31 de março de 2010

"vem vem vem ver o circo de verdade"

( explico: no meio desse texto, quando saí, essa música voltou da minha infância com o quarteto em cy. não achei com esse grupo no youtube e nara é nara e é narinha. fez sentido, é o que quero dizer. em último caso, digo: leia o post e ouça a música. ou vice versa. uma coisa de cada vez. como, às vezes, deve ser.)

Quando você for me dá. Se você for me dá de novo, eu peço: abra as pernas com ternura como quem oferece uma preciosidade.

Eu sei. Teve muita gente que passou por aí e que passou batido, eu sei.

As camas sãos frias e tristes às vezes. Os porres e os excessos são as velhas desculpas.

A ressaca e o ôco no dia seguinte são, tantas vezes, inevitáveis. É uma pena, eu concordo.

As luzes que brilham tanto na night de orgia e libertação quase não resistem ao nascer do dia.

Entenda: não há julgamento. Todos nós passamos por isso e, de certa forma, é importante ter essas experiências. Inclusive para não confundir as coisas, achando que o giroflex da boate é um mini-sol preso dentro de uma caixa elétrica que roda em 110 v.

Só por isso eu peço: me dê com calma e generosidade. Sem pressa pra gozar ou pra mudar de posição. Deixe que as próprias carnes encontrem o seu ritmo. Talvez nem seja a melhor foda do mundo. Talvez seja péssimo. Talvez haja uma descarga profunda - dessas ancestrais que molham colchões e estouram borrachas.

Quem sabe? A chance de uma ou outra coisa acontecer é exatamente a mesma.

Eu confesso: gosto de sacralizar a buceta. Não sempre, mas às vezes gosto. E, de vez em quando, como no seu caso, faço questão: aquele amontoado de carnes sobrepostas em lábios grandes e pequenos se tornam a Xota-Rainha diante dos meus olhos. O milagre da transformação.

Não porque a água de fato virou vinho, mas porque todos os presentes acreditaram - e acordaram - que a água era vinho. Ou como a hóstia que ao invés de ser simples água e farinha se torna o corpo do Cristo.

Se for pra me dá, eu insisto: esqueça esses paus idiotas que a frequentaram. Por mim prometo o mesmo: deixarei de lado essas bucetas que são apenas carne.

Sexo é fácil. Sexo se faz por aí: pagando drinks ou sendo indiferente - tanto faz. Os drinks não são caros e a indiferença é só um exercício de flexão da própria personalidade.

(E lembro do velho Nelsão berrando: - sexo é para gatos vadios! Nelsão: seu gênio e suas fatalidades.)

Portanto: que as carnes se resolvam e que sejamos inteligentes. Sem jogadas, sem promessas de eternidade e sem o excesso de habilidade que apenas denuncia o auto-controle que teme (e deseja) se perder.

Foder todos fodem, gozar todos gozam, falar todos falam. A diferença, pra mim, é o que se cria já se sabendo criação: o acordo do vinho e o acordo da hóstia em outras medidas. "A interferência do bicho-homem quando levada às últimas consequências".

Sem medo, sem receios e sem dó: os milagres possíveis flertanto com o Impossível. A única saída. A única esperança.