7 de agosto de 2010

Amorzinho gostoso no fim de tarde.

Então há os dedinhos que giram em cima da cabeça e parecem dizer algo, mas apenas parecem. Gosto cada vez mais do que sempre gostei. Repetir-se até virar quem se é. A coisa bem melhor dita pelo bom Leminskão: "Isso de querer ser quem a gente é, ainda vai nos levar além".
E eu rezo. Antes de dormir, eu rezo. Quer dizer, não rezo, mas é como se rezasse. Teatro feito pra fora e que tem mais a ver com a brincadeira de fazer teatro do que com o teatro sagrado que denuncia a vaidade velada dos seus padres-fazedores.
Teatro pra fora e vida decente. Vida decente é sentir raiva, ódio, melancolia e amor. Vida decente é a jogada toda: as merdas que não ameaçam e que são parte do pacote, as euforias passageiras que abastecem mesmo sendo falsas. Vida pra fora, teatro pra fora, gente pra fora. Que Deus me livre da vida interna que só gosta de si ou que nunca gosta de si.
Então cago com meu cigarro na boca e penso na vida. Pensar e cagar, vislumbrar as mulheres lindas que me arrancarão de mim, lembrar das belezas que passaram sem ternura e imaginar a mulata com a lordose mais linda do mundo me chamando de branquinho.
Apenas isso e também outros milhares de coisas que nem escrevo agora. Como o relógio biológico da minha amiga querida ou a ânsia por paz de outra ótima amiga.
A vida, as coisas e o teatro. Que seja pra fora é a minha reza. Pra fora não por tentar achar algo escondido, mas porque estamos aí e continuamos, porque nossa teimosia tem charme e ternura, porque, apesar das merdas, o ventinho chega no rosto e é capaz de nos acalmar.