7 de abril de 2009

cricocrecotu



TODO MUNDO vive como quer ou como pode. Cada um procura o que inventa, e apenas inventa, ser algo bom/nobre de se procurar.
Amor pra vida inteira, felicidade, paz, fortuna.
Tanto faz e tanto fez. Procurar é praxe. Qualquer cachorro faz isso. Milhares de ossos à nossa volta.
Mas o ponto nunca foi TODO O MUNDO.
TODO O MUNDO nunca interessou. Quer dizer, idiotas se interessam por TODO O MUNDO. Mas idiotas são idiotas, afinal.
A batalha é o sentido e o objetivo é o alvo: lançar flechas sem direção é estúpido e falta do que fazer.
Na média, as pessoas querem chegar à algum lugar. Sabe como é:
Você se envolve porque vai que é ELA,
você investe porque quem sabe renda mais que o esperado,
você joga na loteria porque 1 chance em 100.000.000 é uma chance
e você até compra uma casa no campo.
Nisso tudo o que se repete é você e não o TODO O MUNDO.
O senso de sobrevivência é pouco pra quem pensa.

(ainda defendo cá comigo, e com uns que leio, que há de se ter uma idéia da vida como coisa grandiosa. Você é do tamanho dos seus sonhos, diz o refrão. Diminuir os desejos e as necessidades é sempre eficaz: se sentir bem desejando pouco é viver bem. A maldita ONU nos ensina que ‘quanto mais miserável um povo, maior é o seu índice de satisfação’. A lição é clara: seja medíocre e ignore o que não se tem. A ignorância ainda é a melhor arma pra quem quer ser feliz, ou ter paz, ou achar o amor pra vida inteira, ou fazer fortuna.)

Seja como for eu luto com o TODO O MUNDO.
TODO O MUNDO é sempre o grande e único (sic) culpado.
É ele, o TODO O MUNDO, que jorra a merda generalizada com seu cu à jato:

crianças famintas e estupradas, maridos medonhos, mulheres burras, guerras em nome do bem, passeatas pela paz, espiritualidade interesseira, desbundados virando artistas, idiotas virando artistas, órfãos virando artistas, bêbados virando artistas, tias avós que odeiam negros, revistas pra negros racistas, Willian Bonner e Fátima Bernardes fazendo o último filme da Brasileirinhas, Rita Cadilac dando o cu com cara de dor e nojo, Suzana Vieira, Suzana Vieira, Suzana Viera, o Jô Soares como intelectual, o Chico como escritor, a preocupação com o aquecimento global, a importância do renascimento do samba na lapa, a superioridade de São Paulo, as novas mídias democráticas, a quase eleição do Gabeira, a esperança torta, a Xuxa como modelo de otimismo, a Suzana Vieira de novo, agora como modelo de superação, a supervalorização do clitóris, os orgasmos de grelo, o guiness book, os blogues pretensiosos, as dançarinas que são gordas, as prostitutas que são felizes, os filmes do diretor do 6° sentido, o quem quer ser um milionário?, a bipolaridade, a pátria, a depressão, o talento da Marisa Monte, o mundo sustentável, o vídeo mais visto do youtube, a simplicidade como virtude, a humildade como virtude, a qualidade de vida, a importância de ter dentes bonitos, o marketing pessoal, etc.

O Nelson Rodrigues tem sua frase imbatível e dela nem o TODO O MUNDO discorda.
O gênio tem poder de síntese e os bêbados ainda falam demais.
Os livros de auto-ajuda vendem e os blogues são consumidos por blogueiros.
E TODO O MUNDO faz parte disso. Uma desgraça.