19 de março de 2014

Dias de inferno.

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Talvez passe, talvez vire a história glamorosa de uma vida editada.
Talvez apenas afirme o conhecimento: viver repete a única questão original: por que, diabos, existimos ao invés de simplesmente nunca ter existido?
Então busco saídas. Mesmo sabendo que a merda é geral e que saídas reais não existem.
No meu caso, saídas são: livros, poemas, arquivos abertos e um ou outro delírio sobre super-mulheres.
A gente coça, mata a pulga e continua a coceira.
Há 7 ou 8 anos atrás uma enxada ou uma buceta me dariam sentido.
Não mais, acho eu.
(e reconheço que enxada e buceta são instrumentos úteis, verdadeiramente úteis)
Ontem descobri que insônia não tem nada a ver com não conseguir dormir. Insônia diz respeito a não querer acordar e começar um novo dia. Pode parecer bobagem, mas não é. O sono está lá, o desejo de dormir está lá. Mas não se dorme. Porque dormir, dando tudo certo, é acordar pra um novo dia novamente. E isso sucessivamente. Até o dia em que, bem velho, se pensará que não acordar pode ser uma morte interessante. Ó a merda. É real. Eu pensei. E pior: fez sentido.
E ontem, ainda nessa bobagem chamada insônia supervalorizada no feed do fb em 2014, descobri que ver bons filmes é sempre vantagem: não dormi, mas vi um bom filme; não fudi, mas vi um bom filme; não escrevi nada, mas vi um bom filme.
O bom filme, lição aprendida, sempre valerá a pena.
(claro que bons filmes são raros de achar e que 'bons filmes', vá lá, é um juízo de merda. de modo que minha dica de médico do sono e intelectual da década de 60 é: veja filmes clássicos. filmes clássicos, mesmo quando a gente não gosta, nos faz pensar em porquê diabos tal filme tornou-se um clássico. [ no caso do cinema, que, comparativamente, é uma arte nova, isso é ainda mais curioso. clássicos, via de regra, tem a ver com tempo de permanência, tipo Shakespeare, Ésquilo e a Bíblia e Cervantes ou Gargântua e Pantagruel; no caso do cinema o tempo de permanência também pesa, mas, enfim, cinema mesmo, como entendemos existe a 100 ou 110 anos no máximo])
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Deixar estar.
É um dia após o outro, a gente sabe.
É uma merda, a gente sabe.
É complicado, a gente sabe.
Matar-se é pra poucos. E com pais ou filhos, é quase indecente.
Rôo meu osso: deixa estar.