1 de fevereiro de 2009

loucura, liberdade e a cerveja de domingo.

A loucura é uma beleza e uma grande fantasia. Viver em outra ordem, de outra forma, com outros desejos. A loucura é um ideal. Ali onde D. Quixote existe, ali onde a linha que separa o pensamento do acontecimento é apenas uma prova de que a realidade, sem a ação do pensamento, é insuportável e, ainda pior, limitante.

No último ano pensei muito em liberdade. E liberdade, como um tipo de desejo profundo da nossa espécie é, sem dúvida alguma, um desses valores sagrados que sempre permeou a vida humana, já que essa é capaz de se pensar como vida humana.

Nas tragédias a liberdade é questão, nos grandes movimentos também. Os hippies falavam sobre a liberdade, os comunistas também. Ouso até dizer que mesmo o Sr. Hitler tenha falado disso, embora, de fato, nunca tenha lido algo que me prove isso.

A loucura, em sua plenitude de ideal, ou seja, naquilo que ela tem de melhor, deseja, antes de tudo, a liberdade. Liberdade para ser louco, para não dever explicações. Liberdade para ser sem existir, para que sejamos, enfim, o ser puro que só existe como puro instinto, sem o lapso entre o pensar e o agir.

A nossa dureza de bicho homem é essa: temos a habilidade do espírito e da alma, mas sofremos por saber que essa habilidade existe.

Nesse sentido, somos um bicho dividido e isso nos constrange de maneira profunda e cruel, afinal o constrangimento só existe graças a nossa possiblidade de julgar as ações, sejam elas privadas ou públicas.

Nós pensamos sobre o mundo, mas o mundo não faz questão disso e, isso, isso de pensar sozinho e sem a participação do mundo, é uma dor sem fim, um constrangimento terrível que desafia a gente como ser humano e nos coloca no desprezível lugar de animal.

A ideia de ser só instinto pode ser muito bela, mas a partir do momento em que entendemos que toda e qualquer ideia é apenas resultado da nossa capacidade peculiar de julgar e pensar o mundo, entendemos que a ideia de viver só por instinto é impossível já que ela surge como uma ideia, ou seja, como uma manifestação daquilo que nos divide e dilacera: a velha e plene dor do ser que é espírito e corpo ao mesmo tempo.

Portanto, a liberdade, ou mesmo o desejo de loucura, são, ainda que por via negativa, coisas que afirmam nossa terrível condição humana: um ser dividido que se atrapalha entre o agir e o pensar. Um ser que com sua habilidade criou tudo que existe, para o bem ou para o mal, tudo que conhecemos: a guerra, a internet, a morte, a literatura, o amor, a inocência, as artes, a ciência e etc.

Não tem fim essa lista de coisas. Somos, ainda que contra nossos ideais, seres que criam seu próprio mundo. E esse é o nosso terror e o nosso encanto: temos todas as possibilidades, mas não podemos usar todas ao mesmo tempo.



relatinho.

Sonhei hoje com 3 crianças que se pareciam muito entre si, mas que eram primas e não irmãs. A gente tava num tipo de praia, mas o mar não importava muito porque era uma praia com muitos morros e declives. E a gente andava e as vezes elas saiam correndo na minha frente e tinha uma delas que sempre pegava na minha mão e me perguntava "elas vão voltar, né tio?" e eu dizia sim, mas apenas para tranquiliza-lá porque eu não sabia como elas apareciam e desapareciam assim. E toda vez que elas voltavam, elas apareciam correndo atrás da gente e a gente via as 2 correndo e elas corriam muito rápido e uma jogava areia na outra e a que tava comigo fazia um gesto que uma das minhas sobrinhas sempre faz, que é colocar a mão na testa, como que quem diz "dêr". E ela achava graça daquilo porque as 2 estavam lá, correndo e jogando areia uma na outra. E aí ela, essa que tava comigo, começou a apertar muito a minha mão, e apertava a minha mão e me olhava com uma cara triste como se quisesse que eu a ajudasse, mas eu não podia fazer nada e ela só apertava a minha mão e me olhava, e ela parou de andar e eu fiquei de mão dada com ela em silêncio. E nós 2 sentamos no chão e aí eu acordei. Então é que foi realmente estranho porque nunca tinha me acontecido isso, eu estava de pé ao lado da cama, assim, de pé, como se eu fosse um sonâmbulo ou sei lá o quê, eu tava de pé e segurava o copo d' água como se fosse brindar ou coisa assim. E eu acordei de pé e fiquei assustado por acordar assim e fui tomar banho e vim pra cá e escrevi no meu blogue idiota porque é um tipo de atividade que eu tenho e que me faz sentir bem. merda, eu disse quando eu notei que tava de pé.