29 de junho de 2011

é assim:





  1. Os dedinhos ficam crispados porque no cinema é assim que se faz. Gozar? É coisa de fracos, de artistas, de bichas. O bom fodedor (a boa fodedora) imagina-se sendo filmado(a) durante o orgasmo.





  2. Há muita diferença entre o que se é e o que se pensa. Isso é velho. O Sr. Freud deu nomes pra isso: ego, superego, id? Sempre confundo os nomes, mas a regra clara: há uma imagem que se deseja, e há a outra que é - não há vantagem em uma ou outra. Em outras palavras: estamos fodidos.





  3. A guria quer causar efeito. Efeito peido, eu acho. Assim: dedos na buceta pode; manipular pau também. Não pode: o pau e a buceta. Como explicar? É difícil, mas me esforço: "eu gosto mesmo é de provocar" ou então: "i am a teaser."





  4. Tenho pensado em 1912. Quero dizer: tenho pensado em começar frases com 1912. Devo googlar esse ano. Quem sabe o milagre é apenas um pensamento que se repete?





  5. Imaginei algo simples e elegante. Eu diria: - venha até minha casa ver um filme do Cassavetes. Ela diria "não sei", "quem sabe" ou "pode ser". Não haveria perdas. No mínimo teríamos visto um filme do Cassavetes. Não é pouco.





  6. A segunda mulher que eu trepei me disse que eu era seu décimo primeiro. Por coisas que só se faz na juventude eu lhe falei que era a minha segunda. Ela ficou satisfeita e me deu por 8 meses. No sétimo mês a gente discutiu: ela queria namorar. Daí as fodas tristes do último mês quando ela (e eu também) ainda acreditava em chá de buceta. Ofereceu-me seu cu e eu aceitei vaidoso e de bom grado. Meu primeiro cu! Depois, na última discussão e inconformada por não namorarmos, disse: você foi meu sexto, meu sexto... Foi a primeira vez que notei o óbvio: mulheres são loucas.





  7. Um Diálogo: - o problema é que eu leio seu blogue./ - mas e daí? meu blogue é apenas um sintôma do meu tédio. / - eu sei, mas você vai me usar pra escrever lá./ - claro que não, a maioria das coisas são inventadas.../ - por isso mesmo, por isso mesmo que seu blogue é um problema. / - mas é tudo mentira. eu invento as coisas lá. / - então, pior ainda. (Segunda vez que notei o óbvio)




  8. Papai tem mania de grandeza, mamãe acha que entende tudo e todos e maninha esquece que não é mais adolescente. E tem eu: que aqui, e apenas aqui, aponto meus dedos vaidosos. Não gosto de quem guarda o passado como munição, não quero ser o mais compreensivo do planeta e nem acredito em milagres repentinos. Seja como for: tomo café, fumo cigarrinhos e aposto na MegaSena. Em outras palavras: merda do mesmo cu.





  9. Mania de promessa é uma desgraça. Digo por mim: inventei que 10 era um bom número.





  10. Solidão-minha-puta, Vida-minha-puta. Domar a puta vida e usar a solidão como estilo e não como fato. Telefonar pros amigos, mandar recados pras gurias, passear no calçadão mais lindo da praia mais suja, puxar conversa com a mulher que lhe sorriu no aeroporto, vender rifas caras pelo vakinha.com, escrever cartas pra desconhecidos, ter planos e rotina, convidar os amigos para almoços de fim de semana, essas coisas. A vida besta. O dia após o outro. O serviço público como autonomia financeira. O 10 desejado.

22 de junho de 2011

A paz impossibilita a escrita. Sempre ou quase sempre. Falta o inferno, a solidão e os delírios alimentados no bar da esquina. Crianças dormem calmas e cachorros latem vigiando a casa. Dormir torna-se uma tarefa simples.

20 de junho de 2011

Atualiza-se.



  • (coerência interna) Golpes na jogada. É comum. É idiota. Ganha-se dinheiro em cima de alguém. Se esse alguém tiver um lucro bacana, ele topará e fará contas. (E lucro não tem necessariamente a ver com dinheiro). Tudo certo. A questão é: querem ganhar dinheiro em cima de você e a porcentagem é muito irrisória. Além do óbvio: imprimir é, graças aos tempos atuais, tarefa simples. Editora e impressora são palavras diferentes, não?


  • As loucas não entendem nada de nada. Elas acham que ser ''loucas'' é o lance. Mas não é, nunca foi. Homens não gostam de loucas... quer dizer... até gostam... mas não pela loucura. Loucas são promessas de sanidade. Interessa-me a louca que, por mim, vira sã. E não a louca que é e sempre será louca. A eterna louca é uma chatice, uma obviedade, um equívoco com uma buceta entra as pernas. Preço caro demais, em outras palavras.


  • Nunca mais uma mulher decente, devo confessar. Só arremedo, só Patricinha Rock'and'Roll, só orfãs querendo provar algo. Deus tá no ceú e o diabo tá no inferno, é o meu limite. Que o quem sabe- talvez- pode ser/pode não ser é um infinito que não me interessa. Prediro o SIM ou o NÃO. Que essa idéia de INFINITOS POSSÍVEIS ou de MIL POSSIBILIDADES é um jogo desesperado pra quem nada tem e sente medo de TER.


  • Não tenho mais idade pra quem acha que boquete é diferente de sexo. E, esteja claro, adoro boquetes. Sexo não é um pau na xota. Sexo é um princípio e uma prática. Há limites nisso: dar o cu e manter o hímem não mantém virgindade, por exemplo. Por essas não entendo... Que "chá de buceta" é coisa de crianças e não existe, que "sova de pica" é apenas um assunto de mesa de bar, que "a melhor foda da minha vida" depende mais de treino do que de paus e/ou bucetas milagrosos.


  • Ter o que se tem é fácil. Por isso desconfio de mim. Por isso desconfio dos outros. Sou desconfiado, eu sei. Seja como for, quero dizer: até logo, até mais. Há um céu que fica muito bonito no inverno e há crianças que me constrangem por todas possibilidades que carregam por serem crianças. Por serem crianças, eu disse e repito. Que "começar de novo" e "se reinventar" só faz sentido em adultos armagurados.


  • Chega.

17 de junho de 2011

Não Renderei.
*
há uma raiva e uma indiferença no ar. E, unidas, me consomem juntas e inutilmente.
Porque li isso e aquilo, porque estou vivo, porque recebi mensagens fofas e porque nem todo dia é, ou deve ser, santo.
Devo culpar o mundo. As amarras do mundo, a injustiça do mundo, a previsilidade do mundo. Mas o mundo nem é bem alguém ou algo à ser culpado. O mundo... tão estúpido e óbvio falar do mundo.
Retiro-me então.
Sem paciência, sem crenças contagiantes e sem frases otimistas.
Enganar a si próprio é uma habilidade que, definitivamente, preciso melhorar.

15 de junho de 2011

Andy Maatz Warhol Fernandinho.

14:37 o telefone toca e desconfio. Sou desconfiado, por assim dizer. Deixo tocar. Desiste fácil. Nada importante.

14:48 volta a tocar. Penso. Olho o aparelho que deve estar com algum defeito. Faz uuuu e não o Trimmmm que programei. Mudo o botão que está atrás do aparelho e continua o mesmo uuuu que não era pra ser. Paciência.

Às 15:02 volta a tocar. Confiro o relógio e penso: Mãe? Não, porque falei com ela ontem. Vó? Não, pelo mesmo motivo. Amigo(a) precisando de palpite? Teriam ligado pro celular.

Espero tocar. Conto 6. Na sétima atendo:

- Alô?

- Sou eu...(diz o nome)...

- E daí,(digo o nome)? Mó tempão, hein?

- É... é...

- Diz aí.

- Porra, velho. Li teu blogue...

- ... Sério...?...

- Sério...

- Caraca, nem imaginava tu lendo aquilo lá...

- Eu leio, cara... entro todo dia.... nem sempre eu tenho saco de ler tudo, mas sempre entro...

- Ah... legal... mas e daí? O que conta? As novidades...

- Velhão... mó merda aquele seu texto sobre mim... mó sacanagem, porra...

- ...

- Eu até tô ligado que tenho essa fama, mas mesmo assim... escrito é foda....

- Velho, não to entendendo... tu deve...

- "Fama de comedor"... sacanagem, né?

- ...

- Escrito é foda...

- Aí... nem escrevi falando de você.

- ...

- Nem sabia que tu lia lá....

- ...

- (nome?)

- Rárárá! Essa foi boa, hein?

- Rá....

- Mas e daí, safado? Essa pançinha, como tá? Sabia que ia te pegar...

- Me pegou, me pegou...

Conversamos. Assuntos postos em dia: trabalhos, filhos, projetos e projetos, encontros com terceiros e promessas de "vamos marcar."

15:13 marca o relógio do computador.

- Caralho... bom falar contigo...

- Porra, é mesmo... tá marcado, né?

- Claro...

- Ah... e fique sabendo... eu leio o seu blogue... rár...

- Tô sabendo... nem imaginav....

- Cara, li aquilo e pensei: vou ligar e pilhar...

- Rárárá... foi engraçado, por um momento pensei que você tav...

- Então tá marcado, hein?

- Beleza. Falamos...

- Falamos.

O telefone faz tututu e olho o relógio. 16:03. Deve ter algo errado. Sempre há algo errado. Ligo pra J e conto a história. Ela confirma: - algo errado. Pergunto da vida e ela diz: -"Ok, isso aí". Desligo o telefone.

16:07.

Algo errado, repito.

14 de junho de 2011

tesão. eu te amo.

Ver a guria que me olha e que faz cara de quem me conhece, mas não, infelizmente não, nós não nos conhecemos. Ela passa (elas sempre passam) e tem o nariz adunco mais tesudo do Oeste. Peito pequeno, corpo magro e ossudo, calça feminina tipo terninho e uma bunda com o acúmulo de gordura mais Darwiniano do mundo. Imagino fodas fantásticas e imagino filhos que darão mais autoridade à ela. Ela tem seu belo nariz adunco e passa. Eu a vejo e escrevo no blogue, assim entre uma punheta e outra.

13 de junho de 2011

Relatinho.

FICA ASSIM:




  • Uma tristeza que vejo e reparo. Digo: "-você está com a cabeça dura." Ela pede explicações e falo que ela tá com a lateral da cabeça tensa. Explico: "-parece que tá fazendo força pra mexer a orelha, sabe?" Ela diz que sabe, mas não sei. E tanto faz. Penso: "Se ela fosse minha mulher, eu estaria neurótico por essa agonia velada." Deixo-a em paz.


  • Queria beber em paz. Assim: livrinho da vez, duas cervejas e casa. Tudo vai bem até que senta essa dupla de cinema ao meu lado. Falam sobre projetos, sobre leis de incentivo, sobre oficinas para um evento, sobre robótica, sobre... Tento abstrair, mas não consigo... sobre dinheiros atrasados, sobre o Circo Voador, sobre o cachê que não cobre o transporte... A segunda cervejinha desce com pressa e sinto algo que deve ser ódio. Quero pagar a conta. Resmungo à caminho de casa: "- Esse bar é meu, eles estão no lugar errado, por que sentar tão perto de alguém que bebe sozinho com um livro à tira colo?" Triunfo: "-Em Curitiba não teria esses problemas."


  • Ouço algo que me deixa triste. Pela primeira vez pensei em telefones, em mensagens de otimismo, em porres inofensivos de ex-amantes. Gostaria de dizer que não é assim. Que ter opinião não é assim. Que se impor não é assim. Que inteligência não precede conflitos ou desconfortos. Que cada um faz o que tem que fazer e que atrapalhar a vida dos outros é apenas uma pauta do CQC. Queria, na demonstração de afeto mais sincera, dar-lhe um tapa na cara e dizer: "- Para com isso, se enxerga. Deixe de querer provar algo que não precisa de provas. Sua solidão não será aplacada por gritos no escuro."


  • Descobrir que alguém tem fama de pau pequeno é algo que não vale a pena. Simplesmente porque agora, toda vez que ver o alguém em questão, lembrarei: "Ele tem a fama pau pequeno" E essa é uma informação estúpida e que só se descobre ao conviver com mulheres. Porque mulheres, mais do que homens, falam sobre isso. Até porque, entre homens, como esse assunto surgiria? Então lamento o conhecimento adquirido e, inevitável, pergunto pra mim mesmo:"Será que tenho pau pequeno? Ou pior: será que tenho fama de pau pequeno?" Mas eu mesmo me consolo: "Pelo menos poucas mulheres viram, de fato, meu pau."

11 de junho de 2011

Faço contas, faço testes.

Não consigo comprar o livro que eu queira e minha desconfiança aumenta. Primeiro porque sou desconfiado e segundo porque uma boa distribuição é o mínimo que se exige. Estou falando sobre mim e sobre coisas boas que ocorrem, mas que, mesmo boas, causam-me desconfiança. (Poderia chamar isso de curitibanice, mas nem. Ta aí a Banda Mais Bonita da Cidade e A Gazeta do Povo mostrando que esse papo de identidade é ultrapassado... "somos todos um só" é o subtexto que nem fede nem cheira. E viva a rede e foda-se o resto. Mas, cá com meu umbigo, ainda prefiro o Leminskão e seu deboche cheio de requinte.)
Mas volto. Tem algo a ver com ''medo de sonhar'' - coisa que volta e meia falo pra gente próxima e que, de maneira geral, é bem entendido. Porque sonhar é bom e é fácil e alimenta. Porque tenho feito isso há anos e, porque, com os anos que passam, a gente se torna, em maior ou menor grua, vítimas dos próprios sonhos.
Então recebo a boa noticia e sorrio. Daí, ainda sorrindo, vou desconfiando. Faço pesquisas, descubro lapsos e implico com cortes de cabelos.
Resta esperar. E também, entre um cigarro e outro, assistir ao ótimo Mad Man.

9 de junho de 2011

poesia contemporânea, eu aprendi.

é uma poesia aí
feita sempre
em versos curtos
e que nunca
usa vírgula
ou ponto

a síntese é um
fetiche
e as rimas
são muito suspeitas:
não rima falar de beliches,
não rima falar em efeitos

deve-se privilegiar a crueza
das palavras que nunca
por nada emitem opinião.

poderia dizer "geração tanto faz"
mas seria errado
porque certo é pensar
"tudo pode ser",
mesmo que vírgulas
e pontos
e aspas
desapontem minha
tímida clientela

estou só
e vejo charme
em rimas
e
sinto dó
de quem não fode
nem sai de cima

mas estou
por fora
não tenho twitter
e nem creio
que
amor verdadeiro
dure segundos

para meu
prejuízo
não acredito
em ternuras súbitas
e tão pouco em vídeos
postados no youtube

8 de junho de 2011

um dia faço um tratado

O tema é óbvio e velho. Enquanto o tratado não chega, eu cago regras. Com prazer, ora pois. Fica assim:

Breve caga regra sobre um arquétipo negligênciado: o imbecil.



  1. Ele tem dentes brancos e sorri com facilidade. Gosta de exaltar a dor, o prazer, a alegria ou a tristeza. Tanto faz. O imbecil é um exaltador compulsivo.


  2. Como bom imbecil, ele procura coerência. Gosta de aplicar na bolsa, de aproveitar a valorização do Real em Buenos Aires e ama, como todas suas forças, as reprises da década de 80 no Canal Viva. O imbecil sente nostalgia pela década de 80. É um "ploc".


  3. Em festas ou bares, ele canta alto. Lembra de todas as músicas que ninguém mais lembra. Leu Paulo Coelho para poder criticar com embasamento e acha que as mídias sociais são o coqueluche dos artistas anônimos. O imbecil, como sempre, julga-se um visionário. Vê arte onde arte não existe. Faz curadoria de blogues e artístas plásticos virtuais.


  4. Como não poderia deixar de ser, o imbecil se julga um homem de seu tempo. Mas o imbecil, por imbecil ser, julga errado. Fala sobre a falta de tempo e sobre o suor que é o pão de cada dia. O imbecil super valoriza o cansaço e, sem saber, repete lições bíblicas. O imbecil, pra piorar, compartilha seu cansaço em feeds virtuais.


  5. O imbecil, em 2011, acha graça em ser múltiplo. Ele é escritor, diretor, ator, poeta, DJ, blogueiro, video-maker, inventor de coletivos e, entre outras coisas, pai de uma linda menininha de 3 anos. O imbecil é múltiplo e vasto, atua em várias áreas sem nunca ter a dignidade de usar um simples pseudônimo.


  6. O imbecil se supõe vários e está certo. Ele é nenhum.



6 de junho de 2011

Expremo limão no gim e vislumbro grandes possibilidades. Estou falando de sonhos, de desejos realizados, de generosidade do mundo.

(Queria pôr no Facebook o Rebento com o G. Gil cantando, mas só tinha uma versão da E. Regina - que, a gente sabe, canta como ninguém. Mas nessa música - e em algumas outras também - ela canta como quem precisa provar que é uma grande cantora. Coisa que ninguém questiona além dela mesma.)

E, na procura, passei pelo Realce: música pérola-manifesto contra o marasmo comedido das manifestações artísticas. E lembro do Zé Celso dizendo sobre a nomeação do G. Gil como ministro: " - a melhor coisa que ele faz pra Cultura Brasileira são suas músicas". E o Zé tinha razão. E Rebento e Realce tem a ver com isso.

E, inevitável, lembro que sou solidário aos que não gostam do C. Buarque como escritor. Porque, tirando as peças, os dois livros dele que li (Fazenda Modelo e Benjamim) são chatices presunçosas e afetadas que, cá comigo, "só" ( e as aspas desse só são honestas) foram publicadas porque ele é o Chico, aquele mesmo, que tem músicas fodas e que, mesmo sem querer, balbuciamos desde que nascemos. Chico Buarque, o das músicas, é um gênio.

E, como era de se esperar, vou falar do C. Veloso. Porque ele é ótimo e tem músicas absurdas e belíssimas - como a Tropicália e suas rimas e misturas verdadeiramentes modernas ou Muito Romântico, onde ele parece explicar seu gosto por falsetes e também sua ambiguidade sexual que, mesmo legítima, às vezes aparenta ser apenas uma jogada de artista que usufrui da Pop-Arte. E ele agora tem, além do banquinho e do violão (em outras palavras: a MPB mais pobre do mundo), uma Maria Gadú à tira colo - coisa que não entendo e nem quero. Porque, sejamos francos, M. Gadú é chato e velho. Imagine um Zumbi simpático e eis que surge a M. Gadú em cinema 3D.

De forma que encerro por aqui. Pode não parecer, mas estou sendo otimista como M. R. Paiva é. Estou falando algo antigo e repetido: o jôio e o trigo devem ser separados. Não porque haja o melhor e o pior, mas porque temos escolha e Deus, que nem precisa existir, nos deu uma árvore proibida como opção. E a gente optou. E assim seguimos.

4 de junho de 2011

* * *

A agonia deve ser uma elegância. Ou então deve ser contida. Quero dizer algo simples: divulgar a própria agonia esperando flores é algo muito (mas muito mesmo) idiota. É como alguém que tenta causar interesse em outrem pelo ato de respirar.
*
Sumir pode ser uma saída. Mas, nesse caso, sumir é sumir. Não se pode sumir anunciando que esta sumindo. Sumir é sumir, eu repito. Isso tem a ver com algo bastante cotidiano: a diferença entre pensar e fazer.
*
Não vou me estender sobre punhetas ou sobre sexo. É um assunto antigo. Sexo se faz por aí. Você pode cometer sexo ou se acometido(a) por sexo. Isso não importa. A questão é simples: não misture alhos com bugalhos, mesmo que, como disse o Millôr, ninguém saiba o que são bugalhos.

3 de junho de 2011

Fernandinho escreve torto.

Elas eram quatro.
Por algo que nem quero saber me chamavam de "Fernandinho."
Uma delas, se não me engano a mais velha, estava bêbada pela primeira vez.
26 anos e primeiro porre. Há algo errado aí.
Tenho bebidas, tenho comidas, moro sozinho, sou educado e simpático também. Ofereço gin, ofereço vinho, ofereço whiskey. Sou super educado, pensando bem. Faço pão de queijo.
Elas conversam. Eu ouço e meio que participo. Assuntos comuns: paus grandes ou pequenos, quantidade de paus per vagina, amor e sexo, paixões que se supõem maiores do que foram.
Há vozes altas, ameaça de reclamação de vizinhos e as quatro dizem estar bêbadas. Acredito.
Vislumbro: peitos sardentos, primeiros beijos lésbicos, risos eufóricos e (por que não?) uma boquete com 2 ou 3 bocas.
Uma delas se vai. Outras ligam para suas casas pra avisar que dormirão na casa da amiga. Eu aperto quem eu posso apertar. É bom, é bem bom.
Sono da apertada e há duas que falam e acompanham no gin e no cigarro. Imagino ataques, imagino segredos e nem tento nada porque, é bom lembrar, sou educado e simpático.
É tarde, bem tarde e o sono da apertada atinge a todos.
Há sacanagem na cama e vómito no banheiro. Vómito (óbvio) da bêbada tardia, mas quem se importa?
Há uma bela bunda, peitos que são melhores do que sua dona acredita e dedos instruídos para dentro de uma buceta.
O vómito termina e meu quarto-e-sala está cheio. Há chances. Siriricas? Punhetas? Quem sabe algo de ladinho? Mas nada de nada.
Falta paciência, falta espaço, falta qualquer coisa que nem imagino o que seja.
-
Quando acordo penso se ronquei ou não. Concluo que sim porque simplesmente ronco.
Vejo-as saírem e penso que ainda falta.
Faço café e lembro do que gosto:
voz aguda, falsa segurança, meias-calças que desaparecem, medo discreto e - ainda que em menor grau - jogo cujas regras desconheço.
Mas quem se importa?
-
-
(Domingo à tarde. Assim: sem ser à noite e sem ser dia útil. [Almoço talvez]. Domingo à tarde. Tem O Globo e as horas arrastadas. Tem a casa e o cinema às 18:20. Domingo à tarde...)

1 de junho de 2011

1 metro e 58 centímetros, ela disse.

Ela fala sobre "fodas fantásticas" e sobre "Rock'n'Roll".

O problema não é o Rock ou a atração irresistível que ela sente por gente suja. O problema, claro está, é a crença em "fodas fantásticas".

Ela diz: "pica de mel", "caceta de ouro" e "macho fodedor".

Eu não entendo, eu sou católico. Eu tento e pergunto: - de que você tá falando?

Ela nem liga e diz que quer um Macintosh. Comenta sobre as vantagens do Mac e ressalta que o "último macho fodedor" que conheceu era um cara que entendia tudo (tu-do, ela diz) de Mac.

Eu tenho limites e tento me impor. Falo de Deus, do Diabo, da Árvore Proibida. Ela ri e pergunta se eu curto o Metállica. Digo "não sei" e ela diz "eles são super católicos".

Fico surpreso e sorrio. Eu sempre sorrio.

Esse papo não tem sentido, mas, quem sabe?, ela me dá. Penso isso e penso o óbvio: não dá pra acreditar em quem acredita em "fodas fantásticas".

Daí, depois de pedir uma tequila (ela disse: tequila now), comentou sobre o câncer do pai e sobre como sua mãe parece satisfeita em ter um marido moribundo.

Ela riu, eu ri e a gente ria. Confesso que nunca vi tantos dentes em uma mesa. Tesão, seu nome é dentes.

Mão na mão, mão na coxa e beijos como mordidas.

Dane-se o "Rock'n'Roll", os sujos e as "fodas fantásticas."

- Se você é católico mesmo tem que me dizer 'eu te amo.'

- Eu te amo, eu te amo.