que eu roubei do último discurso inspirado do Caetano: o juri é simpático, mas é incompetente.
E penso no porque desses serem os amigos. E acho que o que eu acho é um absurdo, mas mesmo assim é a única resposta que tenho: porque eu e meus amigos temos os mesmo valores.
(ok, ok, eu sei que valores é uma palavra antiga e estúpida. ok, ok, eu sei que valores é coisa do Maluf quando condena o sexo anal entre marido e mulher pra ganhar uma eleição. ok, ok, eu sei que o Papa mais sinistro que conheci, o que tá lá agora, usa essa mesma palavra pra condenar a camisinha ou mesmo o sexo apenas pelo sexo que - por mais chatinho que seja - tem seu direito de existir e de ser praticado sem culpa.)
Mas não importa. Eu e meus amigos temos os mesmo valores. E isso não quer dizer que a gente concorde sempre e nem quer dizer que nunca briguemos. Quer dizer que a gente reconhece a grandeza nas mesmas coisas, ainda que com opiniões diferentes. Somos amigos porque as coisas que consideramos grandes são as mesmas. Apenas por isso.
E, claro está, que isso não é apenas.
O que cada um pensa sobre essas coisas é outra história, outra parada. Não é o ponto de convergência e nem precisa ser. Bastar ter o ponto comum e beber e conversar.
É o que eu entendo por um bom papo: falamos da mesmo coisa, ainda que com opiniões diferentes.
E pronto. E basta.
E bastar, e se bastar entre amigos, não é uma coisa que tá no Carnaval ou na paixão pela mesma música do mesmo compositor pop. É uma coisa que se conquista e que precisa de certo tempo para ser plena.
E plenitude é um dos pontos comuns.
E não é pouco, é muito. É apreciar os grandes desejos que se tem. Como quem sente prazer em flertar com o perigo sem nunca se esquecer que é com o perigo que se está flertando.
Por hora me sinto abastecido e pronto pra mais 2 semanas de solidão de doce solidão.
O que não impede os outros encontros ou a lembrança de um outro F, com quem também desejo conversar.