19 de setembro de 2009

caminho de volta.

De todas as coisas, eu escolheria a elegância.
É por aí que me esforço e é por aí que vejo sentido. Talvez seja apenas sintoma da minha curitibanice. Mas não nasci baiano, com a boa graça de deus.
Que seja.
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Então espero uma pizza enquanto tomo a saideira no balcão. O balcão é o local do bar. Os bares, se fossem mais espertos, valorizariam isso. Um bom balcão, de gente e mármore, é o que define.
Mas nem importa.
E eu tava lá, bebericava meu copo, soltava a minha fumaça e julgava o mundo. Ah, julgar o mundo é um puta prazer, principalmente quando fazemos isso com indiferença e elegância.
Não se trata de nada de nada. É apenas ver, ver passar, notar uma mesa ou outra, um timbre de voz neurótica que se sobressai, essas coisas. Como sexo sem alma, leitura sem tesão, praia sem satisfação, essas coisas.
Simples, simples como só a solidão e o ego inflado podem ser. Vê- se, pensa ou não, fala com o atendente, mostra onde estão os canudinhos pra uma dona de coca muito desesperada.
Passa bem, passa lento, passa. Sem nada demais.
A elegância da coisa é não se alterar com coisas que não importam. (Digo isso porque acho a 'alteração' uma coisa decente, mas 'alteração' com coisa que não importa é burrice).
E volto lento pra casa carregando minha pizza. Comprimento dois que passam e sinto que também interajo com o mundo.
O mundo é isso, bom jesus. O mundo, ele mesmo, o mundo.
E estouro uma lata antes de comer e vejo que há uma tortinha de limão comprada e esquecida e acho que sou elegante e calmo.
Sinto-me bem, ora pois. Como se isso não estivesse claro.