21 de abril de 2010

Perdi.

Aquele imbecil de sorriso largo era antes de tudo um simpático. Falava bem, o canalha. Enrolava as gurias com champanhe e as comia todas. O cu, principalmente. O imbecil preferia o cu à xotas. Era como ele se sentia exclusivo. Buceta pra todos e cus pra ele. Vai entender?
Eu pensava "foda-se". Cus e bucetas, foda -se. Sou um tipo de viadinho peculiar. Meu lance são almas. Isso: almas. Futuco bucetas e, eventualmente, traço cus. Mas, cá comigo, penso como o bom católico que sou: quero almas.
A verdade é que há muito que as evangélicas superaram às católicas. Elas são mais intensas e mais culpadas. Uma evangélica gozando é o próprio inferno, até de demônio lhe chamam. As católicas, Deus, as católicas. Eu tive uma boa católica. Surpreendente, eu confesso. A gente gozava junto como se gozar junto fosse simples. Eu até achava que era. Foi só com evangélicas e loucas em geral que eu vi que não. Gozar junto é coisa de santa. E santa só sendo Católica - uma pena já que elas andam perdendo espaço pras evangélicas.
Devo admitir que o imbecil era um especialista. Entupia as gurias de álcool e fingia que tinha bebido bastante. Daí tentava umas coisas gratuitas que, pra minha surpresa, davam certo.
- você pegou na minha bunda antes de me beijar, é isso mesmo?
- desculpe, eu tô muito bêbado e sou m-u-i-t-o louco...
Canalha, eu disse. Canalha e competente. Deus! Eu não posso competir com essa gente! Eles são fortes! Eles não se importam! Eles preferem cus à xotas e eu quero almas! Deus! Me ajuda, Deusão! Sou Católico, poxa...
Mas Deus tem lá suas coisas pra resolver e o imbecil era um gênio, confesso. Não é simples ser imbecil. Há que mentir muito pra si e pros outros. Há, até, que acreditar em Deus e transcendências em geral: as evangélicas que gostam de champanhe lhe oferecem o cu como recompensa. Puta jogada invejável.
Então acabei voltando pra casa sozinho. Perdi, eu assumo. O imbecil é mais apto pra essas coisas. Deixa elas falarem e responde sempre e sempre: "eu entendo, eu entendo".
E o imbecil, a gente sabe, é sempre sincero.