28 de outubro de 2008

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a bunda pra lua com o cu na reta.
Tem que ter tomada de postura e decisão. Não é nada abstrato, é direto e definitivo. Mesmo que sem a obrigação de ser fiel a si mesmo. Tem aquela merda que te revira, aquela merda que é a mola e que te faz falar de várias coisas. Mas que é uma só, uma de cada vez pelo menos.
Tem que ter obsessão. E obsessão não pode durar meses ou estações, tem que durar pelo menos 2 anos.
Há certas defesas que se devem fazer: das suas ideias, das suas taras, dos seus preconceitos. Gente sem preconceito não presta e quem aceita tudo não morre. E quem não morre não pode entender a merda da vida.
A merda. A mesma merda que te revira. A merda que é mola. A boa merda.
E tem mais: você tem que querer ser grande, não pode se bastar com pouco. Claro que pode, mas não deve, não se você tem a pretensão de ser artista. Porque ser artista é uma pretensão. Sempre será. E se essa é a sua pretensão, você tem que ter uma merda bem grande te revirando e te sujando por dentro.
Aqueles caras que você admira tinham essa merda, se remoíam por essa merda e alguns deles até morreram por essa merda. Por isso que aqueles caras eram aqueles caras, por isso que eles continuam por aí, invadindo a cabeça dos outros, espalhando a merda póstuma deles. E isso que faz deles gênios. Isso e outras coisas mais, mas que não vêm ao caso agora.
E é por essas que posso falar mal de quem faz teatro. Teatro tem sido a minha merda. É onde tenho, melhor ou pior, revirado minha merda-mola por dentro. E que fique claro que não estou falando de qualidade ou competência, mas de ambição e pretensão artística. É claro que a gente nem sempre emplaca e que quem muito fala pouco faz, mas dane-se. Minha merda também se manifesta assim.