28 de dezembro de 2009

No mar até ficar enrugado.

Mexendo
no pau
pela lateral
do calção
e pensando
se a água salgada
é benéfica pra ele.

26 de dezembro de 2009

Tias, tios, primas, pai, mãe, sobrinhas. O inferno mais quente que posso ter.

Não há nenhuma chance de silêncio. Estou entre os meus e eles falam e falam. Como que pra sempre.
Muitas vezes vejo, participo e falo mais do que eles. Outras não, fico de longe e me finjo de ocupado no computador.
Daqui a pouco todos acordamos e seguimos viagem. Euforia matutina, café coletivo e nenhuma chance de cagar. O mundo é duro quando não se caga.
Depois barco e mar e areia. Uma pequena caminhada no deserto e, com sorte, chegamos ao Paraíso. Vida besta e livro novo.
Nessa virada de ano meu banquete está garantido e será consumido apenas após à meia noite. É o jeito certo na minha cabeça. A promessa de fartura em uma única refeição.
O regalo e o excesso.
Acreditar na coisa é, acho, materializar a coisa.

23 de dezembro de 2009

em sampa.

Amanhã é natal e haverá a parentada. Hoje em dia são umas 40 pessoas, acho. Já foi mais, mas sabe como é: brigas entre primos, alas que viram evangélicos, richas por grana e etc. É gente demais. Antes acho que éramos uns 60.
A grande vantagem é que a maioria bebe. E álcool é azeite pra festas. De forma que bebo e fico falante. Engraçado que aqui não sou tímido. Abuso do rótulo primo do teatro e tudo certo. Com as cervejinhas e esse rótulo sou o mais simpático da festa.
Pra mim o que pega é que são pessoas que me relaciono pelo vínculo de sangue. Nem sempre existem afinidades ou ideias comuns. Existe sangue e sangue basta.
E como moro longe, fica ainda mais fácil.
Seja como for amanhã é dia.
E beberei e serei falante e simpático e mexerei no cabelo das minhas tias beatas.
Ficarei impressionado quando elas, as tias beatas, lembrarem que Jesus nasceu nesse dia pra morrer e nos salvar. Então elas pedirão uma roda e daremos as mãos e haverá o Pai Nosso.
Eu ficarei de olhos abertos e repararei no rosto de cada um da roda - como que tentando desvendar as culpas secretas.
O sangue é um treco que me impressiona.

22 de dezembro de 2009

Ela está lá tentando descobrir o motivo pra uma coisa que não têm motivos ou explicação. Esquece que o mundo não é justo e pensa em como se sentir melhor comparando sua vida com vidas piores. Como se desgraça alheia fosso consolo pra alguém.
Eu daqui a vejo e lhe mando recados. Ela não ouve e nem imagina.
Lembro das pernas imensas que gostaria de ver abertas
e penso que talvez exista a mulher perfeita.

21 de dezembro de 2009

Então vejo isso e aquilo.
Gente das antigas e outras nem tanto.
Carnes novas pra passear os olhos e línguas que falam em idiomas que eu não conheço e nem me interessam.
Na grande média o óbvio ulala satisfeito e implacável.
Tem um que virou carcereiro e é daimista. Tem o cana bombadão. A guria com olhos de prata. Os velhos de alma. O idiota eterno. As crianças que cresceram e têm mamicas e pêlos pelo corpo. Etc.
É quase um parque de diversão e falo com todos como se eu fosse um tipo descolado. E nem sou e nem quero ser.
É que aqui meus dentes aumentam e viro um coelho: como, cago e tenho família.

18 de dezembro de 2009

16 de dezembro de 2009

mulheres altas falam baixinho.

Ela apareceu mamando uma lata. Achei estiloso. Me perguntei se ela tinha comprado no caminho ou se trazia de casa. Ela virava a cabeça para mamar - um traço quase masculino.
Como eu esperava uma giganta fiquei surpreso. Ela era alta, mas só isso: alta. Na minha cabeça ela seria muito, muito alta e também seria forte e poderia me socar quando quisesse. Mas, por sorte, eu estava errado.
Então estávamos alí: dois desconhecidos bebendo e tentando descobrir coisas. Minha cisma foi a mão que não saía da coxa. E também reparei no laço que ela trazia na barriga. Uma mulher com laço é um treco que me faz pensar.
Seja como for, o álcool azeitava o papo e ela era boa de copo e fumante. Muitas perguntas e histórinhas, algumas repetições inevitáveis e uma puta vontade de puxar aquela boca pra mim.
E eu queria puxar pelo queixo porque ela tinha esse queixo empinadinho que me deu uma estranha vontade de morder.
Acho que mordi.

15 de dezembro de 2009

Aquelas carnes tremendo na minha frente. Mais do que tudo há precisão. Direita esquerda frente trás.
O rosto importa pouco numa situação dessas.
A minha conclusão é que as melhores dançarinas usam aparelho nos dentes. É uma coincidência que se repete. Um mistério.
Então, toda vez, entro com aquele papo de conhecer a casa e faço a média de quantas meninas com aparelho nos dentes estão por alí.
Porque gosto mesmo é das danças. O pagar drinks e o subir pro quarto me oprimem. Acho que é por conta do tempo marcado. Sou um tipo que precisa de um mínimo de romance, mesmo que seja apenas pra me enganar.
Por isso apenas bebo minha cota de cervejas e volto pra casa.
Lembro das caras e bocas e sorrio. As carnes tremendo na minha frente ainda me impressionam bastante.

14 de dezembro de 2009

Tem isso e aquilo.
A loucura é grande e eu é que não me meto.
-
Ela chorava e ficava satisfeita. Achava bonito chorar e sofrer. Ria depois. Mas o riso era bem mais oco do que o choro. O choro, as vezes, era sem som. Mas o choro mesmo, daqueles verdadeiros e inquestionáveis, era grosso e saia num gemido rouco e insano.
Ela tinha a mania de escrever em versos. Achava rimar uma proeza. Passava dias procurando a rima perfeita e depois me mostrava os versinhos. Eu geralmente não gostava, mas sorria e dizia legal. Não havia porque lhe dizer que achava, na grande média, versos rimados um saco. Deturpar a escrita por uma determinada sonoridade me soa como frieza. E se é pra ser frio que seja o João Cabral. Sem modismos e extremamente racional.
Apesar disso tudo ela era gentil. Fazia afagos no meu pau e, ocasionalmente, lambia meu rêgo. A língua molhada e lenta passeando nas minhas nádegas. Eu gostava disso. Da calma da coisa. Ela, ao contrário da maioria, não chupava pau pra mostrar que chupa pau. Até o contrário. Nem sempre chupava, mas quando fazia, fazia sem pressa e cheia de perfeccionismos: língua na glande, língua no freio, língua nas bolas e no períneo. Depois só boca. Depois boca e língua. E depois só dentes - como que brincando com a ameaça da situação. E sempre, sempre depois de chupar, ela vinha por cima. De alguma maneira eu entendia seu raciocínio: quando eu chupo, eu mando e estabeleço o ritmo. Era justo.
A coisa desandou por causa dos versos e do choro. A busca pelas rimas perfeitas era cada vez mais longa e mais chata. Queria achar rima pra mãe que não fosse champanhe.
Eu só observava sem falar nada e esperava o choro. Sem som, sem alma e sem nenhuma lágrima. Um choro chato que nem sabia porque chorava.
E eu lá: sem ter meu pau chupado ou meu rêgo lambido. Eu não chorava, mas, por dentro, sentia uma tristeza sem tamanho - como se eu pressentisse que mãe não tem outra rima além de champanhe.
E deu no que deu:
O fim de tudo,
a casa vazia e
a eterna lembrança de ter tido meu rêgo
lambido por sua língua.

13 de dezembro de 2009

Abro meu J.D e passeio os olhos por coisas velhas. É bom estar por aí e ver o mundo. Nada demais e nada de menos. Tudo lento e limpo. Sem euforia por novidades e sem necessidade de grandes viradas. A vida como é: implacável e terrível.
Hoje de manhã li uma cartinha de uma boa amiga. Chorei e lembrei de coisas tristes. Um tipo de injustiça que, infelizmente, é parte da jogada. O mundo é grande demais para ser bom. Ele não pode simplesmente ficar preocupado com essas coisas. Ele gira e faz força pra continuar. É o que é, o que pode ser.
No mais meu D. Quixote de lata me enviando mensagens secretas.
Talvez devesse reler o livro e entender mais a coisa.
Talvez devesse apenas dormir.
Olhos apertados para ver melhor.
-
Muitas bundinhas na paisagem e também reflexos na água. É tudo tão bonito que é quase chato. Mas nem é.
Estou parado e olho pra frente e pra trás. Os gatos são pardos e esta água é suja. Penso sobre isso e lamento.
Penso também:
  • as gurias bebem pra ficarem falantes e eu bebo pra ficar calado.
  • estar parado onde todos se movimentam e fazem contatos me parece uma boa contribuição.
  • a euforia é legítima. gosto de entrar e sair dela. eu disse, entrar e sair dela.
  • gente esperta tem uma habilidade imensa de falar com as mãos no barulho insuportável.
  • sempre lembro do poderoso chefão e do corleone/pacino virando o godfather: ele parado, pernas cruzadas e a câmera virando lenta e revelando seu rosto inchado.
  • o rio de janeiro causa um encantamento no início de tudo. lembro bem disso. acho que o imaginário de 'cidade maravilhosa' é levado à sério pelos cariocas.
  • é um desses traços bacanas dos cariocas: eles acreditam plenamente que moram na melhor cidade do mundo. acho isso bonito.
  • voltar caminhando pra casa é quase um milagre. os pés apertam o chão e te movem.

11 de dezembro de 2009

Sonho por culpa do maldito livrinho que to lendo e, bem, ler pode ser bem perigoso. As palavras virando garras no cérebro da gente e, de repente, se descobre que aquela memória não é sua, mas de um livro que você leu. O cérebro da gente ainda confunde muito as coisas. É fato. Tem até aquele experimento: mostrar uma pintura ou narrar sobre a pintura. Pro cérebro muda pouco. As mesmas áreas são ativadas numa ou noutra experiência - ver ou ouvir sobre.
Seja como for, enfio um pouco mais de nicotina no meu cérebro e volto.

nem.

olhando aqueles ombros e pensando se
pois aqueles ombros poderiam ser.
mas desisto e decido o que me agrada:
pressa, agora, é parte da jogada.

10 de dezembro de 2009

Meu gatilho na testa do estranho que passa e insiste em fazer de conta que me conhece. Porque prefiro os que conheço ou os que se parecem comigo. Não sou vasto, não quero ser vasto. Não gosto de quem se diz vasto: achando que tudo pode, que tem mil amigos, que deseja mil e uma mulheres, que diz ter tido 50 paixões fulminantes. Prefiro ser o otário da escola que apanha, mas que não arrega. Pra falar e pegar bem eu também sei. Mas prefiro é não participar. Gosto dos bares que só eu conheço. Não acredito na opinião do povo e não acho que se cada um fizer a sua parte o mundo vai melhorar. Não é porque duas coisas existem que elas são obrigadas a se relacionar...

9 de dezembro de 2009

Aquela boquinha minúscula de mulher vulgar. Tão vermelhinha, meu Deus.
Bem que queria ela passeando no meu mamilo e depois no meu pau.
Quem sabe uma línguinha no rêgo?
A boquinha perdendo o batom na minha péle e ficando branca, branquinha.
Jesus, lá de cima, até nôs abençoava, sabia?
Porque Jesus sabe das coisas e não duvida de mim
e do meu desejo por essa boquinha vermelha com formato de coração.

pnht

Alimento-me de sopas e sanduiches. Parece decente.
Hoje desejei seus dentinhos no meu pescoço.
Fiquei olhando horas pra você.
Reparei no queixo, nos olhos e na boca.
O fato é que me impressiono com o queixo e com a repetição das histórias.
Confesso que não gosto disso, mas...que fazer, né?
E você nem existe, né?
Mas meu blogue taí e não me deixa mentir: gosto dos meu delírios.
Daí que te invento e que crio conflitos terríveis: sua implicância com meu cigarro, minha intolerância com suas crenças, o sexo sem nenhum palavrão, etc.
Vou longe que só vendo.
Devia era cair dentro da mina de sampa. Meio estranha, mas fumante. Essa queixa não ouviria.
Mas, na verdade, tudo e todo o resto é só pra escrever no blogue porque, bem, acho bacana escrever aqui todo dia.
Que seja.

8 de dezembro de 2009

relatinho.

Comida pronta e cerveja estalando. Uma leve pressão nos pulmões por excesso de cigarro, mas nada que chegue a abalar.
A long neck tava mais barata e comprei. Acho o fino beber no gargalo. Goladas longas que combinam com o calor do Rio de Janeiro. O lance é segurar no neck da garrafinha e virar bem a cabeça pra trás. O risco é babar, mas minha barba também serve pra reter esse tipo de coisa.
Hoje fiz o circuito que faria no sábado: acordar, chapar de café, cigarro e merda sem pressa. Depois hortifruti com açai e mercado: sabão, kiboa, algum queijo e, claro, amendoins da elma chips que são enormes e inteiros.
-
(lembrei agora de você e digo: o hortifruti na segunda de tarde não tem um décimo do charme que tem no sábado. só haviam mulheres gordas e velhas e feias. todas com pressa e disputando batata baroa contigo. um horror. não recomendo.)
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Em casa um naco de pizza na chapa e deitar com um livro novo em punho. O soninho chegando e o pau quase duro pelo relaxamento sanguíneo. Telefone toca e é mamis. Com mãe eu falo.
-
(Mãe é uma dor é uma falinha da peça da vez. Fico bem satisfeito quando as pessoas riem ao ouvir isso.)
-
Agora salada pronta e terceira long neck pega pelo neck e bebida no gargalo.
Não acredito em felicidade, mas a paz é possível.
Às vezes.

7 de dezembro de 2009

agora sim.

Vamos lá.
A satisfação de fazer teatro é estranha e encantadora. E isso ao mesmo tempo.
A bola da vez é o que podemos chamar de 'teatro alternativo': sem grana, sem estrutura, mas à base de desejo e vaquinha. É bonitinho, eu confesso.
Esse desejo todo que se enfia em roubadas alimenta, de certa forma, a alma. Mas a verdade é que o 'teatro alternativo' pra mim não é um ideal. É o possível, o que posso fazer, o que faço.
Na verdade queria ter condições de trabalho: grana, espaço, tempo pra pensar, contra regra... Não queria ser alternativo. Queria ter toda a estrutura que um Meyerhold tinha, por exemplo. Porque é justo, ora pois. Eu ralo, corro atrás, leio a porra toda. Se tudo fosse causal o mundo seria outro e eu não estaria limitado ao 'teatro alternativo'.
Mas é o que faço porque é o que posso. Não vou chorar por isso. Não é o caso.
Um dos meu baratos com teatro é que você lida com o possível. Em teatro a coisa é muito objetiva. Ou dá ou não dá. Essa coisa de que tudo é possível é estúpido de maneira geral e mais estúpido ainda no caso de teatro.
Seja como for, fizemos e estamos lá. Uma peça que é o que é. Que não pretende ser nada além de um teatro reto e simples. Um teatro que, como sempre tentamos, busca provar que teatro não precisa ser chato.
Porque, vamos lá, devemos admitir que há muito teatro chato por aí. E chato, principalmente, porque é um teatro que não se basta como teatro. É uma coisa de querer outras coisas através do teatro: provar que é bom ator/diretor/autor/cenógrafo/pensador, etc. Um porre.
Teatro não é importante, nunca foi e não precisa ser. O Brecht com a coisa do 'mostrar que pensar é divertido' fala sobre o lugar objetivo que o teatro pode ter. Um entretenimento que não é babaca, como telenovela por exemplo.
E agora que estreamos tenho certa paz. É isso que fazemos porque é isso que podemos fazer. E isso não quer dizer que não existam outras ambições.
Desejar é diferente de ter. Ficar satisfeito com o que se têm é achar que tudo deu certo, mesmo sem esquecer que as coisas sempre podem melhorar.
É da dinâmica da vida ou das coisas. Sei lá.
No mais, a alegria besta e solitária que não precisa ser explicada.
-
p.s. vá ver. me liga. me deseje merda.

6 de dezembro de 2009

Teatro Irresponsável. (d2)


(pra mim é 9194-1029 - e hoje é dia de framengo no Rio de Janete!)
se você não entende que
nem é isso que me pega,
eu digo, sem medo de errar:
meu bem, você é uma prega.

4 de dezembro de 2009

pra roer o osso é preciso osso.

ou tem ou não tem, ou é ou não é.
gentinha chata que põe as manguinhas de fora sem notar que o braço tá coberto.
elegância não é entender 30 línguas, elegância não é conhecer 66 países, elegância não é nunca deixar de falar.
por isso prefiro a alma discreta dentro do corpo. mesmo que o corpo seja imenso e a alma mínima. sou dos que preferem um passarinho na mão, embora saiba me divertir com corpos.
meu cu é mais escuro que todo o resto. é um cu normal e honesto. onde há luz há cor, onde não, escuridão.
simples, bem simples. matemática de soma apenas.
por isso me escondo aqui. no blogue, no teatro, nas escritas e na vida. é meu cu protegido, por assim dizer. já que pouca luz chega lá, sou eu, e apenas eu, quem decide a luz que o iluminará.
meu cu só brilha quando eu quero.
porque cu, me desculpem, não foi feito pra brilhar.

3 de dezembro de 2009

Dezembrão me pegando como um gato de unhas afiadas. Meu Deus, onde vamos parar?
Olho pro céu e pergunto sobre as putas natalinas, mas ninguém me responde.
O céu está aberto, sem nuvens e num silêncio brutal.
O calor provoca tédio e apatia.
A cerveja gela a garganta e os cigarros são regulados nos bares.
Um dia, e espero estar morto, só haverão evangélicos e artistas nas ruas. Será o inferno, o Apocalipse. A guerra mais imbecil pela razão menos lógica: quem berra mais alto.
Pra dezembrão emplacar preciso de UMA buceta. Não duas, não três, UMA buceta. Com nome, telefone e pequenos lábios quase simétricos - coisa mais rara do que se imagina.
Se essa UMA me acha e me diz, como se fosse acaso, que nesse calor é só dando que se recebe, eu tenho um troço e, juro, sempre lembrar do nascimento de Jesus na noite de natal.

2 de dezembro de 2009

Sempre desejando o que não existiu.

1.
Olho pra frente e pra trás e sinto ternura por uns e raiva por outros. A escola e a euforia de fazer parte da turma, os planos de plenitude e os amores calmos que haveriam de existir.
2.
O filme termina com o cara pegando o ônibus e sorrindo sem muita convicção. Ele não está alegre nem nada. Também não está triste. Ele está apenas pegando o ônibus que o tira daquele lugar e o põe em outro. É justo e decente.
3.
Toda estrada é um purgatório: ela passa por nós que estamos parados e a vemos passar. A velocidade acontece fora e não dentro. É uma percepção e tanto que só mesmo no cinema é possível ser captada.

1 de dezembro de 2009

Se pudesse eu lhe dizia uma verdade bem bonita.
Mas sabe como é: seus amigos te estragaram e agora você confunde vaia e aplauso.
A culpa não é sua, fique tranquila. Inclusive lembro de você me dizer: culpa é tão careta, comigo não que sou moderna.
E eu fiquei em silêncio e pensei: ela se acha a cima da culpa, meu deus.
Mas até aí tudo certo. Achar-se isso ou aquilo sempre acontece. O problema é o excesso de confiança na opinião dos amigos. Porque eles mentem, sabe. Não por mal e até o contrário. Mentem porque são seus amigos.
E eles elogiam você e você acredita. E aí, já viu, a velha confusão dos diabos.
Então você começa a sorrir o tempo inteiro e acha que por está sorrindo, está em paz.
Eu, que não sou seu amigo, digo: você está sorrindo porque o tédio é enorme.
Falo por mim que também ando sorrindo muito.
E hoje a lua tava bonita e, como não poderia deixar de ser, você me perguntou: - essa lua não tá um troço de tão linda?
Eu fiz que não ouvi e continuei andando. Pensei que prefiro a lua quando ela é apenas bonita, quando ninguém, além de mim mesmo, me avisa sobre a beleza da lua.