6 de março de 2009

-

(com a carta na cabeça e depois de ver o grande filme 'na natureza selvagem')

É quase uma gilete no meu cérebro. Porque tem gente que realmente sabe lidar com a vida. Pra mim isso sempre foi estranho e difícil. Só consigo organizar as coisas lendo, escrevendo ou vendo filmes. E organizo assim, dentro de mim, porque um livro ou um filme, é um mundo acabado e organizado. E isso me fornece uma paz que eu nem sei explicar. Nos ensaios isso também ocorre, mas é diferente. Nos ensaios me sinto exausto se paro por 5 min. É uma guerra íntima que eu faço alí. Força, muita força, pra tentar entender aquilo (atores, teatro, texto, comunicação diretor/ator, etc) de um outro jeito, num outro nível. Não sei explicar, mas é aquela coisa de alterar a própria percepção, aquela coisa de buscar um viés artístico que dê conta de toda essa confusão que chamamos de vida. Porque têm umas coisas que dão conta disso. Minha ideia de amor passa por aí também. São bolsões de paz. Momentos (ou obras) carregados desse milagre que é pleno e autônomo. Quando o sexo vira amor, quando você consegue mostrar pro outro aquilo que já tava visível, quando, numa apresentação, você vê um espectador olhando com atenção total, quando você faz a pergunta pela milésima vez e, finalmente, consegue a resposta. E por aí vai.
Na verdade vivo mais por esses momentos do que pelo resto da vida. Esses momentos me parecem mais vivos do que a própria vida e talvez seja isso a minha obsessão.
E uma obsessão pode ser boa ou ruim. Pode te dar o infinito ou te matar antes da hora.