3 de outubro de 2010

mideliron

Eu sentado, vendo as coisas, penso que a putaquepariu é um lugar para se chegar. O FODA-SE regendo uma vida que sabe que viver é uma palhaçada confusa e importante. Porque a vida bate na bunda e tem muito talvez e bom senso, e também loucuras e euforias. E dá sempre empate. 1x1 ainda me soa melhor que 0x0, mas, claro está, isso é só um julgamento moral.
Mundo comezinho... cheio de namorados angustiados, mulheres masculinas e animais treinados para competições diversas.
Sou bobinho e tenho sonhos de pureza, eu confesso. A justiça como se a justiça existisse. Deus barbudão e contando histórias. Deus cheio de perdão e compaixão. Deus com respostas pra tudo e simpatia de Sr. Miague do Karate Kid na sessão da tarde.
Eu me sentava no sofá e era o Daniel San. Eu achava incrível a superação e gostava de ver ele porrando os caras no final. Era A JUSTIÇA. E a garotinha beijava o Daniel San na boca e o universo era lindo como um astrolábio. Justiça... maravilha.
Mas nunca mais vi sessão da tarde com aquela paz. E os filmes da sessão da tarde agora são bem diferentes dos de antes. Nem melhores e nem piores, apenas distantes.
Afinal quais são os filmes da sessão da tarde hoje em dia? Não sei responder, mas imagino a Julia Roberts em um deles e acho que a namorada do Daniel San era bem mais bonita.

eu e meus dez dedos.

Roer o osso e ver as pessoas. Elas estão vivas e respiram. Poderia ser um milagre, mas não é. Na multidão de rostos engraçadinhos apenas dois se destacam: a moça à minha frente que usa blusa rosa e a mais simpática do oeste que parecia me conhecer, mas não me conhecia e ria e soltava gritinhos sem me irritar.
Sou simpático. Dou olá e dou adeus. Falo apenas com quem devo. E ouço e falo. E papo bom é pra poucos e raros. Sem desperdício, em outras palavras.
O álcool é um azeite e sorrimos. Estamos felizes, estamos tristes. Catamos nossas conchinhas e choramos pelo o único sofrimento real: estar vivo. E sorrimos pela única coisa chata: deixar de estar vivo. Marionetes usando as bebidas e a fala. Planos e países incríveis: sorrisos e desesperos de mão dadas.
Minha casinha e rádio uol. Música clássica e torturas em notas geniais. E também mistérios, tesões, tédios, perda de tempo e esperanças vãs.
Somos tristes, mas vivemos bem. O coração, a mente e o pau após o esporro. Vazamos, vazamos sempre. Há uma constância de qualquer forma... coerência torta e fatal.
O berro mais frágil e mais bonito, a criança mais feia e mais amada... a música cheia de notas loucas e climas terríveis... o tesão... o tesão...