31 de maio de 2009

ouvindo cazuza e pensando em lulu santos. isso não pode ser um bom sinal.
domingo é um dia lento. meus dêmonios são mais fortes aos domingos.
e geralmente os encaro nesses dias. não combinei nenhum almoço, desmarquei a janta marcada e vejo o cazuza no youtube falando que o tempo não para.
o cazuza e o lulu santos têm grandes momentos. a vantagem do cazuza é que ele morreu.
mas nada disso importa.
escrevo uma carta, vejo mais um episódio do seriado americano da vez e faço um peixe que cheira bem, mas que não me dá apetite.
de qualquer maneira é bom saber que a comida tá pronta.
o cazuza tá magro e feio no clipe. a aids era uma doença que deixava as pessoas feias. agora, graças as evoluções da medicina que idiotas acham que é besteira, é uma doença crônica e mais ou menos controlável. melhor assim, né cazuza?
domingo depois de sábado depois de sexta e antes de quinta. reconhecer a profunda tristeza numa pessoa é sempre um experiência chocante. há tristezas que não têm tamanho e que, provável e tristemente, nunca terão fim.
estar errado, nesse caso, é uma esperança.
Arroz,
peixe,
saladinha.
É estranho
cozinhar
sozinho.

30 de maio de 2009

===

Nada como uma bela ressaca pra fazer você pensar na vida. O mau humor lhe provocando azia, a boca azeda de cigarro e a pança proeminente do excesso de cerveja. Você até pensa que isso não é vida, mas é sim e é por aí que caminhamos.
A ressaca melhora quando você estala a lata de cerveja que sobrou da noite anterior. É uma verdade antiga e popular: a melhor coisa pra ressaca é beber uma.
(A verdade não é relativa. Os imbecis que acham isso pedem desculpas por existirem e serem quem são.)
No meio da tarde, com a ressaca provocando peidos realmente fedorentos, você finalmente consegue responder àquela coisa que lhe martelou a cabeça em todo esse processo de loucura e desespero.
A resposta é simples e vem como um raio. Você fica surpreendido por não ter entendido antes. Tão óbvio e tão invisível.
Pra cortar a boca azeda, você masca chiclé e lê um novo blogue de uma garota que parece perfeita pra você: arrogante, genuína, boa de escrita e mais velha.
No sua imaginação semi bêbada você se casa com ela, manda flores e tem direito a sexo anal uma vez por mês.

#*#

Por Deus.
A loucura ocorre as vezes e quase nunca há charme nessas coisas. Copacabana bêbado ninguém merece. Muito assédio de travesti, muita investida de puta. O Rio de Janeiro é os travestis e as putas numa bela paisagem. Cidade linda e idiota. Só o Rio de Janeiro pode produzir essas coisas, como a Lapa: um shopping de miséria e gente estúpida.
Seja como for, há horas em que se deve desistir das coisas. Ir pra Copacabana bêbado é, e sempre será, uma idéia de merda. Travestis e putas podem ficar muito parecidos. Um risco imenso.
No quiosque do calçadão tomo uma saideira. Olho pro Copacabana Palace e pra areia. A diferença é menor do que se pensa. Os mistérios desvendados perdem seu encanto. Bom mesmo é ver o Rio de Janeiro pela televisão.

27 de maio de 2009

[]

um dia depois do outro até a loucura completa.
se pensarmos que no máximo, e com sorte, em 60 anos estaremos todos lá: do lado Dela e finalmente desvendando o último mistério.
por essas é importante gastar bem o seu tempo. aproveita-se como quer ou pode, mas o fato é que ninguém ganha tempo.
perde-se tempo. gota boa ou ruim, tanto faz. gasta-se sempre, independente de tudo.
o lance é não cagar muito sobre a própria vida. uma cagada ou outra faz parte da jogada. dá até um charme.
o risco é confundir merda com ouro e cagar como quem ganhou na loteria.
espalha-se merda e deseja-se fortuna.
deus que me livre.

26 de maio de 2009

enquanto os vizinhos gritam

Lentidão estranha e prazerosa. Quase não me suporto: falo com todos, me dou mal com todos e me sinto bem. Tão bom ninguém dizer que você é maluco, que você tá errado e que tem que melhorar. Meu livro aberto me conforta. Meus arquivos de textos também. Eu era eu em 2005. É curioso comparar datas e inventar coincidências: meu delírio de anjo, meu amor mais perfeito, os gritos que servem pra chamar a atenção de imbecis e, por fim, a manipulação dos imbecis que consideraram seus gritos.
Sem mais, sem menos. Indo bem e cuspindo melhor ainda: minhas gracinhas verbais, minha escrita vaidosa e minha rainha com uma coroa que lhe pesa a cabeça por excesso de ouro.
É bom não acreditar na felicidade. É conveniente ter pai e mãe que lhe apoiam. Se meu grupo é uma pessoa a considero a única pessoa importante.
Nem feliz
Nem triste
pois um ou outro
é burrrice.

blog do solda, série: amigos do peito


25 de maio de 2009

A Maldição do Bem.

Que fique claro. Que sejamos francos. Não por obrigação, mas por prazer.

Porque simplesmente fiz o óbvio. E óbvio pode ser tudo, mas nunca deixará de ser óbvio.

Claro que eu julgo. Meu Deus! É normal, e honesto, julgar! Não confio em gente que não julga! Não confio em quem acha que julgar é feio!

Julgar é simples. E, por que não?, natural.

Requer apenas um mínimo de discernimento: se saímos pro mundo, estamos no mundo e o mundo faz com que julguemos as coisas.

Pode ser um julgamento tímido ou extravagante, tanto faz.

O ponto é que julgar é óbvio - e honesto - na minha não humilde opinião.

Mas essa palavra pega mal: julgar. Julgar. J-u-l-g-a-r.

Lembra -se logo dos chavões que se disfarçam de diversas virtudes:
humildade, beleza, fazer o bem, fazer sua parte, oferecer a face ao inimigo, telefonar pro criança esperança, dar sopa aos pobres, não dizer 'dar sopa aos pretos', não associar os pretos ao crime, não falar preto, mas afro, achar que a suzana vieira é forte, admirar as pequenas ações sociais, valorizar a colheta seletiva, ser contra o desmatamento, crer na função social das novelas, amar ao próximo, participar das passeatas, preservar a água do planeta, fazer sua parte, fazer sua parte, fazer sua parte, tratar todos como iguais, acreditar que todos são iguais, não julgar sem conhecer, não dar esmolas pra não colaborar com a exploração, e por aí vai.

Mas o ponto, se é que há ponto, é que vivemos num mundo bundão. Num mundo onde a omissão virou virtude e a coisa clean pega bem. Tudo muito discreto e elegante, tudo muito sútil e razoável. Mas o clean é frio, a omissão carece de alma e os elegantes apenas seguem têndencias ditadas por revistas ou grupos cult.

Nenhum pau na mesa, nenhuma alma. Nenhum pensamento próprio, apenas sacadinhas e subversões delicadas: o casseta e planeta, as cruzes na areia de copacabana, os vários parceiros sexuais da ivete sangalo, o jô soares e suas meninas, etc.

Bem, o texto está longo e não sei se fui claro.
É mais ou menos assim:

22 de maio de 2009

Sexta Feira. Dia dos loucos. Não saio nem por um decreto.
Estou exausto. Acho que foi essa simpatia toda. Exercer simpatia cansa. Suga.
O mundo lhe suga quando você quer participar da coisa. Talvez seja por isso que alguns escritores que eu gosto tenham sido hostis ou reclusos. Participar da coisa, cansa. Ver é mais tranquilo, você se senta e apenas olha. Como sexo quando a mulher está por cima.

a irmã do imbecil.

O imbecil sorri sempre e tem olhos pequenos. Fala com todos, anda de um lado pro outro e me disse, assim que chegou, que se sentia radiante. Radiante, ele repetiu.
Depois disse sobre seus três projetos de arte e, como não poderia deixar de ser, me convidou pra participar de um deles. Eu aceitei. Patrocínio quase certo. Sou simpático e tô legal.
- Quantas coisas geniais já não foram resolvidas na mesa de um bar? Crianças acreditam nisso. E hoje eu era uma criança. Limitada e dependente, como todas as crianças são.
A irmã do imbecil e eu, simpático e falso, lhe disse maravilhas. Uma moça que fazia fisioterapia. Fisioterapia! Coisa encantadora! 22 anos de idade e já pensando na velhice! Ela tem lá sua inteligência, não é?
Nem bonita nem feia. Faz parta da média. Tem lá seu repertório de filmes cults, leituras convenientes e amores fracassados. Deu pra muitos e amou pouco. Sente que sente: acho que hoje em dia a situação feminina é mais delicada do que era na época do Feminismo.
Ela tem razão. Ela tem - e terá - sempre razão. Eu sou simpático e tô legal e precisando de mulher. Ela é perfeita, pensando bem. Nem bonita nem feia. Peito ok, bunda ok, cérebro ok. Quem sou eu, afinal?
O imbecil interrompe o papo e diz que ela é a única irmã que ele poderia ter. Os 2 são os únicos filhos, então o que ele disse foi uma piada radiante. Eu rio. Sou simpático e tô legal.
Eu sozinho bebo mais do que a mesa inteira. A tragédia se configura e me ponho no meu lugar. Tomo 1 coca, 2 cocas, e continuo sendo simpático e legal.
40 min. e deu pra mim. Não preciso comer uma mulher, mesmo que ela tenha uma buceta e seja fisioterapeuta. Os verdadeiros males do cigarro só um fumante conhece.
Dou tchau pra todos que estão na mesa e combinamos de nos adicionar no orkut.
Pensando bem, hoje eu também estava radiante.

21 de maio de 2009

-

Aquele papo reto e alguma luz no fim do túnel.
Bebo uma cervejinha com meu bom amigo e fico ali, olhando pro lado e reparando na quantidade de gente que passa:
Nerds neo hippies, crianças desengonçadas, bêbados burros, bundinhas claras e escuras, mendigos charmosos, adolescentes modernos, senhoras com gatos em coleiras, etc.
Eu estou no circo, mas agora, e só agora, me sinto um espectador privilegiado. É um mistério, mas tem dias que a gente se sente ótimo e dá bom noite pra todos que passam. Um mistério, eu repito.
E as horas passam rápido e o papo é bom e as visões do inferno nem me afligem.
Volto pra casa meio manco e converso horas com o porteiro.
Antes de dormir ligo o rádio e ouço as noticias. Durmo com a voz do locutor que anuncia alguma desgraça, mas que nem chega a me abalar.
Apenas lembro do Kléber e sua morte sem sentido.

20 de maio de 2009

tricot.

Bem chatinho, sejamos francos. Podia até ser. Mas todo aquele esforço. E o excesso de sorriso. E também a mania de descascar o esmalte com os dentes. E isso sem falar em como é estúpido unhas pintadas de roxo.
Então é melhor encerrrar. Bem rápido, bem fulgáz, como é, como deve ser. Como acontece nessa coisa moderna e pop. Aquela mania que gente burra tem de achar inteligente o que não consegue entender. Como se 2 mais 2 pudessem ser diferente de 4. Ou mesmo o pop e moderno que tem uma sacadinha com isso: quando 2 mais 2 nunca são cinco e explicação é fraqueza.
Podia ser, eu sei. Tudo pode ser, não é? Mas, olha, sabe, nem quero discutir isso. Nem mesmo acho que tudo pode ser. Quer dizer: sim, tudo pode ser, mas desde que tudo seja apenas um 'jeito de falar'. Me desculpe, mas usar 4 vezes 'meu jeito de falar' em menos de 1/2 hora de papo é, pra mim, que sou antiquado e ainda acho que 2 e 2 são 4, uma coisa insuportável e que atesta sua burrice.
Olha, eu também disse isso. A gente diz muita merda. É normal. Não é pecado nem nada. Mas depois de um tempo a gente entende que o que díssemos foi merda e então assumimos. Sem achar que assumir seja uma grande sacada. Apenas dizemos pra nós mesmos: aquilo que eu disse foi uma merda. E de preferência em casa, na paz do próprio banheiro e segundos antes de passar a primeira leva de papel higiênico.

Claro que há sempre um barato pela jogada. Foi legal. Domingo é um dia ruim pra nós e, por isso mesmo, ideal pra que a gente sempre faça isso. Distrai e faz a gente pensar menos na gente mesmo. Todo domingo até o fim da vida. Assim poderia ser, mas só aos domingos. E só por poucas horas. Não é inteligente abusar da sorte. É só meu jeito de falar.

18 de maio de 2009





Ao lhe ver cansada eu me comovo.


Sinto essa estranha atração por mulheres tristes. Mulheres que não me deram, que não me amaram, que não encostaram no meu pau,


mas que assim, quase sem saber, deixaram que eu percebesse algo que só eu seria capaz.


Minha antiga obsessão pela exclusividade. A mesma que ofereço e exijo.


E elas tem isso em comum. Essa tristeza dita e redita por vários; e que as feministas imbecis julgam ser apenas machismo. Feministas imbecis, eu disse.


E longe desse jogo de forças elas pairam. Lindas e tristes, como devem ser.


Um sorriso que se arranca por uma gracinha. Uma gargalhada infantil numa tarde inútil. O pecado super dimensionado num relato que se pretende muito intimo.


A beleza calma das mulheres tristes. Dessas que eu e todos tanto veneram.


Que entenderam que a guerra passou. Que a diferença entre homem e mulher é bonita e não repressora. Que pararam de achar que delicadeza é coisa de mulherzinha. Que lhe fazem uma sopa quente num dia frio sem achar que isso é um sacrifício pelo amor.


E depois de tudo há aquele sorriso sem pressa que não deseja sexo ou mesmo gratidão. Aquele sorriso simples e conhecido.


Que é o mesmo sorriso de quando você conserta o chuveiro.






relatinho.

Conforme o marcado, eu estava presente. E prevenido, porque conheço essa gente. Acham-se ótimos porque sabem que você precisa mais deles do que eles de você. Você é um passageiro e eles são a roleta. Nada justo, mas na selva é normal usar a vantagem que se tem.
Estava preparado: livro e lápis na manga, cinismo exercitado, essas coisas. Também uso meu sorriso para conquistar idiotas. Dou bom dia a torto e a direito.
O rapaz me chama. Sente-se muito especial em sua roupa e gosta de explicar tudo. Enfia-me os tubos, passa álcool na minha testa e pede coisas estúpidas:
- conte até 50 de 2 em 2.
- fecha o olho. foca na luz.
- 3 frutas amarelas.
E por aí vai. Vento quente, vento frio. De olho fechado lembro de tudo e sinto arrepios. Cada uma que a gente se mete. E tem a vida pela frente. E o que cargas d' água significa 'a vida pela frente'? Qual seria a outra opção? Minha vó de 80 anos também tem a vida pela frente.
Mais alguns desafios:
- contagem regressiva de 30.
- acompanhar a luz com os olhos.
- 3 praias.
Saio com saudações de melhoras e não entendo nada já que me sinto bem.
No caminho pra casa lembro da guria cheia de gracinhas, mas que fica séria e melancólica no outono. As coisas são misteriosas e, cada vez mais, sinto tara por mulheres grávidas. Ainda mais quando querem táxi e você as ajuda.
Você é um cavalheiro / Você é tesuda.

Todo Domingo.



e

15 de maio de 2009

Arrega-se aqui ou arrega-se lá.
Tanto faz.
Quem não reclama da vida?
Eu não confio em quem não reclama da vida.
É só estar vivo e mais ou menos acordado.
*
E hoje digo isso porque justamente hoje não é o caso de reclamar.
A vida é boa, mais ou menos boa. Tanto faz de novo. É apenas como é. E, bem, 'é apenas como é' é dizer nada parecendo algo.
Então eu também digo. Eu também, ora pois. É claro que prefiro eu mesmo quando sou só eu e não o resto do mundo, mas até aí...
É o mínimo de inteligência que posso ter: eu estou no mundo, no maldito e gracioso mundo. Eu também tenho meus momentos e todas essas babaquices que a gente usa pra dar sentido pras coisas.
É justo, é justíssimo isso. Somos animais em busca de carne.
E carne há de tudo que é tipo: ciência, sangue, arte, amor.
Farinhas do mesmo saco. Ninguém gosta de imaginar que a merda é eterna.
Nada que existe é eterno, afinal. A eternidade é mais um desses conceitos grandiosos que ajudam a gente a dar sentido pras coisas.
A gente, bicho homem, tem lá esses conceitos na manga e os usamos pra justificar o que fazemos. Pega bem e ameniza a culpa. Viver sem culpa é um tremendo desafio. Só idiotas acham que a culpa é um mero 'conceito cristão'.
Mas deixa os idiotas pra lá.
*
Quero terminar e digo:
o mundo é tão fundo
quanto o seu umbigo.

14 de maio de 2009

O equilibrista.




Nada pra ser dito. Ta tudo lá. Tudo que importa, tudo que faz sentido. Grandes histórias, grandes sonhos, grandes amores.
Uma coisa inexplicável. Tem que ver.
Depois todas as mulheres eram bonitas na rua. Milhares de mulheres lindas passeando pelas ruas de Botafogo. E nenhuma tinha pressa.
Essa coisa sem explicação que temos ao ver uma obra de arte. Uma obra de arte sim. Mas sem o discurso tacanho da semiótica tacanha dos explicadores tacanhos do que não precisa de explicação. O Por Que dos americanos, ele diz.
Soube desse filme aqui. E aqui diz algo que sempre me comove: falta capacidade de acreditar no impossível.

-l-



Morde - se fronhas,
lambe - se cus,
sente amor por gatos, peixes e cachorros.
Dá uma volta na quadra,
olha pro céu,
e repete pra si mesmo
a mesma velha ladainha:
- todos mortos,
todos mortos e tristes,
todos mortos e tristes com um sorriso na boca.
Caveiras também sorriem,
ele pensa
achando que
quem sabe o que
e que agora sim
a coisa vai.
Cinema sozinho na tarde de outono,
uma gorda que lhe masturba com alguma ternura
e não esquecer de anotar que:
olhar pras próprias mãos quando se está bêbado é apenas uma maneira discreta de se lembrar da própria existência.

13 de maio de 2009

12 de maio de 2009

*

No metrô as palavrinhas formam as frases mais certeiras.

Eu novamente. Nenhuma vantagem ou novidade.
Essa história de vantagem me incomoda. Muita gente esperta por aí. Esperteza a encher os sacos vazios.
Tudo certo. A mesma jogada. Pulo pra frente e pulo pra trás / ah!, como me sinto em paz.
Encontrar ritmo é o grande lance.
Sem pressa e sem afobação: mirar o pau, rever a vida e esquecer da morte.
O quadril voltando a funcionar.

wm.com


Você peida e alguém te elogia.
Pense bem no benefício que isso pode ter.
Nenhum.

Mas há os grupos de peidos organizados.
Alguns são ongs,
outros são igrejas
e tem também os mais pobrinhos,
que são apenas comunidades de orkut.

11 de maio de 2009

flor no asfalto -




Ver o grande foda-se.

Libertar-se das grandes correntes.

Acho justíssimo cuspir pra cima. Mesmo quando o grande cuspe me cai na cara. Não é de um dia pro outro. O cuspe tem um tempo de queda lento e irresistível. A precisão tem um tempo próprio. É-como-deve-ser.

Na peça de hoje tem a máxima fatal: estar pronto é tudo.

Por mim é isso. Até o fim. Não acredito facilmente nas coisas e por isso sou sério. E também não me sinto mal por me achar um cara inteligente. Quiseram me por culpa. Eu mesmo me pego querendo me por culpa.

Mas tenho lá as minhas garras e os meus. Os meus é um círculo pequeno, mas fatal. É uma meia dúzia que gosta de mim e que me quer sem medo.

É isso. É uma boa explicação: os meus são aqueles que me querem sem medo.

E apenas eles importam nesse mundo imbecil e mesquinho, onde o encanto está mais na marca da cerveja do que no sabor. É a meia dúzia que eu levaria pro abrigo. Simples assim.

Minhas contas são modestas e meu delírio de grandeza é extremamente pessoal. Não atrapalha ninguém, além de mim mesmo.

Com todas as doenças e todos os delírios. Mesmo os piores e mais loucos. Com toda a merda que jorra de todos os cus imbecis que cruzam a minha vida.

Com tudo isso, e por isso, a paz só existe em 2 lugares: na meia dúzia que importa e nas coisas em que eu acredito.

Sem medo. Como deve ser.

9 de maio de 2009

Labirin*




O ponto é que a gente se acostuma. O ser humano tem essa dádiva. Para o bem e para o mal, como não poderia deixar de ser.

O lance da capacidade de se adaptar é bacana e bonitinho. A merda é que isso é feito pra sobrevivência. A vida, ou melhor, o júbilo, o tesão, é bem diferente da sobrevivência.

Macacos sobrevivem na selva, rinocerontes na lama, homens nos bares e putas nas pistas.

Os cavalinhos do carrossel tem olhos vidrados e andam em círculo.

6 de maio de 2009

Como não bastasse agora tem esse tipo de água na minha cabeça. Entre o cérebro e o crânio. É uma coisa que pede pra eu ficar parado. Bem estranho. Depois de qualquer movimento um pouco mais brusco, sinto que lá dentro chacoalha. Como se fosse o fim daquela tontura que se tem depois de girar sobre si mesmo. Um mistério.

5 de maio de 2009

--

Perde-se a mão, morre-se sozinho.

Muito percalço, tropeçada com charme e discurso no final. E nem digo nada daqui, apenas assim, como quem olha e repara só pra antagonizar quem olha e não vê.
É claro que enquanto isso tudo ocorre, a multidão dança e comemora. O Flamengo é campeão e não é necessário desculpa nem motivo. Dançar por dançar, comemorar por comemorar: a grande festa de não parar nunca. Defender minhas ideias e meus modelos eu também sei. É aquela parte de mim que se manifesta no espaço. Que acha importante se afirmar diante dos outros. A velha conhecida teoria da arte: 'a arte existe pra provar pros homens que eles existem'. É bonito sim. Assim como beleza nunca pôs mesa e banquete é pra gula e não pra fome.
Depois: cócegas no queixo, sacanagem no corredor e uma punheta com objeto de carne.
Daqui 10 anos espero apenas não escrever o mesmo texto.

()

com as mãos crispadas sob os seios pequenos:

- ah,
por favor,
fale sério comigo.
se você não entende
o que eu digo,
eu nada posso fazer.

4 de maio de 2009


Garotas de 16 anos dando pra desconhecidos e se sentido muito espertas.
Garotos de 16 anos jogando futebol e se sentindo muito machos enquanto as garotas que eles queriam comer dão para caras mais velhos.
-
O mundo é um circo dourado e idiota.
O bizarro é que você é a próxima atração.


3 de maio de 2009

*


Sem ter que provar nada à ninguém, eu chego quase longe.





Acho que essa é grande vantagem da solidão. Nada te atravessa. Você só e cagando pro mundo. Ou melhor: cagando no mundo. Liberdade de peidar alto, de enfiar o dedo no próprio cu, de usar a mão ao invés do papel higiênico.

Sua própria sujeira não lhe assusta. São velhos amigos.

Claro que a loucura passa por aí, pelo excesso disso aí. Mas usando a solidão em doses certas, ela é a coisa mais preciosa do mundo. É o veneno bom, que dá mais anti corpos do que doenças. Quase um banho gelado.

E loucura mesmo é esquecer que o mundo existe. E isso não acontece na solidão. Na solidão o mundo está distante, mas está lá, como um John Wayne pronto pra puxar o gatilho.

(Lembro do livro que li sobre contos infantis e que falava da mania das crianças quererem ouvir sempre a mesma história. Coisa que irritava os pais. Mas lá explicava o lance da auto-afirmação pela repetição. Dizia que era uma coisa importante pro desenvolvimento da criança. Ela gostava daquilo que lhe era conhecido. Ela se sentia bem por já saber que as aconteceriam da mesma forma que ela já conhecia. A clara evidência é sempre encantadora. Crianças ou adultos, tanto faz.)

Seja como for, gosto da minha solidão, mas desconfio dela. É simples: solidão é sempre conveniente. Nada te assusta e você não precisa de ninguém. Cagar é um grande prazer. Cagar pra tudo, mais ainda.

Então crio minha fórmula de doses homeopáticas do mundo e do que me atravessa. Saio pra ver gente e conversar com desconhecidos. É uma receita eficaz e prazerosa.

Ver a loucura alheia sempre prova que você não é louco.


(acho que todo mundo mundo já reparou como os idiotas sempre dizem que são loucos. é um clichê e pega bem. mal do mundo moderno, por assim dizer.)

Novo Marcador.

Zero à Zero é bem diferente de Um à Um!


2 de maio de 2009

¨¨


Esse sonho bizarro que não me sai da cabeça:

Eu estava com P. e o tempo era o atual. Nós estávamos juntos e queríamos voltar a velha forma.
Era um quarto.
Ainda não tínhamos trepado nem nada. Mas P. havia feito uma cirurgia pra diminuir seu peito.
Ela explicava sobre o problema de coluna e essas coisas.
Então ela ía se vestir e precisava de ajuda. A operação era recente e a coisa ainda tava sensível.
Ela tirava sua blusa e eu via seus peitos após tanto tempo. Ela dizia, com aquela cara que ela costumava fazer, que era pra eu ajudar.
Os peitos dela não eram pequenos, mas eram inteiriços e correspondiam a metade do original. Eram rijos como aqueles peitos de silocone.
Minha ajuda era colocar um tipo de elástico neles. Uma borracha redonda e marrom que era pra por em volta de cada peito. Parecia a borracha da cafeteira italiana.
Eu punha aquilo no peito dela e tentava chupar os peitos. Ela fazia aquela cara que costumava fazer. Eu dizia: que isso. E ela dizia: ainda não.

Eu e o mundo:

Dois estranhos e tudo certo. Ver gente é uma coisa importante segundo a minha mãe. Eu a escuto porque sei que ela quer é o meu bem.
Com 10 min. meu desejo de cair fora é enorme. Duas bichas novas estão atrás de mim e conversam sobre atores e gente do tipo. Gente de teatro é insuportável, eu penso e resisto. 20 min. depois meu amigo chega e me alivia. Esqueço das bichas que comentavam o último ator famoso que conheceram.
Durante a peça consigo ter paz. Me concentro no texto fodão e não fico raivoso. A peça é ruim e o texto é bom. Me apego no que importa e sigo em frente. Não se deve reclamar da trombada quando já vimos o muro logo adiante.

Eu no mundo:

Até que me viro bem. Essa coisa de não querer agradar me convém. Converso com os dois chegados e vejo uma ou outra bunda que passa. Bom estar alí e bom voltar pra solidão, penso durante o papo mais animado.
Depois vejo meus vermes particulares e me preparo pra minha solidão. Minha solidão me agrada e assusta e vice-versa.
Domingo é dia de índio e índios se reúnem aos domingos. Maravilha.

Agora:

Depois do elástico posto ela vestiu uma blusinha de babado roxo que eu gostava. Quando a gente saiu do quarto ela perguntou: será que isso vai dar certo.