21 de janeiro de 2012

2012

Ouvir as músicas, pensar na vida. Tentar entender o que te dizem. Ser decente, ser bom. Ver os dias de verão em Curitiba como quem sai sem guarda chuva para tomar banhos de chuva. Escrever pros amigos e atualizar os e-mails e feeds e blogues. Ser bom de modo geral, mas sem nunca falar disso. Dar dinheiro pros bêbados honestos que dizem precisar de cachaça e não de pão. Amar as loucas, ter paciência com as loucas, dizer para as loucas que elas não são loucas não. Rir com os quadrinhos do Laerte e ser macho para confessar que as pernas do Laerte são muito, muito tesudas. Rever todas as andorinhas do Laerte. Todas as tirinhas do Laerte. Reler os Fantes, os Bukowskis, os Dostoiévskis. Reler Dom Quixote. Encarar o alemão bigodudo e perder o medo de sonhar. Cultivar medos normais. Não acreditar nesse papo de ser livre, de não ter medo, de ser de todo mundo e todo mundo querer bem. Mais cinema sozinho, mais teatro acompanhado, mais livros na cama e menos no bar. Menos bar. Bar como fetiche e não como hábito. Virar noites com prostitutas animadas. Conversar sobre Deus e coisas espirituais. Mandar cartões postais! Perder a implicância. Com o Caetano, com o Chico, com o Gil. Ouvir o disco novo do Chico. Fumar menos, foder mais e perder pança. Menos cerveja e mais exercício. Fernandinho-atleta em 10 kms corridos por manhã. Ver os velhos que usam gravatas borboletas e entender o homem e sua solidão e dignidade. Mais postais, mais bourbons, mais garotas e menos teimosia. Dedinho no cu, pode. Dedinho na vagina, também. Sexo ainda não. Ter calma, ter muita calma. E criar coisas. Criar fatos. Criar um ' fato novo', eu aprendi. E mais 12 meses de agonia e beleza que, vá lá, a vida é mesmo a merda mais encantadora que se têm.