26 de maio de 2013

vem tu (os dedinhos crispando) e diz assim: a-do-ro- beijar na bo-ca. 
piranha boa, eu te amo. abre as perninhas pra mim? 
diz assim: quero trair meu marido com você. vou trair pela primeira vez.
*
tem de tudo. a vida fodida e fodona. 
vida: o último e único parâmetro. 
vida: essa porra que é. 
vida: enquanto der e com dor de partir. 
vida: a única auto ajuda com solução. 
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tem a ver com capacidade e necessidade. e também com teimosia. assim: o assunto é amor, casamento, ser 'feliz' pra sempre. o envolvimento amoroso me enfraquece porque me torno dependente. não sou capaz de amar e ser independente ao mesmo tempo. então, pensando na possibilidade de escolha, penso em não me envolver amorosamente. repare: sou movido por minha (in)capacidade, mesmo que minha necessidade gregária queira o contrário.
*
AQUELE DOENTE LINDO. NOME DE SANTO. JOSÉ DE ARIMATEIA. DELIRAVA DIFERENTE DOS OUTROS. ERA CALMO. E TINHA OLHOS GRANDES E NEGROS QUE SE MOVIAM POUCO, MUITO POUCO. TÃO DOENTE TÃO LINDO TÃO CALMO. TINHA NOME DE SANTO, O DESGRAÇADO. CASEI COM ELE PRA ME ARREPENDER. TODO DIA NA IGREJA, NO CULTO. ESSA CULPA QUE NÃO SAI.
*
vejo você com ternura porque não sei quem é. fosse gente, com alma e opinião, te julgava bem julgadinho. que essa sua história de ter memória ruim eu nunca acreditei.
essa dor antiga
esse chope escuro
vontade de criança
te mostrar o meu pau duro
que raiva
seu pau pra cima
enquanto eu
penso na dor 
desse mundinho
depois reclama
entende mal
ser generoso 
é deixar duro o meu pau
bem vi que era assim:
prefiro meus dedos.
tenho muita coisa pra lamentar
e gosto de guardar segredo.