9 de julho de 2010

relatinho.

A calma vem como uma decisão. Era de manhã e tive sonhos verdadeiramente terríveis. Eu me perdia dentro de uma festa onde apresentaria meu teatrinho. Pesadelo sem saída é quase um clássico.
Demoro pra acordar e desisto da visita. Telefono pra saber das coisas e me programo pra terça visitar o gringo convalescente. É um mundo estranho e cheio de gracinhas. Pessoas ficam doentes sem razão ou explicação.
O café é meu amigo e me proporciona uma cagada divina. Cago com precisão e prazer. A bosta que sai de mim é uma dádiva e um orgulho. Tudo meu.
Faço circuitos idiotas pelas internet. Não quero atacar meu problema. Olho pro puto e digo "daqui à pouco". Meu problema sorri e diz "estou te esperando, gatinho".
Telefonemas estranhos vêm me perturbar. Decido que nada me abalará hoje. Apenas hoje. Troco uma nota de cem reais no almoço por kilo e me sinto preparado para tudo. Uma bobagem séria que me alimenta.
Ataco meu problema pelas beiradas. Faço contas precisas. Não tenho tempo e falta de tempo, agora, é vantagem. Uma coisa de cada vez. Visões infernais: glória e fracasso de mãos dadas. Não me importo. Bunda na janela e cara à tapa. Eu sou eu. Eu faço o que eu faço. Eu também sei ser simpático com os imbecis.
Meu problema tá quase resolvido. Preciso achar as palavras. Aquilo que posso dizer e mudar através das palavras. Sem frescura, sem mentira e sem desespero. Invisto na calma e no controle. Sem ilusão sobre esse sexo fudido de ejaculações precoces. É a clareza que encanta. Um tesão antigo de repetir o que se sabe fazer.
Eu entre os outros. Tudo certo. Cada um faz o que pode, o que acredita, o que deseja, o que consegue. Estamos no planeta e entendemos bem mal a vida. Sou um Cristão e compreendo a dor do mundo. Sou irmão de todos na dor que sentimos. Cogito até fundar uma igreja.
Uma voz doce se destaca e me imagino tendo filhos com ela. O tesão do delírio. O delírio e suas coisas. Uma voz e meu delírio. Só faz sentido fazer teatro se esse teatro dialogar com o delírio, é o meu caga regra.
A casa, a música, a cerveja e o blogue. Nostalgia é um treco bacana. Cansaço é uma satisfação natural e estúpida. Tô no mundo e vivo. Morro de medo e sinto grandes alegrias. Acredito em milagres e ainda sinto tesão em mulheres sem sutiã.
Paz, acho, passa por aí.

até 7.

  1. É cruel e fatal. De repente vira pó. É como a música infantil. Era vidro e se quebrou. E fico quase chocado. Porque de tão claro e óbvio não poderia ser claro e óbvio. Como explicar? Impossível explicar. O tempo mais preciso do mundo, a coincidência mais surpreendente do planeta. O óbvio ulula e choca. Como um piano que só cairia na sua cabeça naquele exato segundo. Quase um desenho animado.
  2. Ele chorou, mas eu desconfiei. Ele chorou grosso demais. Ele até queria chorar, mas não conseguiu. Eu, alí, pra ele, era seu terapeuta cheio de consolos e soluções. Mas eu não sou seu terapeuta e desconfiei do choro com razão. Tentar chorar é legítimo. Chorar de verdade é outra história. Querer um cúmplice pro próprio choro é ainda mais em baixo. Eu entendi seu desespero, mas dizer pra ele que eu havia entendido isso seria um erro tremendo.
  3. Às vezes me sinto muito hábil. Há o mundo e há eu. A gente se estranha faz tempo. Mas estou no meio da turma e converso com todos. Fico surpreso e me sinto idiota. "É simples porque é besta", é a minha conclusão.
  4. Dançar com garotas lindas e pedir perdão. As mulheres do Século XXI adoram perdões. Elas se sentem femininas ao maltratarem homens. Elas dizem que são livres e mostram os dois dedos que usam para tocar siriricas.
  5. Contra tudo e contra todos, eu resolverei as merdas que eu tenho que resolver. A merda é o aspecto coletivo do maldito teatrinho que eu faço. Minhas migalhas eu garanto. Mas até aí.
  6. Cada vez mais penso em mulatas e negras. Mulatas e negras me parecem perfeitas. Deliro que suas bucetas rosas me trarão a glória da grande trepada que não tenho há a algum tempo. Claro está que todo sexo casual e tacanho é feito em busca cega pela grande trepada. A velha ilusão, afinal.
  7. A bicha gorda berra que precisa se expressar. A bicha gorda se sente estranha e capaz. Diz que gosta de tocar punheta pensando em mulheres mortas. A bicha gorda é um cavalo na minha coluna. Ela - a bicha gorda - me manda um torpedo onde diz eu te amo.