14 de julho de 2010

o eterno sorriso.

Vem pelo calcanhar como uma cobra. Enrola-se na minha perna e aperta. Mantém-se apertada até doer os músculos. A dor não é causada pela pressão em si. É causada por pressionar há muito tempo. O pé vai ficando roxinho e a circulação interrompida faz com que a dor deixe de ser sentida. É uma gracinha do mundo: por excesso de dor, a dor parece não existir.
Agora o pé já tá preto e os dedos caem um à um. Quem precisa de um pé? Quem liga pra um pé? A perna, toda roxinha, começa a desmanchar também. Vai-se a perna junto com a cobra. O problema está solucionado e não há mais cobras. Agora, finalmente, posso viver sem me preocupar. Mas, às vezes, parece faltar algo.
Sinto falta da perna ou sinto falta da cobra?