20 de abril de 2010

meses atrás

(do arquivo - Maio de 2009)
Inferno quente. Olho pros lados e nada vejo. E eu sei lá qual é o sentido dessa merda toda.
Queria uma estátua. Eu e minha pança feitos de bronze. Ficaria debaixo do sol e da chuva com a mesma indiferença impassível: o sorriso torto na boca e um copo cheio de mijo frio.
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Lá fora minhas sobrinhas correm pra cá e pra lá. Elas sentem um tipo de desespero que já senti: fazer o que for, aproveitar ao máximo o tempo que existe. Sinto uma saudade tremenda desse desespero extravasado, dessa busca cega, dessa loucura inocente. Porque hoje eu não acredito em nada disso e desconfio da inocência e do desespero.
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Suborne fracos, feios e pobres. Todos os solitários numa ciranda belíssima e inútil. Aquele coletivo de tristes cantando a música mais feliz do mundo. E todos sóbrios e cheios de si, dizendo que o nunca não existe e que o pra sempre acontece em todas esquinas para quem tem olhos pra ver e ouvidos pra ouvir. Como se pros homens existir bastasse.