8 de março de 2010

Minha cara ôca (?) olha pra frente.

A certeza insuportável de que o mundo inventado é melhor do que o real.
Não quero quase nada do que eu vejo.
Viveria em paz se num isolamento máximo eu descobrisse uma única coisa real por dia.
Voltei a ler Jung. Os livros de psicologia que li chamo de auto ajuda. São auto ajuda mesmo. Ainda que sem o filtro da convenção editorial.
Ler aquilo me acalma. Me faz me sentir menos maluco. Tudo que leio nesses auto ajuda eu sinto que de alguma forma eu já sabia.
No filme que vi tem um diálogo mais ou menos assim:
- conhece essa música?
- não, mas parece que já ouvi.
- é assim com as grandes músicas.
- como assim?
- eu to fazendo essa música agora, ela ainda não existe.
E os meus auto ajuda passam por aí. Como o filme que vi. Fui ver porque sabia que eu ia gostar. E gostei. Gosto desse tipo de filme e gosto de ver e confirmar que gosto desse tipo de filme:
As grandes paisagens da América, algum delírio de pureza e uma decadência que mesmo depois de superada não resolve nada...Deus abençoe a América e mais não digo.
(E nem defendo esse filme como uma puta obra de arte. Nem é o caso. "O Lutador" talvez fosse o caso. É apenas porque é um filme que me deu aquilo que eu queria que ele desse. É outra falinha do filme: - eu vou dar o que vocês querem, ok?)
No mais: livrinhos na fita e obrigações sendo feitas.
É uma maneira boa de viver, acho. Embora fique muito decepcionado por hoje não ter rendido no meu arquivão. Render no meu arquivão é o milagre que quero.
De resto são garotas tristes e gente entediada. Ainda prefiro, infelizmente, viver no meu próprio inferno sozinho.
É como eu me protejo.
E já que tô lendo Kerouac e tendo devaneios místicos, fecho essa postagem com
Lao Tse, na ótima tradução de A. Centurião de Carvalho, Thadeu Wojciechowski e Roberto Prado:
As Afinidades Opostas (trecho):
Por tabela,
quem sabe das coisas
negocia sem barganhar.
Doutrina sem falar.
E tudo vai em frente,
acontece como vai acontecer,
de qualquer jeito,
a menos que você se esforce pra piorar.
O Simples Governar(trecho):
É que não se pode tapar o sol do sofrimento
com a peneira da felicidade.
Brincando de queimar etapas
um povo acaba botando fogo em seu destino.
e
Por Dentro do Grande Bem(trecho):
Quem conhece os outros é esperto,
mas se conhece a si mesmo despertou.
Quem vence os outros empata,
mas se empata consigo mesmo já ganhou.

Dia internacional das mulheres.

Penso nas suecas e suas tetas,
Penso em Silvia Saint e sua buceta incrivelmente bem desenhada – mesmo com tantos e tão grandes caralhos que a freqüentam.
Penso que há bucetas esculpidas por mãos de anjos.
Penso se a mulher merece um dia,
ou melhor, se toda mulher do mundo merece um dia.
Tanta mulher ruim, tanta mulher nojenta, tanta mulher vampira querendo seu sangue pra troféu.

No restaurante onde almoço eles dão flores para cada fêmea da espécie,
Na televisão, grandes empresas internacionais mostram comercias de exaltação à mulher,
Na agência de telemarketing, cada uma ganhou um cartão e uma pequena barra de chocolate.
Todos os cartões diziam: VOCÊ É ÚNICA.
Penso nas mulheres que tive e nas que quis ter.
Uma ou duas que sobrevivem. Três seu eu for generoso com os meus critérios.
Mas eu não sou generoso.
Eu sou chato, eu sou exigente e mesquinho. Não sou, definitivamente, o cara divertido que elas gostam.
Nem bonito eu sou. Sou gordo, sou suarento, sou possessivo e dado à ataques de loucura.
Bebo demais, fumo demais e desejo demais as coisas impossíveis.
Lembro que esse dia existe porque mulheres foram torradas dentro de uma fábrica –
queriam seus direitos, reclamavam por justiça e foram incendiadas por um patrão que deveria ser gordo e suarento como eu sou.
Mas eu jamais poria fogo em mulheres
e também jamais criaria uma data pra todas elas.
Todas elas não me interessam e nunca me interessaram.
Talvez um dia eu compre uma rosa, um chocolate e um cartão.
Talvez eu escreva VOCÊ É ÚNICA com meu próprio punho.
Talvez isso até ocorra num dia 8 de Março. Talvez não.
Talvez, nesse dia, eu tenha descoberto a minha melhor companhia
ou talvez, quem sabe, eu tenha virado um empresário

e aberto uma fábrica de tecidos
em alguma cidade pobre da América do Sul.