19 de dezembro de 2013

O astronauta da saudades tem 32 anos e se chama Fernando; e sua boca está entreaberta e não vermelha. 
Talvez seja a época e toda essa loucura amiga. Chego a pensar em dizer: 2013 foi um bom ano. Loucura, não? (Não o fato de ter ou não ter sido um bom ano, mas o fato de pensar em dizer "2013 foi um bom ano")
Então durmo de um jeito lento e assim acordo e tenho mil pequenas tarefas que faço mais lentas ainda.
Penso nessa garota bonita pra quem telefonei ontem. Uma garota bonita que pode te morder e te deixar maluco e monotemático. Tantos anos sem telefonar para garotas bonitas; e sei lá que diabos. Mas sempre lembro do Poderoso Chefão: mulheres são mais perigosas que espingardas.

17 de dezembro de 2013

Participar de uma coisa ou outra, estabelecer que há mundo fora de mim e ser tolerante com a realidade e as pessoas e as coisas. Fazer coisas, agir no mundo, forjar utilidade e lembrar que seu deboche e descrença é apenas um jeito torto de tentar fazer com que a vida seja leve.
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Não é tristeza, é revolta. 
Sou ignorado. E penso: que diabos! Diz sim, diz não; ou diz até talvez. Até talvez era melhor. Essa ausência de re-ação à uma ação proposta estraga vidas. Pense. É errado. O não, o sim e até o maldito talvez criam menos estragos que o silêncio que se faz de surdo.
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Decidi fazer arroz e ao abrir o pote saíram duas mini-mariposas. Meu instinto de jogar fora o conteúdo foi interrompido pelo telefone. Voltei ao pote e olhei o arroz intacto, lindo e parabolizado. Pensei: come-se cada coisa que não vemos sendo cozinhadas. Fiz o arroz. O arroz tá pronto. Não há gosto algum além do esperado gosto de arroz.
Estarei louco?
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Dia duro dos animais. 
Dormi no máx. 3 horas. Meu estômago ficou ruim às 10 da manhã e depois passou. Tomei açaí, água de côco, comi uma merda cheia de gordura por burrice, tomei um guarana natural muito doce, bebi café e água, comi 2 biscoitos água e sal, 2 maçãs, mais 3 biscoitos com requeijão, provei arroz, bebi cerveja, mate e, agora, whiskey. To me sentindo bem pra caralho.
Estarei louco?
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Entro em bate papo e cismo. A mínima centelha de delírio. Meu Deus, queria tanto isso. Meu Deus, tão raro fazer isso. Meu Deus, eu deliro com prazer. O 'até logo'. O 'já vou'.
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Entendesse o que falasse
ou tivesse a certeza
que falasse pra mim.
assim,
amorzin,
cê nunca me escapava.

15 de dezembro de 2013

Tão bonitinha e branquinha. Tipo princesa. Dessas que se pensa: poderia mordê-lá por alguns anos e ter um puta love story.
(E delírios de um mundo pós fb me fazem pensar: ela entenderia que um putalovestory não é pouco e que morder é uma intimidade imensa?)
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A ex amante lésbica da ex está magra. Peitos em minha direção - mulher alta é sempre gostoso abraçar. Tento falar e beber junto. Mas há sempre um remoer o passado, como se houvesse um passado em comum. Não há. Mistério.
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Esse tesão de ressaca. Como explicar? O pau meia bomba e um dia inteiro de preguiça. Deliro com mulheres calmas, carinhosas e gentis. Fantasio uma boa amiga para fazer sexo cheio de ternura. Imagino uma vida simples e corpos que se divertem sem as dificuldades, altos e baixos das relações. Lembro de como é prazeroso ver uma mulher passar creme no próprio corpo.
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A fauna de gente e a loucura alheia espreitada durante uma festa. 
01. Uma fala sobre o quanto o mundo é pior para a mulher. Sobre como homens tem sorte porque para homens é tudo mais simples. Fala das roupas, das dores de útero, da maquiagem e depilações. Invento uma anedota: digo que todo homem tem uma dor diária no saco. Que todos sabem disso. Ela diz que é mentira. Eu insisto, explico: uma vez por dia, 5 segundos no máx, mas todos os dias, o saco é frágil, sabia? Ela titubeia, dá risada, alguns amigos confirmam essa dor. Ela se intriga, pergunta pra um amigo dela que, sem saber, estraga o prazer da mentira.

02. Outra mais louca, culpando a droga que tinha tomado, diz sobre a revolução masculina. Tento entender do que se trata, mas não consigo. Tem a ver com usar saias, maquiagem, ser feminino. Falo que saia já rolou, canto Pepeu Gomes. Ela diz que não é isso. Que a revolução masculina é a revolução que falta, pois já teve a feminina. Não entendo porra nenhuma. Lembro, quase lógico, que ela me julga um porco machista. Começo a entender algo e penso o óbvio: esse papo é xarope pra dedéu.

03. O dono atende pelo sobrenome, pois é assim no mundo militar. PM, concluo. Diz que ali tá tudo certo, que a festa é boa e que ninguém incomoda ninguém. Os carros da polícia param, ficam no canto, (dois carros ali) alguma maconha no ar e pílulas que já foram ingeridas. Fico achando o mundo uma grande loucura mesmo que não tenha ingerido pilulas. Deliro. Penso na milícia, na complexidade da sociedade, nas coisas e tramoias que ocorrem em paralelo e simultâneas. Aquele vislumbre da frase de uma professora que era ótima professora.  

10 de dezembro de 2013

sr qs

Resistir aos outros e lembrar do bigodão fatal: há algo de errado quando o egoismo desiste de si. Sou suscetível e senti-me fraco: não havia o que falar. Poderia ter refutado lamúrias, mas isso faria com que a lamúria se tornasse minha. Não era minha, eu sabia. Mas a fraqueza mostrou sua garra cruel e tornei-me triste e conformado como costumam ser os fracos. Uma pena. Minha plenitude dos 30 ainda se perde com facilidade.
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Durante a coisa morna pensei em dois dias atrás. A linda branquinha, a gente desconhecida. Nada perfeito, mas bem mais simples: conversar com quem não se sabe e nada se espera. Tudo lento, tudo vulgar, tudo comum. Do tipo que pergunta a idade de tão pouco que se conhece.
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Queria dizer algo belo. Queria me apaixonar pela branquinha e ouvir (e nada responder) que a vida é boa e simples. Queria o que não tenho: essa doença dos homens que pensam e se confundem com tanta facilidade.
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A tristeza, a dor e o suor do trabalho não são virtudes. São coisas comuns, vulgares, que ocorrem e são parte da vida. Mas tem isso de valorizar a dor e o sofrimento. Como se o tamanho do sofrimento fosse capaz de criar sentido para o sofrimento. Não tem sentido no sofrimento assim como não tem sentido na alegria. Mas o sofrimento deseja explicação, ao passo que a alegria nem lembra que deveria se explicar.
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Relendo os últimos posts concluo o óbvio: chato como um diário sem seleção.
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Minha resistência, minha branquinha, minha teimosia.
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Balde de água morna: reagir é a especialidade de criticar todas as ações. Não há ação, há críticas à ação à qual reagiu. É errado. Irrita, enfraquece. E, pior, é estúpido. Não nota que nada fez além de reagir e criticar. Cuidado com os críticos das ações. Eles querem que você reaja à reação que eles tiveram diante de sua ação. Eles querem que sua ação seja reação. Eles querem ter razão para suas desgraças. Eles não deveriam te influenciar.
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1 de dezembro de 2013

qs

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Nunca mais. Lembre de um tempo que sempre passa. E já estamos velhos (e espertos demais) para achar que antes era melhor. Não era. Ou era. Mas agora sabemos que não importa. Não muito. Ou não tanto como gostaríamos.
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Em nova fase. Poderia dizer egotrip, diáriosemculpa, díáriopúblico; coisas assim. Mas é mais do mesmo: eu apenas eu meu umbigo sujo e um exercício que faz bem a mim que alimenta a mim que é meu estúpido livre e que tem endereço de blogue. Dizer nova fase é idiota. Sou idiota
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Tão linda e tão perdida. Não tem 25 anos. E gasta a si. E erra no lugar errado, com os homens errados, com as amigas erradas. Claro que eu poderia salvá-lá. Tenho essa vocação. Tenho essa vaidade. Mas isso seria mentira porque nada é tão simples assim e salvadores não existem. Salvadores não existem. Nem no passado nem no futuro. Minha salvação a deixaria mais segura e mais triste. Seriam contribuições para o instinto que ela já tem: perceber que não é como a maioria. Mas não seria uma salvação. Até o contrário: eu anteciparia sua perda de esperança. Portanto vejo-a e penso só: não tenho nada que valha a pena pra dois.
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O risco cresce. Estou falando de mim como sempre. A solidão deixa a visão perigosa. Torna-se fácil rejeitar as pessoas quando a solidão é uma realidade e não uma questão existencial. O impulso de convívio com o mundo é saciado cada vez mais veloz. E pensa-se muito em si diante dos outros.
Pensa-se mais em si diante dos outros que quando o si é só si mesmo e não tem companhia.
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Estou aqui. Fico aqui. Espera-se o tempo. E pensa-se em coisas para o tempo. Mata-se o tempo, ignora-se ao tempo. Brinca-se com o tempo. O tempo. Real tão real. A musiquinha singela do grancirco que deveria ser gravada. Porque tempo é denominador comum. E é estrutura. E dá pra ser manipulado pela Arte. Arte esse grande tesão.
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