2 de novembro de 2012

Voltando à vida real - seja lá o que isso for. (Mas, esclareço, a 'vida real', jamais é ou será o que a maioria das pessoas chamam de 'vida real')
Releio, numas de terminar, meu primeiro Zé Rubem, que foi como aprendi a chamar depois de velho e gostei (Diana Caçadora me ensinou). Livro afetivo, tipo primeiros livros e que me fez achar que ler é bem legal. Eu tinha 15 anos e o 'simples' fato de ler perversidades variadas abria o mundo e o tornava maior e mais divertido. Li mais.  E, em momentos românticos, acho que ainda leio por isso, 'apenas' por isso. Esse tesão que é pensar algo que jamais se pensaria se aquilo não tivesse sido lido.
A releitura é um risco e sempre será. Mas não importa. Leio, acho bom de modo geral e tenho ataques de nostalgia ao lembrar daquele que era eu e lia. Deus, os palavrões tinham uma força que hoje desconheço.
Mas é tudo pra começar de novo, pra se preparar, pra sentir o cheiro da merda. Sou sistemático e me antecipo: faço planos, prevejo dores e administro agonias. Vá lá, maninha, querendo ou não somos agentes das próprias merdas, entende? Não, maninha não entende. Maninha é triste. Maninha é burra. Maninha achar que tristeza e burrice é culpa do mundo e não dela.
Ah, maninha, a culpa é tão decente de sentir e carregar. Triste mesmo são os falsos que acham, e insistem, que a culpa é uma simples invenção judaico-cristã.
Então minha música alta, meu porre ensimesmado e a certeza de que jamais devo ser natural. Porque me isolo, porque me escondo, porque aprendi, lendo e como não?, que a natureza tem pouco de espontâneo e muito de conforto. E, vale reparar, há pessoas que sentem muito conforto vivendo dentro de uma caixa de sapatos. "O corpo se acostuma, sabia?"
Amanhã a retomada: café, leituras e alguma sistematização. Amanhã a vida real: nada de natural, nada de deixa rolar. Amanhã: aquilo tudo que hoje preparei.