31 de agosto de 2011

  • Não houve cartinha esse ano. Talvez não haja, talvez haja a última. Concluo que estou virando um homenzinho e, também, que tenho um bocado de humor.
  • Ontem: eles reclamam que o RJ é o RJ e não BH ou SP. Reclamam também que 2011 não é 1978 ou 1992. Há ainda a queixa contra a Globo - porque supõem que o ator do interior de Santa Catarina não ambiciona entrar para uma novela.
  • Do mesmo. Ou quase. Generosidade. Eu acredito em generosidade. Não estou falando em ser servil ou legal com todos. Generosidade é o mínimo que se espera de amigos, por exemplo. Não é nobre ou grandioso. É mesquinho e pequeno como: oferecer um drop's, um pedaço do sanduba, uma moeda que completa a conta, uma carona, uma caixinha pro cara que serve a cerveja, um cigarro pro bêbado, uma mochila emprestada, um papo com tia solteirona e chata, etc.
  • Meu dedo pra lua. Está tudo bem. Um dia de cada vez como mantra. Não é bonito nem divertido, mas é o que é. E lembro do meu humor e repito: estou mesmo virando hominho.  

29 de agosto de 2011

  • As lufadas de ternura / Um dia após o outro / É essa a tortura.
  • Ela me elogiava e eu achava bom, bem bom. Secretamente pensava: ela quer dar pra mim. Podia ser, ainda pode ser. Mas vi, pelas maldições do mundo em rede, que ela bate palmas pra idiotas com bastante desenvoltura. Fiquei triste. Pensei: ela pode até querer me dar, mas não será a mesma coisa.
  • A dor é minha e o problema sou eu. Essa frase é toda minha vaidade. Simples: ser vítima é generosidade demais, uma vez que pressupõe um algoz. Sofro sozinho. Não sofro nem mais nem menos, mas sofro sozinho. É vaidade, eu sei.
  • Saudades de brincar com os lábios que lentamente umedecem. Aquela bába fantástica que a vagina produz. Lembro de uma bába dessas que grudou em minha barba e que esticou sobremaneira. Fio longo e transparente que cintilava na luz indireta que há agora em minha casa. Olhei aquilo e pensei em dizer pra ela reparar também, mas não o fiz. Medo de ser mal interpretado, essas coisas. Uma pena.
  • Os planos, os projetos, as boas intenções. A coisa toda que é sincera, mas e daí? Sinceridade é super estimada, amor também. Há, de modo geral, um excesso de valorização dos bons sentimentos. O que é meio estúpido e tem a ver com o mundo de hoje: a ilusão da voz que a Internet dá e coisas do tipo. A individualidade como um tipo de virtude. E que Deus nos perdoe e ignore as bobagens que são escritas em rede. Porque a palavra escrita já teve força de lei, porque a palavra escrita já foi a palavra de Deus em pedras que versavam sobre a moralidade do planeta. E agora é o que? Um feed cheio de sacadinha, uma reclamação engajada que deseja ser curtida por muitos ou uma expressão de idiotas que se sentem únicos?
  • A originalidade é um fetiche que faz mais sentido para uma gôndola de supermercado do que para a expressão artística. Mas estou por fora e há muito a ser feito, eu aprendi. E o que é feito tem grande capacidade gregária e pouco mérito artístico. Aprendi, mas não concordo: se todos lhe disserem um gênio, um gênio será.
  • Arrancar caspas com as unhas é minha última mania. Além de tudo, que é: a farta barriga, a boca aberta, o sotaque confuso, os dedos amarelos, a raiva inevitável, o pouco interesse pelo desconhecido, os porres diários, os olhos arregalados, etc. É mais um nojinho na fita. Mais um problema que uma boa mulher tentará resolver e com quem implicarei por não me aceitar como eu sou. E sei que é um absurdo e que a boa mulher tem sempre razão e que, com a devida paciência, me convencerá a ser quem eu não sou e eu nem me importarei. Porque será a boa mulher. E irei a praia, e farei exercícios, e deixarei de fumar, e pararei de roncar, e verei filmes sem falar, etc. E direi eu te amo e será verdade. E ela dirá eu te amo e será verdade também. Morreremos velhinhos, bem velhinhos. Com diferença de dias entre uma morte e outra - que é como sempre teremos desejado.      

26 de agosto de 2011

a união faz a estratégia

Se pudesse
ser outro
que não eu,
seria aquele que,
sempre sorrindo,
se junta aos outros
que sorriem sempre também.

Que assim estaria
mais idiota
e mais alegre
e pensaria em mim
como um grande mobilizador
de boas intenções.

E não pensaria no inferno
e não falava mal de ninguém.

Ficava apenas esperando
o bem que vem
pra quem também
só faz o bem
e diz inveja branca
e, mesmo achando o contrário,
fala que a-d-o-r-o-u
o que fez 
o amigo de infância do
último mês.

Se fosse outro
que não eu
fazia tudo
que fazem
e mais um pouco:
comprava presentes pra todos
pagava contas de bar
repetia pro mundo
e ainda postava no facebook
pra registrar:
você merece m-u-i-t-o
as suas conquistas.

Fosse quem não sou
fazia um monte
e nem achava feio
essa mania de amor
que só ama
quando se equilibra
no meio.

22 de agosto de 2011

porque sim.

  • Mulheres que alimentam pombos. Já vi uma, já vi duas, já vi várias. Nunca vi um homem que alimenta pombos. Pode parecer machismo, mas não é. Onde estão os homens que alimentam pombos? Porque eles existem, mesmo que não os veja. E devem ser o coqueluche nessa turma de mulheres que alimentam pombos. É um ruído que percebo em bares.
  • Meu ódio é algo imenso. Deixe-me explicar: se estivesse em terapia, faria perguntas: - Por que sinto tanto ódio? Ódio é normal ou estou só? O que posso fazer pra conter esse ódio que sempre aparece e que nem sei se é assim mesmo ou se é só tristeza? Devo tentar ter pensamento positivo ou isso é estúpido como parece? E os otimistas que falam pelos cotevelos e sorriem pelos póros? Só eu desconfio deles?
  • Teve o dia genial. Eu me sentia bem. Era tudo simples, mesmo que doloroso. Quero dizer: eu dizia pra mim mesmo: tudo normal. Estava satisfeito. Era como se tudo fosse questão de tempo. Algo que mamãe sempre fala, por sinal. Mas, meu Deus, é só isso? Viver, morrer e lidar com os delírios? Queria mesmo era a outra coisa. O quê? Não sei. Talvez um dia.
  • Desaparecer é um tesão. Como idéia. Simples: sumo daqui e viro outro, ou nenhum. Tanto faz. A fodinha do mal é a sequencia: um dia após o outro, a aceitação de que é assim mesmo e a necessidade de ganhar a vida biblicamente.
  • Solidão tem a ver com piadas sem graça e com vontade de virar outra pessoa. Nada perdoa nada e, agora, os meus amigos são chatos e repetitivos. A palavra "amigos" é super-valorizada em nosso século. Queria mesmo era foder uma buceta como um cão fode uma cadela. Sente o cheiro e arrisca a cópula. Se grudar que Deus abençoe ou a água separe. É uma pena não ser apenas cão/cadela, não é?
  • Beijinho pra ti, minha paulista. Tesão secreto para o Kuati. Que Rj e Sp sejam as cidades do até logo. E que Deus, que deve ser o cara que cuida do mundo inteiro, seja velho, tenha perdão e seja bom de papo.   

19 de agosto de 2011

Éfinho vê teatro.

É uma peça chata em que ficam brincando de ser ou não ser teatro. Como se houvesse dúvida, como se - de fato e realmente - os atores em cena pudessem não estar em cena e, portanto, não estarem interpretando. Um flerte com essa ideia que anda por aí e que se convencionou chamar de não-interpretação.
A tal peça tem alguma inteligência que eu, infelizmente(ou seria felizmente?), não compreendo. É o teatro como sacada, como situação "atores-diante-do-público" levada ad infinitum. Eu não entendia porque riam. Quando ri, sorri e fui honesto. Quero dizer: o aparte (esse recurso ancestral e legítimo) é legal e tudo, mas, bem, há limites. Ainda mais um aparte que 'conversa' com a plateia - como se fosse natural e não artificio.
Olhando aquilo pensei em tudo que não quero e não me interessa. Teatro pra dentro, voltado pra uma ideia de inteligência de salão que faz com que os momentos engraçados sejam um desfrute para os que captaram a mensagem - ou melhor: a sacada.
É o teatro blasé e cheio de referências pós-dramáticas - esse termo/conceito que está aí e que explica o melhor e o pior do teatro contemporâneo.
Na peça chata havia champanhe e taças e belezas e tudo, tudo mesmo, era lindo. Os atores, a luz indireta, os movimentos de corpo que significavam alguma coisa que eu nunca entenderei... um mistério.
E o texto brincava uma única brincadeira: o ator dizendo sobre o personagem que ele representa: "- então ele resolve sair" (o ator que é o ele, o personagem, o performer consciente do aqui agora, etc ad infinitum) "e ele fala pra ela: te adoro". E então esse ator faz agora o 'ele' com mais 'verdade' e diz: "te adoro." E a cena continua. E muda para atriz: "- e ela sorriu", e a atriz sorri, "e disse: eu não te adoro", e a atriz, cheia de sacada diz: "eu não te adoro."
90 min. E não gosto de sair no meio Deus sabe porquê. Deve ter a ver com meu catolicismo e o lance da culpa...
Seja como for, estive lá, me aborreci e nem doeu. Ver teatro chato e afetado assim me dá uma puta vontade de montar a banca do meu teatrinho - que pode não contemplar a inteligência cheia de sacadas, mas que não te aluga e vai pra fora.
Não alugar, em se tratando de obras de arte, é, pra mim, um puta dum mérito.

*
Tem uma frase de uma música do R. Seixas que gosto muito e que, as vezes, me parece o próprio sentido da vida: "Só vou curtir meu roquezinho antigo/que não tem perigo de assustar ninguém".

17 de agosto de 2011

auto suficiência.

Só conseguia gozar
quando trepava por cima.
Explicava que assim
o clitóris encostava melhor.
Quando gozou por baixo
se revoltou,
disse ser opressivo
a mulher estar por baixo
e dedicou-se à paixões lésbicas.
Os orgasmos vinham da fricção
e lhe lembravam o travesseiro
que a fez gozar pela primeira vez.
Desistiu.
A solução veio da Internet:
um dedal com bateria mínima
que a satisfazia como ninguém
nunca a satisfez.
Descobriu:
essa coisa de trepar com gente é muito complicada.

16 de agosto de 2011

as loucas que me dão tesão.

  • perco a mão aqui ou ali, mas o que fazer? Sou sucetível e meu pinto, ele mesmo, o pau, anda todo errado. Quer entrar em carnes que nem sabe e nunca viu. Imagina massagistas que se apaixonam por ele, o pobrezinho.
  • vem da esquina. As mulheres mais lindas do Rio de Janeiro estão ali. Fico inflado e penso: casarei com uma dessas mulheres lindas. Porque são lindas. E porque casar com feia não rola, fico solteiro. Não sei se estou limitado, mas afirmo: as mais lindas desfilam na Rua da Passagem com a São Manuel.
  • o otimismo é uma praga e uma bênção. Assim: na mesma proporção. O empate mais escroto da terra. 3X3 no último minuto de jogo. OK, ta aí a emoção do jogo... mas, Meu Deus, quem, depois dos 30, acha que a emoção do jogo é tão emocionante assim?
  • Tinha essa magrela, de sobrancelhas finas demais e voz fina que eu realmente gostaria de ter comido. Comê-lá, no caso, seria a cereja do bolo. Não por nada, mas porque ela me dar seria um processo natural, mesmo que lento. Ela não me deu. Ela sumiu de um jeito meio idiota que super-valoriza o ato de sumir. Eu não comi a magrela e descobri que a cereja do bolo só é boa quando o bolo já foi devorado.
  • se fosse pra eu agir loucamente pela necessidade de mulher, eu iria até o Itaú. Que aquela gerente com cara de passarinha não me sai da cabeça e tá aqui do lado diariamente das 10:00 às 16:00. Além da linda cara de passarinha ela usa saias floridas que ressaltam sua bunda surpreendentemente empinada. Tem grandes chances, inclusive, dela não ser do RJ - o que é ótimo, pois logo estabelece um assunto simples e que pode render horas. Seja como for, ainda mando no meu pinto(pau, que é como macho fala) e sei que ele não é lá o meu órgão mais confiável.   

14 de agosto de 2011

(*_*)

Soltava peidinhos como quem marcava gols em partida empatada.
"Prisão de ventre é um problema tão solitário", ela dizia.
Cada pum, uma vitória. Cada ventinho, uma satisfação.
E, assim, caminhando pelas calçadas, levantava os braços em uma comemoração que quem visse jamais entenderia.

11 de agosto de 2011

Tesão tá tudo certo, ela diz.

*
- Parece tesão, mas não é.
- Como assim?
- É mais como um monte de luzinhas que piscam quando estou quase dormindo.
- ...
- Entende?
- Claro, claro
*
- Foi meio de repente. Eu disse não e ele insistiu e me beijou.
- E?
- Ah, querida, aquela coisa: tesão do caralho em ser contrariada, né?
*
- Fiquei olhando, olhando. Pela primeira vez achei um pau bonito.
- Sério?
- Claro, olha aqui.
- O quê?
- Aqui... meu pescoço...
- O que é isso?... Uma marca...?
- Um chupão!
- ...
- Achei o pau dele tão bonito que deixei me dar chupão.
- ...
- É amor, não é?
- É, é.
*
- Amiga, vou te pedir uma coisa...
- Pede!
- Não me chama de flor, tá?
- Mas...
- Essa coisa de pétalas acaba comigo!

8 de agosto de 2011

Santinha, só você.


*
Estou triste,
Estou cansado.
*
Preciso de uma mulher boa,
Que me chupe o pau com ternura
e, eventaulmente, me chame de meu amor.
*
Que tenha os cabelos longos
e que acorde calma pela manhã.
Que me convença a comer frutas
porque o beta-caroteno das maçãs
é mais eficiente do que a cafeína.
*
Estou cansado
e preciso de uma boa mulher
que tudo me explica
e à tudo me convençe
porque tanto me ama.
*
Uma mulher boa
porque,
amado assim,
acredito em tudo
dos absurdos
que me dirá.

7 de agosto de 2011

Angeli -

Ele mesmo. O cara. O fino. O que só sai de casa pra se encontrar com o Laerte.
E também porque o "da pesada" merece voltar.

ao vento

  • Ver as gentes, participar do mundo, tomar cuidado para não ser indiferente demais. Andar 20 min. por dia e, após a caminhadinha, acender um cigarro e encher e esvaziar o pulmão como um ato voluntário. Dormir 6 horas por noite, evitar a vasta pornografia da Internet e, a cada 15 dias, telefonar para a avó. Quem sabe perder uns quilinhos.  
  • Creio que a massagem finalizada com ejaculação é uma das melhores práticas sexuais já inventadas. Estou falando de modo geral e também de modo específico. Geral: o corpo massageado relaxa e se torna mais sensível. Específico: o preço é justo e mais importante do que beleza são boas mãos. E o risco de doenças contagiosas, em ambos os casos, é quase nulo: no máximo uma sarna adquirida de um lençol mal lavado. Coisa simples que qualquer pomada resolve.
  • Leio Ana C. - que é um nome bem melhor do que Ana Cristina Cesar. É legal, mas não sei. Quero dizer: não entro numas com Ana C. Parece-me datado e super-estimado. Mas é que sou ignorante e poesia é um treco difícil pra chuchu. Li poesia na adolescência: Pessoa, que é quase um clichê; Leminskão por curitibanice e Vinícius, que é um poetinha muito do bacanudo mesmo. Depois disso teve M. Bandeira e o M. Quintana... e.... e... não lembro...Quer dizer: lembro, mas não vale. É que depois desses foi só na onda de ler aquilo que a gente acha que é importante ler. E, pra mim, isso da muito pouco certo. Sou um leitor limitado: não gosto de escritores que tenho que desvendar, a obscuridade não me atrai.
  • As moscas estão voando por aqui. É uma pena, uma grande pena. Porque as moscas aparecem mesmo com a casa sendo limpa quase diariamente. Penso o que poderia fazer a respeito, mas nenhuma conclusão me agrada. Melhor me conformar com às moscas. Ou então partir para as fotos de nudez que tanto movimentam a Internet.
  • Faço minhas contas. O plano ainda é o mesmo, mas evito o sofrimento. Sofrer não é importante, como achava uma ex-namorada. Sofrer é, no máximo, inevitável. Mas importante IMPORTANTE,  não é. Meus planos, por ora, me bastam. Não são milagrosos, mas fazem parte do possível... Possível: as pedras que apenas pedras são.   

5 de agosto de 2011

Mi Profeta Frustrado

  1. ESTILO seria me telefonar às 01:34 da madrugada, dizendo: "- Bora beber a saideira. Estou bêbada e eufórica e a culpa é sua. Não aceito um não."
  2. Desaparecer é mérito de mágico: exige treino e perícia. Desaparecer não é sumir. Estou falando sobre um ato bem ensaiado X um ato mal ensaiado. A idéia de que "simplesmente desaparecer" é um grande número é um erro que nenhum mágico comete. O mágico sabe que 40% do efeito da mágica está na antecipação do mistério, quando o bom mágico, canastrão como deve ser, anuncia: "- E agora vocês verão algo que seus olhos não podem acreditar..."
  3. A vingança de J é um bordão. J tem vinganças que sempre se manifestam - o que a torna uma pessoa bastante confiável. Mesmo que seu bordão, como não poderia deixar de ser, seja cheio de uma terrível maldade paulista - dessas que desconfiam de toda generosidade gratuíta. Mas, cá com meu umbigo, penso divertido: "- o que falta a J é a tolerância com os pecadinhos, a permissividade católica." 

4 de agosto de 2011

Júlia Não é da Família.

4 -


E foi isso. 3 dias geniais. Posso até dizer que me apaixonei. A Júlia foi a mulher da minha vida. Cheia de vitalidade e falante pra caralho. Uma coisa. Fodas sem fim e até café da manhã me trouxe na cama. Me disse, cheia de doçura: “- acredita que mesmo sendo dadeira (adoro essa palavra. Aprendi com o Caetano, sabia?) nunca tinha levado café na cama pra ninguém?”. Claro que não acreditei, mas que diferença faz? E depois que ela foi embora lembrei que tinha dito que sempre trepava em motel, pois ninguém que ela conhecia morava sozinho. Achei coerente. Acreditei nela: sou seu primeiro café na cama.

Júlia, Julinha, amiga irmã da minha prima preferida. Corpão absurdo e facilmente impressionável. Chegou até falar que, se viesse morar no Rio, ia me querer de vez quando. “Pode ser meu pau-amigo, né?” Descolada pacas, admito. Até fiquei com vergonha quando, em homenagem ao último dia, me ofereceu seu cuzinho. Descolada pacas. Será que minha prima é assim? Deus queira que não.

No último dia dela aqui era o dia da tal prova de resistência física. As provas eram sempre pela manhã. A Júlia voltava cedo, 14 no máximo. E, pra minha sorte, havia chuva e nenhuma chance de praia. Nesse último dia dei o melhor golpe da minha vida: comprei carne assada no bar e fiz arroz e salada. Requentei a carne assada com um tiquinho de rum e disse que eu que tinha feito em sua homenagem. Carne assada com rum importado nem pensar. Nem se fosse eu quem realmente tivesse feito carne assada. Mas colou e eu faturei seu cuzinho. Be-le-za, digo em sua homenagem.

A Julinha foi rápida. Descolada pacas, eu disse. Na hora de dormir se virou pro lado e lançou: não me encosta que eu não respondo por mim. Encostei e, bem, é como eu disse: Julinha a mulher da minha vida e quiçá minha futura buceta-amiga. 21 anos, meu Deus! Como pode? Quando contei pro Roberto ele achou que eu mentia. O Roberto, católico como eu, só acreditou quando jurei pela alma da minha mãe.

Minha prima me mandou um recado no Orkut: “Julinha te adorou, falou que você foi super gentil com ela. Brigadinha, primo”. Respondi: “que isso? conte comigo” e fiquei pensando se ela também é assim descolada. Deus queira que não.

- fim -

2 de agosto de 2011

be-ze-la ou be-le-za.

Entre as 21:34 e 23:47 me dediquei à mim (sic). Era uma bicha elocubrante diante da janela: olhava o Cristo e pensava, ouvia a música do Villa Lobos e pensava. Em outras palavras: eu pensava. E era isso que eu queria e foi isso que fiz. De modo que, mesmo seduzido, nem posso reclamar: era o que eu queria.
Não desejava encontros, papos de amigos, celebrações que nem cogitam a realidade do tempo. Porque o tempo é real, bem real. E dói e é bom e ruim e melhora também e tudo de tudo e etc - mas o tempo, ele mesmo, passa e, passando, fica. E a realidade do tempo é o que desejo pra mim e acho decente - porque, cá comigo, a merda seria achar que o tempo não existe ou é relativo, como uma fórmula matemática pop que se usa por aí quando se esquece que a tal fórmula foi formulada (sic) especificamente para reflexões matemáticas.
(Deus, em um sonho me disse, que perdoa e perdoará todos aqueles que um dia disseram "o tempo é relativo, Senhor." E à isso chamemos, sem pensar muito, de Coerência Divina. Porque Deus, se Deus existe, é só perdão.)
Fica assim: satisfação de experimentar uma ego-trip simbólica que só diz respeito à mim.
Como um tesão enrustido ou uma punheta secreta.

Fé, Fi, Fó, Fú(s.r)

  • entrar naquelas carninhas que conheço bem. Lembrar dos lábios, levemente tortos, que você me acusava de ser responsável pela tortice. E à isso a gente chamava amor. E éramos felizes. Felizes de maneira geral; que feliz - FELIZ MESMO - só o Tom pegando o Jerry.
  • os diminutivos eram o fetiche mais velado de todos. Só noto hoje: os anos passados, a vida pior, a generosidade promovida pelo tempo... poderia dizer SAUDADES, mas não seria preciso. SAUDADES é passional demais e, veja bem, éramos tão calmos em nossa agonia diária que SAUDADES seria fazer de conta que não prestávamos atenção naquilo que vivíamos... uma injustiça.
  • posso tentar achar sua próstata?/ Pode./ Pensa bem, é meio viado isso./ Não é nada. / É sim./ Eu deixava até você usar uma dessas cintas. / Credo! / Como assim? / Imagina que escroto... eu com aquele troço... / Tem razão./ (...) / Mas é que eu te amo, entendeu? / Entendi, entendi... mas cinta não, né? / É... credo... cinta não. / Rá, eu te amo. / Eu sei... eu sei...
  • tinham as férias. Tinha a certeza. Tinha o dia após o outro mais lento e pacífico do mundo. Uma briga pra foder melhor, um ciúme pra lembrar do amor e a vida... a vida era mesmo um grande plano, não era?   
  • não me chame de QUERIDÃO, não me chame de AMADO./ Você é intolerante, cara./ É, eu sou intolerante.