21 de outubro de 2008

diga 33.

Os inocentes morrem cedo
de câncer ou de doença cardíaca.
Eles rondam a própria vida
crendo que estão acertando,
assim como a maioria de nós.

Os inocentes se parecem com o seu vizinho
e até com você mesmo.
Eles têm os mesmos olhos
e a mesma esperança tola
que desde que cada um faça a sua parte
o mundo inteiro vai melhorar.
Como você.

Eles acreditam nas esperanças do amor,
na continuidade da especíe
e na tecnologia como meio
de rendeção sincera e possível da humanidade.
Os inocentes são inocentes, afinal.

Em momentos poéticos, eles berram bem alto.
Em momentos tristes, eles esperam uma surpresa.
Em outras horas,
eles bebem cervejas nos bares,
eles vão ao cinema com amigos,
eles valorizam o renascimento do samba na lapa.
Também podem assistir uma peça teatro,
apenas pra valorizar as coisas que não têm valor.

Os inocentes brigam contra Golias
e sempre perdem a briga.
São inocentes, afinal.

Nas esquinas tristes
de lua cheia
os inocentes
reparam na lua.
Acham que a lua pode mudar o ânimo
e acreditam que o ceú pode mudar de cor.
Os inocentes tapeiam a si mesmos
porque acham que sobreviver ainda é importante.

Os inocentes não sabem das coisas
e, apenas por isso,
são inocentes.