30 de outubro de 2011

por ora.

É tipo um fetiche, um fetiche no ar. Sonho baixinho, solto meus resmungos e tento entender. Entendo menos do que eu queria, mas paciência. Fosse precipitado acusaria à todos: bundões, limitados, satisfeitos com migalhas, felizes por terem saúde, aventureiros mequetrefes com visto, motivo, passaporte e objetividade tacanha. Mas nem sei. E nem é isso. Sei do meu sonho, dos meus problemas, do meu ronco, de ser grosso pela manhã. Mas não é isso também. É meio romântico, assim: - o que é que você quer da sua vida? E nem vale dizer "felicidade", "simplicidade" ou "horinhas calmas de alegria distraída." Acho que a melhor palavra é TESÃO. Porque a vida comezinha, o dia a dia já é e já tá dado. Estou falando de grandes experiências, de gente que crê sem provas e que te convence que essa mania de controlar tudo é a fuga mais covarde dos mais covardes dos seres. Pra sonhar posso sonhar sozinho. Mas, por se só e nem achar a solidão é ruim, insisto: o TESÃO precisa ser compartilhado.

25 de outubro de 2011

antes da janta.

Era um jeito de sentar e passar o tempo. Se sentir bem, achar que a vida tá boa, essas coisas. A mesa era farta e havia uma mulher que me alimentava. Beleza.
Dia depois de dia até o dia mais besta e mais triste.
O verdadeiro adeus não tem acenos de mãos ou epílogos. É uma bobagem, uma distração, um até logo.
O incrível é que as crianças gostam de aniversário, mas já sabem que com 30 não gostarão tanto assim.
O tempo gotas. As coisas acontecendo. Não como os belos planos, mas como são: lentas, lindas às vezes, ordinárias geralmente.
Cigarrinhos que cansam, mania de culpar os outros e devaneios de ano-novo são coisas que passam. Não é bom, não é ruim. É o que é: a vida comesinha que não passa nos filmes da sessão da tarde.

23 de outubro de 2011

é domingo e tem r. charles na vitrola.

  • ouvir as músicas dos pretos e achar que o mundo é bom. Não resolve nada e isso não é importante. Prazer: essa delícia que é tirar as casquinhas de uma ferida.
  • fosse paixão escolha, resolvia: a moça que tirava fotos e de quem não ouvi a voz. Descobri seu nome por facilidades de facebook, mas concluí: essa coisa de romance pela Internet é um bocado brega.
  • os coleguinhas estão tristes e eu também. É falta de coisas antigas. Utopia, por exemplo. É difícil sem o mínimo de utopia. A realidade é uma cidade feia; a utopia é a satisfação de um desejo. Tenho que entender isso melhor. Porque é fatal e tem que querer ser fatal, desejar ser fatal. Ou então será apenas mais um aspecto da vida. Assim, como um super-mercado que divide seus produtos em gôndolas. É prático e eficiente, ninguém duvida; mas, ah, vamos lá, ainda é legal sonhar que a vida pode ser inteira.
  • onde está sua realização? Sentir-se realizado é o fino e o sentido. Sentido inventado, é bom lembrar. Então cumpre-se missões, dedica-se a projetos, esforça-se para fazer junto o que poderia ser feito separado. O que há? O que sustenta? Devo estar numa fase mística-amorosa e, por isso, respondo: ou sua vida tem importância para além de si mesmo ou sua vida é um monte de cacos reunidos num suspeito mosaico. Ter bons cacos não é ter uma boa vida. Se é pra ser utópico: que a vida seja inteira e enorme e, não a soma de diversas 'coisas positivas.'
  • o amor é bom e acalma. A merda é que deixa as pessoas apáticas e satisfeitas. Ama-se com facilidade e conveniência. O amor é um bem que facilmente vira mal. Torna-se o deposito de tudo que pode ser e não é. Amor que é apenas coqueluche. Amor como caixinha dourada, como plantinha semeada para que vire árvore e forneça sombra. Sombre pra quê? Amor que só dá paz e não produz, que não se mistura com a vida e nem cria coisas novas.
  • lembrei hoje: o cara do ônibus que fez um discurso choroso dizendo ser HIV positivo. Fiquei encarando ele porque acho apelativo esse tipo de coisa. Ser HIV não justifica nada. Ele pedia dinheiro. Não lembro se só pedia ou se vendia algo para pedir. Eu tava no meio do ônibus. Antes de passar por mim, teve duas pessoas que deram dinheiro pra ele. Fiquei olhando. Ele passou e foi até o fim do ônibus. Depois voltou, parou onde eu estava e disse: "- obrigado por me olhar enquanto eu falava". Ele falou choroso como antes e fiz um sinal de cabeça. Pensei o óbvio: o mundo tá todo errado. Eu o olhava por desconfiança e não por generosidade. De qualquer maneira - e também por gracinhas do mundo - acreditei que ele era realmente HIV positivo. Mas não dei dinheiro pra ele. Jamais daria.          

18 de outubro de 2011

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Seu sorriso tem rugas e meu pau tem sardas.
Poderíamos considerar um destino, um milagre,
um mistério a ser desvendado... essas coisas.
Meu pau tem sardas e seu sorriso tem rugas.
Mas gente é simples: basta-nos um empate.
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Tenho os meus sonhos e faço contas. Sinto um medo terrível dos meus sonhos. Porque são bons de sonhar e porque a euforia me agrada. Sinto tesão e deliro com facilidade. Parece simples e isso - isso de parecer simples - é algo muito suspeito. Porque sonhos não são simples e porque sonhos são construídos lentamente: um dia após o outro, uma dor depois da outra, um furúnculo do qual nunca se extrai o carnegão. Sonhos: não os realizar é uma tristeza, realizá-los é um perigo.
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Em 2003 a vida era mais simples. Em 2006 também. Se tudo der certo, em 2012 a vida será ótima, mesmo sem ser simples. As continhas são boas e o impossível é apenas um detalhe lógico que não deve ser levado em consideração. Estou falando de radicalidades, por mais discreto que eu seja.
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Há muita confusão: o fato de eu escrever um blogue não faz de mim um escritor.
Há muito confusão: o fato de ter livros publicados não faz de mim um bom blogueiro.
Há muita confusão: um bom blogueiro não é necessariamente um bom escritor. E vice-versa.
Há muita confusão: um autor publicado não é um bom escritor.
Há muita confusão: um bom escritor não é necessariamente um artista.
Há muita confusão: um artista não faz bem tudo que ele faz.
Há muita confusão: fazer tudo não é ser eclético, é ser bundão.
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Controlar a ejaculação é simples. Requer alguma técnica e um bocado de punheta. O lance é, e continua sendo, o pau duro e a buceta úmida. E, veja, nem estou falando, dos encaixes perfeitos que podem rolar, mesmo sendo mais comuns em amor e coisas do tipo. Quero dizer: depende-se do mínimo (nem tão mínimo assim) que é uma buceta verdadeiramente úmida e um pau verdadeiramente duro. Isso porque existe muita buceta seca que satisfaz e muito meia-bomba que causa comoções. Em outras palavras: há muito erro nessas jogadas.      

14 de outubro de 2011

Bukowski, Pé Na Estrada - Volta Redonda, Petrópolis e Macaé.

O Governo do Rio de Janeiro e a Secretaria de Estado de Cultura apresentam o projeto SIGA O BUK, adaptação de contos de Charles Bukowski - da Anti Cia de Teatro.
Em cartaz desde 2008,
Buk na Rua - Teatro Noturno Para Adultos Insones
foi visto por aproximadamente 15.000 pessoas; e se apresentará pelo Circuito Estadual das Artes nas seguintes cidades:

Volta Redonda:............ 14 e 15 de Outubro às 22:00 na Praça da Colina.
Petrópolis:.............. 21 e 22 de Outubro às 21:00 na Praça D. Pedro II.
Macaé:................. 28 e 29 de Outubro às 22:00 na Praia dos Cavaleiros.

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TEATRO GRÁTIS.
Faixa Etária Recomendada: 16 anos.

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Serviço:
· Realização: Anti Cia de Teatro.
· Peça: Buk Na Rua – Teatro Noturno Para Adultos Insones.
· Autor: Charles Bukowski.
· Adaptação: Anti Cia de Teatro.
· Duração: 50 min.
· Elenco: Bruno Aragão / Fabiana Fontana / Helen Miranda / Janaína Russeff.
· Direção: Fernando Maatz.
· Cenário: Ricardo Marques.
· Luz: Aramis David Correa e Anderson Ratto.
· Trilha Sonora ao Vivo: Rodrigo Rua e Henrique Martins.
· Sinopse: Contos de Charles Bukowski encenados de noite na rua.

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Sinopse dos Contos:
“A mulher mais linda da cidade”: história sobre Cass, a mulher mais linda, que não tolera a própria beleza num mundo que se basta com as aparências.
“Uma senhora ressaca”: alcoólatra convicto não se lembra do que fez na noite passada e é acusado de ter molestado uma criança.
“Todo grande escritor”: um dia na vida de Henry Mason, editor que é obrigado a aturar os escritores malucos que não se conformam em não serem publicados.
“Dei um tiro num cara lá em Reno”: colagem de textos de Bukowski onde os 4 atores preparam drinks que oferecem pra platéia.

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11 de outubro de 2011

A invasão do mundo e os textos solitários.


Enquanto ela passeia por cidades-maravilhas e vislumbra que tudo é possível. Enquanto ela faz comida para agradar um homem que gosta de comer hot-dogs na rua. Ali, do outro lado da cidade, tem uma criança chorando por motivos que os pais jamais entenderão, por mais legais que sejam.
Tem um show fantástico de uma banda de Rock que eu não fui. Tem uma festa, festinha, celebração caseira, que eu deixei de ir. Tem a mulata magrela que passa na Rua da Passagem e que, embora linda, é apenas uma desculpa para pensar e sentir tesão.
(Assim também o livrinho à tira-colo enquanto beberico no bar... as cervejinhas, meu deus.... as cervejinhas... álcool e literatura combinam tanto... como explicar?...)
Foi ontem mesmo. O verão do Rio de Janeiro mostrou suas garrinhas e me veio um terrível arrepio na alma: não suportarei esse calor. E ainda ontem me surpreendi: nem houve gritos lancinantes para a virada do Flamengo.
Ontem, a missão. Ontem, as cinco laudas. Ontem, o dormir cedo.
Querer explicação é normal, conseguir explicar é complicado. Falar o quê? Falar pra quem? Porque falar é fácil e bom, e até decente; mas falar, falar mesmo, como um carioca que não se sente ridículo ao comer um milho após pegar uma praia em Ipanema, eu não consigo.
Lamento. Fosse mais volúvel, menos tímido e um pouco mais limpo estaria participando das grandes jogadas, dos dinheiros, dos coletivos bem intencionados, da revolução pela internet, do clube otimista, dos professores frustrados, das dívidas dos cartões de crédito, sei lá, o diabo.
Fosse não é; e Fernandinho escreve sempre em seu blogue enquanto engorda a olhos vistos.
(E teve uma adolescente cretina que me deixou enfiar os dedos em sua vagina e nunca mais apareceu. A adolescente cretina lia meu blogue e me chamava de "fernandinho", o que, à época, não percebi como a ironia que é...o tempo... o maldito tempo... minutos atrás eu era um gênio.... o tempo)
Fica o calor que volta e voltará e essa sensação de solidão que só importa mesmo quando penso que pra ser sozinho não se precisa de grupos. 
Tocar o gado, eu toco. Ser gado, eu sou. Gosto de gente, mas não gosto de toda gente. Sou chato, sou chatérrimo, sou o Fernandinho da cretina adolescente que permitiu meus dedos em sua vagina, mas não me deu.
Alguém explica. Alguém sempre explica. "A lógica é o método de questionamento de todos os que acham que conquistaram o que tem", diz o Frings Blá-blá que esqueci o nome. Ele, o tal Frings Blá-blá ainda diz que "nada pior do que não reconhecer que sorte existe. Deus jamais perdoa aos que não acreditam em sorte. Deus sabe que o fato d'Eele existir foi determinado por isso."
Um choro quando nasce,
um choro quando descobre que morre.
Um pena:
o empate agrada a todos.

6 de outubro de 2011

diversão de nerd.

é meu marcador e explico. tem a ver com coisa gratuita e estúpida. dessas que fazem rir um sem prejudicar outro; e que são mais divertidas na teoria do que na prática.
tesão deveria ser sinônimo apenas de algo muito teso. simples assim. porque o tesão virou um mal. assim: se você não tem tesão, você não tem alma. e alma, bá... vamos lá... tem mais a ver com milagre do que com paus duros ou clitóris pretuberantes...
quero dizer: tesão é super-valorizado hoje em dia.
como se tesão fosse algo além do que é: uma complexa reação hormonal - o que, convenhamos, não é, e nunca será, pouco.
o fato é que meu tesão nem sempre tem a ver com pau duro ou com bucetas úmidas. estou sendo deliberadamente vulgar. e.... bá... vá lá... nem é esse o caso...
tesão é inventar frases e autores. é inventar textos apócrifos para a rede. é divertir-se sozinho como quem toca uma punheta ou trepa olhando a própria imagem no espelho.
tesão. essa coisa hormonal e sem sentido que faz bem à quem sente, mas que é apenas o que é.
tesão: meu facebook fazendo de conta que não tem inimigos e que gosta de tudo e todos.
tesão: um peido fedido que soltamos com a certeza de que jamais seremos identificados.

4 de outubro de 2011

Pai, os cavalinhos estão presos no carrossel!

  1. Os e-mails são frios e o óbvio ulula dentro de caixas que se pretendem feitas com esmero. Meu peido pra você; e também a triste confirmação da merda velha: muita pose pra pouca carne.
  2. Melhorar a própria vida. Estou velho. Porque penso nisso, estou velho. Não que vá começar a ter aulas de ioga ou ser simpático com idiotas. Mas, como velho, penso em melhorar a própria vida e concluo: tem a ver com ignorar por completo os idiotas.
  3. Falar é fácil e escrever aqui é prazeroso. Ou seja, estou fudido, estou mal pago e nem tenho as tendências gregárias que acho belas por aí. Meu limite são dois ou três que juntam mais quatro ou seis e que, em união, fazem seu barulho com satisfação e sem tirar vantagem de ninguém. Acho que é o meu ideal mais romântico: não tirar vantagem de nada e de ninguém.
  4. Beber é contar carneirinhos. Mas quem me entende? Estou falando de textos que não escrevi para coletivos de que não participo. Não estou triste e nem estou reclamando. Mas, cá comigo, o raio é velho: estou só. E atualizo: estou só demais.
  5. Tem mamãe, tem papai, tem a irmã e as sobrinhas. É coisa de sangue. É família e é sagrado. O Corleone e o Papa sabem, mas há imbecis que rejeitam qualquer vínculo que não seja controlado. Os amigos, que a gente escolhe, são super-valorizados por essa gente. Amigo, amigo mesmo, a gente torna parente. Chama pra padrinho, madrinha, esposa ou coisa que o valha. Sangue, bebê - esse vermelho lindo que você menstrua mensalmente com tanta indiferença.
  6. Fiz piadinha com um colega que tem filho e que me perguntou quando eu teria filhos. Eu: - a merda é achar uma mulher que presta. Ele: - arranja uma mulher que quer ser mãe que já tá de bom tamanho. "Gênio", eu pensei e não disse.
  7. Acordar às 7:00, fazer exercício e comer maçã. Planos que faço e realizo. Às vezes. Fumar menos também é importante. No mercado compro seis energéticos genéricos e penso que isso não é lá muito saudável. Mas fazer o quê? Cocaína é pior e, de um tempo pra cá, nem quero saber porque associo a lares destruídos e idiotas vitimizados. Fazer o quê? Guaraná em pó é pra gringos e não há estômago que aguente impunemente aquele líquido preto e quente o dia inteiro. Fazer o quê? Overdose de maçãs ou pedir remédios para o primo da farmácia?... Mas o primo mora longe e remédios de farmácia são alcalóides legalizados... Fica o sono, o soninho, essa coisa de dormir e achar bom: o tempo voa e dormir é só outro jeito estúpido de matar o tempo. Fazer o quê? Despertador regulado e a esperança que as maçãs, combinadas com os energéticos, sejam a solução dos meus problemas.