30 de junho de 2010

minha gorda emergente.

Os olhos tinham ficado pequenos e ela tinha engordado. Eu não gosto de mulher gorda porque eu sou gordo. Tenho preconceito com casais de gordos. Imagino dois gordos trepando e vejo um balé horroroso.
Ela continuava legal. Legal. Eu sei lá o que quer dizer legal. Um monte de gente é legal. Eu sou legal. Ela é legal. O mundo é legal. Legal é pura bobagem.
Gorda e legal. Pensei nisso e não descobri nada. Se fosse feia e burra, linda e inteligente ou legal e simpática eu até entendia. Mas gorda e legal não me ajudou em nada.
No bar eu tentava achar um monte de solução pras coisas sérias. Eu não conseguia. Olhava os camaradas do balcão e torcia, secretamente, pro time da Argentina. Eu era justo. Dois gordos trepando...meu Deus!!
Quando deitei meu pulmão apitou. Cada aspirada era um piiiii. Maldito cigarro. Cerveja aumenta os cigarros. Sorte que não uso cocaína. Aumentaria a cerveja e, consequentemente, os cigarros. Sorte. Piiiii.
Punhetinha pra dormir melhor: natural e inofensivo. Vou imaginar a gorda de olhos pequenos. Vai, vai! Come a gorda, cachorrão!
Até que gozei legal. Devia comer essa gorda. Minha casa não tem espelhos e nem precisamos de motel. Gorda bacana, deve arregalar os olhos quando goza.
O lance é me preparar pra gorda. Vou dormir pensando na gorda. Gorda com olhos arregalados deve ser um barato. Vou dormir pensando na gorda.
Dorme, cachorrão, dorme! Dorme e sonha! Sonha com a gorda, cachorrão, sonha!

29 de junho de 2010

- auto ajuda -

pra pôr as garras e ligar o foda-se. e se incomodar menos e viver melhor. e não querer nada muito. e entender que ser morno não é pecado. não se preocupar com a verdade e berrar para impressionar: "- não acredito em verdade e mentira, em bem e mal, em claro e escuro...transcendi...estou além das diferenças."
e mais importante do que berrar essa bobagem, é crer nessa bobagem.
assim, plenos de bobagens, nos sentiremos ótimos e livres.

28 de junho de 2010

conto histórias.

Conto histórias.

-

E também vejo o jogo Argentina X México no bar.

Torci pro México se aproximar no placar, mas não deu certo.

Ta lá o Maradona com seu carisma de bandido.

Ta lá eu, no bar, querendo que o México empate

para que haja mais jogo.

Sou uma criança e sou um romântico.

Quero o que não tenho

e privilegio o impossível.

Ponho minhas manguinhas de fora.

Eu mesmo,

muito prazer.

-

Em casa, abro arquivos e reviso sonhos.

Sou uma criança que ouve CBN

e espera o Gikovates e suas soluções.

Como se fosse simples.

Como se fosse simples e possível.

Eu mesmo, muito prazer.

-

Minha diversão sou eu mesmo e os meus.

Minha velha mania de separar o joio do trigo.

Eu pago meu preço

e troco alhos por cebolas.

Eu mesmo, de novo.

-

Mas há a noite com lua cheia

e os gritinhos que se empolgam.

Eu trepo por aí,

pagando mais ou menos,

eu trepo por aí.

O discurso é que

alma e sexo

não se confundem facilmente.

-

Eu me sinto bem.

Mesmo mentindo,

eu me sinto bem.

Em outras palavras: eu me defendo.

-

Então faço de conta

e finjo que os prazos de agora

só precisam de definição no futuro.

Eu também jogo,

mesmo quando prefiro não jogar.

É o preço que se paga.

-

Eu mesmo,

muito prazer.

27 de junho de 2010

no apartamento.

Preparo meu sanduíche de atum com salada e queijo. Não quero sair, não sinto vontade de ir à festinha. As mesmas pessoas de sempre e eu o de sempre também. Prefiro meu sanduíche de atum e jujubas. Hoje comprei jujubas. Gosto de jujubas.
Há novos canais na TV. Em um os roteiristas americanos criam grande frases de efeito como "Mentir para um homem morto é como mentir para si mesmo", em outro há suecas com peitos enormes, risadinhas e vozes anasaladas dizendo "oh, yes! Oh, God!".
Então como meu sanduíche e troco entre os dois novos canais.
É sábado a noite e na festinha devem estar falando sobre a lua.
Melhor ficar em casa.

26 de junho de 2010

A velha confusão. Ouve-se estalos e imagina-se fogos de artifícios. De um lado o barulho seco, curto e passageiro. Do outro o vislumbre de um céu que brilha pela queima da pólvora. O equilíbrio precário e a eterna corda bamba. Há também os sorrisos amarelos e os belos dentes brancos de Deus.
Em outras palavras: às vezes é bem difícil se decidir.

25 de junho de 2010

No último dia vou na peça do Domingos Oliveira. Gosto da peça porque gosto do Domingos Oliveira. Quero dizer que não tenho nenhum distanciamento e que estou lá para ver o que sei que gostarei. A peça é boa, já tinha lido e tudo. Mas ler teatro é sempre meio chato. Falta o teatro da coisa. E o teatro da coisa tava lá. Com o Domingos e os atores e a direção do Domingos e aquilo que eu sempre entendi e entenderei.
Ele fala da familia dele. Ele fala dele. Ele fala dele do jeito que entendo e aprecio e admiro. Vejo um monte de graça que, secretamente, penso que só eu entendo.
O Domingos tá velho. Infelizmente deve morrer nos próximos 20 anos. Mas ele tem essa coisa positiva/otimista que meio que me constrange. Porque é real. E porque eu não tenho isso, mas me sinto profundamente contemplado quando vejo ele agindo nesse lugar.
No finalzinho da peça, ele aparece como Domingos. Explico: ele sempre é ele - mesmo quando vestido de velha -, mas, nesse momento, ele é ele representando à si próprio. E ele tá falando: do tempo, das pessoas, dele mesmo e da vida. Mas ele é foda. E sabe falar. Causa encanto quando fala.
Finalizou com algo como: "e ele (o personagem dele jovem) tá aqui, vivo e fazendo teatro". E o Domingos, o real, tá super feliz com aquilo. E quem tá na platéia nota isso. É bonito. Bonito pacas. O Domingos, que admiro, felizão com aquilo.
Bato palmas entre os estranhos que não são o Domingos e saio. Vou no banheiro pra mijar e choro. Choro não pela peça, mas pela vitalidade do Domingos - que admiro e invejo. Velho filho da puta me deixando no chinelo.
Volto e bebo cervejinhas. Penso na vida e prefiro o Domingos. A vida parece mais justa ou decente quando penso nisso. Espero que o puto viva mais de 100 anos - como a Dona Moçinha.

23 de junho de 2010

consulta.

Segundo a astróloga tenho sentido tesão nas pessoas erradas.
Eu tentei explicar.
Disse que não era tão simples.
Que haviam mulheres que só eu enxergava a potência.
Ela disse bobagem, bobagem e foi logo tirando o tarô pra confirmar o meu erro.
Falou que a loira era o problema. Que eu tava preso à ela, a loira.
Quando eu falei que não conhecia nenhuma loira, ela me xingou.
Disse que eu era medroso, que eu era incapaz de assumir meus sentimentos.
Eu desisti e paguei os 150 pila.
Fiquei pensando na loira.
Quem será essa maldita loira que amarra a minha vida, hein?

21 de junho de 2010

O único calor verdadeiro e um prenúncio de morte no ar.

Queria entrar dentro de você pra tentar descobrir alguma paz. Sua santa buceta e meu pau sem borracha buscando compreender o que nunca foi dito. Nem me mexeria. Ficaria acoplado, em volto em suas carnes e fixaria meu olhar em seu rosto. Tentaria notar se existe algo de muito antigo em seus traços que só eu veria e que, portanto, seria apenas meu. Mulher ancestral e buceta-cova me arrancando do dia após dia e do conta-gotas fatal.
Dentro de você. Apenas o pau e a buceta. Os corpos pelados. E meu olhar fixo para enxergar o que ninguém nunca viu. Poderia morrer ali, dormir ali, dissolver ali e - quem sabe - por um tipo de mistério, ser sugado lá pra dentro e ver as ranhuras, o útero e as trompas. Perderia lentamente meu ar e veria o caixão se fechando, mas morreria calmo porque, finalmente, o impossível teria se materializado.

19 de junho de 2010

meu anti câncer.

às vezes sinto vontade de morder e dar porrada. idiotas atrapalham sua vida. fazem idiotias e você fica lá: resolvendo merda de terceiros. e nem são grandes merdas. são merdas médias, nem fedem direito. e lembro de outros idiotas que não entendem a raiva, o ódio e a violência. uma paz forjada pela indiferença. nada é muito pra essa gente. tudo é normal pra essa gente. jogo que não arrisca. opinião que não se compromete. é o nelsão dizendo: "se cai uma bomba atômica na cabeça deles, apenas dizem: - morri."
indiferença morna à ser cuspida pelo bom Deus.
É um mundo velho e engraçado. A gente se repete e ta aí: metendo o nariz onde não é chamado. E se parar pra pensar, você estará na merda. Pensar é, muitas vezes, o grande masoquismo enrustido.
Então coço meu saco e toco punheta.(Dediquei pra você, bonita.) Fico fazendo contas e planos. Até revisões eu faço. Há os cigarrinhos e os livros. Há também o Gikovate na CBN.
Eu me divirto, confesso.

17 de junho de 2010

minha vantagem é não sofrer de bruxismo.

A verdade é que mulheres me perturbam. Assim que deixo uma entrar na minha vida fico na merda e sofro mais do que preciso.
"Mulheres são mais perigosas que espingardas", ouve o M. Corleone antes de se aproximar da mulher por quem ele acabará se apaixonando.
É isso. Mulheres são perigosas e eu me sinto tremendamente ameaçado. De um dia pro outro lá estou eu ouvindo dela o que não deixaria ninguém falar.
E é terrível.
Porque o que ela fala, na hora em que ela fala, eu escuto. Ela diz: você é louco. Eu digo: tem razão, eu sou louco.
E, vejam, nem acho que eu seja louco, mas quando ela fala parece ser uma verdade.
Mulheres - não todas, mas algumas - me influenciam de um jeito fatal e cego que eu nem sei se aprecio.
Acabo ficando com a bunda de fora, na mão do palhaço e cheio de dúvidas que nem são minhas. Eu me influencio demais. E, nessas, eu perco a mim mesmo e falo coisas que nem penso ou imagino.
Em outras palavras: eu sou fraco e me deixo levar.
Por um lado, tudo certo. Se for uma grande paixão, que seja: estou aí e não vou resistir por orgulho.
Por outro lado, que merda: mulheres sentem prazer em influenciar um tipo fraco como eu, mesmo que estejam cagando.
Então eu jogo amarelinha com as crianças do prédio e vou ao médico sozinho.
Por incrível que pareça sei me cuidar e até vivo bem - ainda que sem acreditar na aceitação-total budista ou no tudo-pode-ser neo hippie.
Eu sou eu e tenho meus preconceitos. Meus preconceitos valem a pena por dois motivos:
1 - são reais, mesmo que errados.
2 - o fato deles serem errados não quer dizer que não façam sentido.
E também porque tenho a arrogância de me sentir livre pra mudar de opinião quando é o caso.
No mais, minha costela fraturada e um analgésico sublingual que custa R$ 1, 90 a unidade.
É um mundo cheio de gracinhas, não é?
Eu acho.

15 de junho de 2010

Meu fetiche pelo delírio. Meu, só meu. Solidão-solução e outras bobagens. Leio livros de psicologia. Ego na superfície tentando controlar as coisas. Superego como a ameaça real. O ego, primo pobre, leve culpa àtoa. Superego é o problema. Id é a coisa toda - que tudo contém. Não sei se entendi direito, mas não importa. Como a falinha do House:
- mas ele não me ama, ele apenas acha que me ama.
E o House, fodão, responde:
- e qual é a diferença?
Então me infernizo e tomo analgésicos. Tem a babaquice denuncista do CQC na TV e pizza de pão. Minha barba está feita e tenho novos lençóis. Agora só falta conseguir falar com a NET.

14 de junho de 2010

13 de junho de 2010

tombo

A queda meu deixou com dores. Principalmente no lado direito e nas costelas. Deitar e levantar são os novos desafios. A tosse e os espirros como terríveis agulhadas.
O álcool me faz telefonar. Tento mover uma rocha e falo o que não devo. Abro o jogo e deixo minha bunda de fora. As repetidas negativas como agulhas enferrujadas.
Agora tomo chocolate quente e lamento pela queda e pelo telefonema. As agulhas estão aí e, volte e meia, me espeto com elas.

12 de junho de 2010

aquilo tudo.

Estou falando sobre nostalgia. E também sobre saudades. Incluo no assunto as dores - as grandes dores. Aquelas dores solitárias que, quando ditas para alguém, se tornam ainda mais solitárias e doloridas.


Estou falando sobre solidão e isolamento. Sobre incompreensão. Sobre o tempo escorrendo lento e fatal nos relógios derretidos do quadro do Dalí. É sobre a perda do viço e o enrigecimento dos músculos. É sobre o cansaço de sonhar.


Não é sobre as pombas às cinco da manhã no parapeito da minha janela e não é sobre o fim das minhas séries preferidas.

Estou falando sobre olhos cansados e mortes precoces. Não sobre manchas de pele, paus moles e vaginas secas. É sobre desesperos e suores noturnos. Sobre chorar com comédias românticas, sobre ver velhos e ficar triste, sobre crianças esquecidas diante da escola.


Não tem mais o culpado. Não tem mais o mundo mau. Não tem mais a doença degenerativa que me aleijaria lentamente.


Agora é o oceano imenso me causando arrepios. O céu azul ameaçando que eu caia pra cima. É uma escada de cordas em cima de um balde de lata no meio de um palco vazio. São precipícios particulares e abismos internos.


As tirinhas do Charlie Brown. As tirinhas do Charlie Brown quando o Snoopy tenta escrever cartas de amor e não consegue. A foto do meu pai jovem e eu bêbe em cima da moto CB400 preta.


Estou falando sobre o que era e não é. Sobre memórias idealizadas com o passar do tempo. Sobre o primeiro amor que acaba se tornando o único.


É sobre impossibilidade. Sobre o Tempo-Seta seguindo adiante. Tempo-Trator com combustível ecológico: mais esperto e mais triste.

10 de junho de 2010

Tenho que beber menos e fumar menos. Tenho que exercitar mais meu corpo e sentir mais prazer em ficar suado. Tenho também que conseguir relaxar o esfíncter durante o orgasmo. Preciso de uma bela foda, de um emprego e de mais frutas na geladeira. Seria saudável também sair mais de casa e conhecer gente nova. Talvez devesse ir à terapia de grupo. Tenho que aparar melhor minhas unhas e preciso comprar um sabonete esfoliante para as espinhas da bunda. Tenho que reprimir minha mania de arrancar sebo do coro cabeludo enquanto assisto TV. Deveria acordar cedo e ficar sem fumar até depois do almoço. Talvez fazer ioga e conhecer mulheres calmas em roupas de algodão cru. Tomar chá verde, beber água de côco e andar no calçadão. Poderia perder meu nojo pela Baía de Guanabara. Parar de cutucar o nariz e jogar fora minhas cuecas com elástico esgarçado. Tenho que telefonar pra minha avó e mandar um e-mail pro meu primo. Conseguir contatos para a mini-temporada em São Paulo e, quem sabe, fazer um curso de massoterapia. Tenho que pôr ordem nas pastas, fazer arquivos e economizar na xerox. É uma vida estranha, eu acho. É uma vida bem estranha.

eu mesmo.


Não me foda com suas fodinhas!
Eu não sou o seu amigo saltitante que as vezes te come
e também não sou o garoto da banda -
que acha tudo muiiito intenso e vive "como se não houvesse amanhã".
Eu sou eu.

Chato pra caralho e recluso.
E, por isso,
eu não me meto na vida dos outros.
Então aviso:

ou venha sem dúvida
ou nem me apareça.
Que fetiche por "não sei"
é antiquado e sem sentido.
Lembre-se: meus preconceitos são meus amigos.
Então ratifico:

nunca apareça
ou seja uma deusa.
Se você não pode contemplar
meus delirios de grandeza
é porque você pouco me interessa.
Ser apenas mulher

é o que todas são -
e isso, você sabe -
não me basta.
Prefiro o erro sem fim

que o 'quem sabe , pode ser'.
Prefiro morrer sozinho
do que ter menos
do que,
acho,
posso ter.

9 de junho de 2010

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minha mãe me chama de 'lindinho', veja só. é algo antigo e velho. quase ancestral. lembro quando P me chamou de 'neguinho'. me incomodei horrores porque é assim que meu pai e minha mãe se chamam. não sempre, mas às vezes. neguinho e neguinha. freud explica, não explica?
os pais de P se chamavam de 'pai' e 'mãe'. ela achava horrível aquilo. eu entendia. há qualquer sexualidade que é aniquilada com esse apelido. sei lá.
penso em apelidos. penso nos casais com apelidos. é estranho, bonito e patético ao mesmo tempo. eu tive 'mô, môzão' e 'bayb, bayb-bayb'. estranhos, bonitos e patéticos. tentei, recentemente, chamar uma mulher de 'bonita', mas acho que não emplacou. quer dizer, ela, no máximo, me chamou de 'fê', o que não é lá muito exclusivo.
exclusivo, exclusivo. talvez seja meu próximo apelido pra uma mulher limpa. 'exclusiva'. mentira. seria idiota chamar alguém assim. mas quero dizer: apelido pra ser exclusivo, exclusivo para amar e ser amado, amar e ser amado para ser exclusivo(a).
ah...fernandinho é auto ajuda... agora só resta vibrar e ser feliz....
mentira de novo. mas, agora, sem maiores explicações.

8 de junho de 2010

dedede e dadada

Sou eu e meu duplo, segundo minha generosa amiga Cássia. Gostei daquilo. Uma explicação sobre mim que me satisfaz. Fernandinho do bar e Fernandinho do blogue. Eu mesmo.
Ma-ra-vi-lha.
Há jogadas simples e delícias imbecis. Eu topo. Eu-sou-legal-eu-sei.
Como comer a guriazinha que vi crescer. Quando me mudei pra cá ela tinha 10 anos no máximo. Agora tá aí. Cheia de si e gostosa como só com 19 é possível. Me olha com tanta indiferença que sei que é mentira. Há limites pra indiferença.
Perguntei a idade dela e ela me ofereceu um chiclete. Legal, né? Eu acho. Estúpido e legal. Disse que chiclete era coisa de criança e ela soltou: - problema seu.
Ma-ra-vi-lha. Sou-legal-eu-sei.
Ouço Garota de Ipanema com o Dick Farney e sinto saudades. Sou legal e melancólico. Voz de veludo me causando comoções. Sou um fraco.
Finalizo isso aqui pra preparar um tody com sanduíche de queijo.
Está frio no RJ. É fácil fazer frio aqui: 17 ° já merece cachecol e galochas.
As... as galochas... as galochas...

7 de junho de 2010

não é uma história de amor.

Pela 10° vez havíamos rompido.
Eu havia dito pra ela:
- não adianta, nós não conseguimos nos entender.
E ela concordou:
- realmente, é melhor a gente não se ver mais...
Nem nos despedimos.
Ela foi embora enquanto eu colocava o lixo pra fora.
Então voltamos à ser como éramos:
eu voltei a fugir do mundo para me proteger,
ela voltou a chafurdar no mundo para se salvar.
Um dia ela me telefonou dizendo que estava feliz
porque havia conversado com o tio
com quem não falava há anos.
Eu gostei da sua ligação,
mas, mesmo assim,
preferia ter ouvido outra coisa.
No meu sonho, ela diria:
- te fritei um bife... venha me ver... tô morrendo de saudades... eu te alimento, meu amor.

6 de junho de 2010

bye bye, bonita

faltou ternura e milagre
e sobrou briga e chatice.
Mas, mesmo assim, me pego pensando:
- tardes frias e noites longas,
menos álcool e menos papo.
Apenas corpos deitados olhando pela janela.

4 de junho de 2010

Prazer, me chamo Fernando.

Esperar milagres e catar conchinhas. Eu mesmo, muito prazer.
Também tenho delírios de grandeza e acho a grande maioria da humanidade um equivoco sem tamanho.
Sim, arrogante eu sei. Tão arrogante que eu mesmo, prazer, me acuso de arrogante.
Seja como for, espero milagres. Assim: uma fêmea fatal que me pegue pra si. E também: emplacar minhas coisas pelo meu talento e não pela minha habilidade social.
Catar conchinhas é bem mais simples e prazeroso: escrevo livros, projeto peças, preencho editais e aos domingos e feriados bebo 2 cervejas antes do almoço ouvindo Zeca Pagodinho.
Então sou eu e repito com ares formais:

- muito prazer, me chamo Fernando. Tenho alguma consciência da minha chatice, mas, mesmo assim, me acho um cara suuuperrr legal, pois sei ouvir lamentos e acalmar desesperos alheios. Vejo fotos de mulheres nuas pra me distrair e sinto saudades de um monte de coisas que aconteceram. Não acredito em felicidade como objetivo de vida, mas acho possível descobrir alguma paz e algum jeito de se viver bem. Não gosto de todo mundo, mas gosto muito de alguns. Sou desconfiado e sinto raiva quando acho que perdi tempo com idiotas. Antes de dormir costumo ler e mexer no meu saco. Às vezes sento diante da janela fumando um cigarro e olho a lua enquanto penso na puta vida. Gosto da lua, mas não gosto de quem fala você já viu a lua hoje, cara?. Tenho um bocado de preconceitos. Principalmente quando ouço: ecologia, qualidade de vida, consciência ambiental, faça a sua parte, quero ser feliz, sou muiiito livre, não sinto culpa, não me arrependo de nada e etcs. Sou chato, eu repito. Mas, contra mim mesmo, acredito em milagres e delírios de grandezas - como acabei de escrever numa cartinha.
Ah...tem isso também: eu falo cartinhas.

Como coelhos.

Dizer eu te amo e dizer até logo. O lance é um verão, uma estação. No máximo um inverno, mas bem... inverno compromete demais, cria intimidades que devem ser evitadas. Dormir de conchinha pode ser uma ofensa, a gente sabe.
O lance é resistência e dureza. Talvez sarcasmo possa pegar bem. As sacadinhas em forma de suposta ironia sutil e a velha jogada de demonstrar desprezo como uma manifestação de inteligência.
Dar para idiotas a faz parecer uma mulher muito livre. Comer imbecis o deixam muito macho e viril. Pica dura, buceta semi-úmida e borrachinha politicamente correta. Jovens conscientes e fortes, engajados na luta ambiental e zelosos pelo declínio das tribos indígenas.
É um espetáculo fascinante: luzes e drogas sintéticas. Para dançar basta subir e descer - apenas usando os joelhos...

3 de junho de 2010

pra dizer e pra ouvir.

E todas essas loucuras que não me interessam. Que acho falsas, que sou chato e sinto vontade de morder. Que falta alma em tudo e quase todos. Que preciso de uma boa foda, que não invento novos amigos e não consigo foder sem um mínimo de ternura.
E também não acredito. Não mesmo. Tua cara enorme e desesperada. Você, você mesma. Seus olhos confusos que nem sabem quem é quem, o que é o que, que ainda acham a pergunta uma grande virtude. Você-perguntadora-maluca. Porque assim facilita.
Garotos saltitantes que te agradam, que lhe fazem elogios idiotas e convenientes, que te comem como os coelhos comem as coelhas. Você coelha dentuça facilitando as coisas e criando falsas profundidades. Como se profundidade fosse uma matemática de desejos saciados e rápidos. Como se masturbação significasse alguma coisa. Como quem diz: conheço meu corpo porque toco siriricas.
É velho, é bem velho. É caído e antiquado. Usurpar o corpo como maneira de libertação. O recalque masoquista que só compreende o prazer como alivio da dor. Que não vislumbra a foda perfeita e o orgasmo fatal, que só entende o prazer como resultado da dor.
Praticantes de fistings e merda do tipo. Gente saltitante que berra a força do presente. Como se o presente fosse explicação pra algo, como se existisse, como se o presente, assim que consciente, não virasse o passado.
Discursos articulados para comer bucetas que gostam de misticismos. Eu toco punheta e nem pretendo ser feliz. Eu não falo de cháckras e tempo presente pra te agradar. Eu sou chato, eu sou chatérrimo. Gente que salta é sempre mais divertida, não há duvida.

2 de junho de 2010

durantes as aulas.

  • Você sente a corda. É isso: você está amarrado e participa de um show de bondage. Você é o protagonista e receberá um cachêzinho. 60 R$ por 1 hora e 1/2. Até que é justo, não é? Se fossem 6 horas por dia e 5 vezes por semana, você teria um salário de 4.800 reais. Poderia até ficar rico. Você só, solteiro. Gastando mesmo em cigarrinhos e álcool, cinema 1 vez por semana e sexo pago 1 vez por mês. Praticamente a vida de um padre, um padrezinho de 1900.
  • da merda toda. eu ali. eu aqui. eu ouvindo um chato atrás de mim.
  • ela mexe suas mãos e fala sobre corporações - Deus me ajude.
  • Ah... o fetiche pela dúvida... o fetiche, sempre ele, mascarando.
  • São garotas tristes de unhas sujas.
  • Em silêncio ela era linda - até galochas usava. Antes, diria até, que ela tinha estilo. Agora não. Agora ela fala e suas narinas se dilatam de uma maneira impressionante: uma tristeza.

1 de junho de 2010

Os olhinhos apertados até podem comover.

Mas quem é e quem topa e até quando? Quem que, esperando, espera muito tempo?
A gente é contemporâneo, a gente tem pressa, a gente fala sobre estados líquidos e culpas superadas.
A gente é falso. A gente mente. A gente não tem paciência pra esperar.
Temos Internet e mil janelas, temos carros e velocidade, temos metrô e bebidas-ice sem gosto, temos um mundo inteiro que não é mundo algum.
Falo de mim.
Sou gordinho, mimado e sofro.
Falo de mim.
Papai e mamãe me apoiam, loucas me dão e meu pau se inibe diante do sexo pelo sexo.
Falo de mim.
Mulheres objetivas demais, clitorianas demais e auto-suficientes demais.
(que sempre achei a dependência um traço comovente... quando haviam homens fracos e mulheres fracas que se encontravam e se amavam...onde um ajudava a fraqueza do outro e era mais simples...e o amor existia e transpunha barreiras inimagináveis...)
Agora falo do mundo.
Todas jogadas e todas apostas. Temos que tentar - e tentar não custa, num é?
Mas custa, a gente sabe.
Mundão terrível cheio de autoridade, dizendo: - me segue, imbecil.
E eu sigo.
To no meio da merda e me julgo espertinho.
Gordinho-espertinho-de-papai-e-mamãe, eu - e só eu - me acuso.
Falar da gente, a gente é gente, né gente?
Amorzinho de verão e plano de saúde. Previdência em banco privado e esperança de velhice calma e lenta...como se ficar próximo à morte pudesse ser tranquilo...
Ah...minha bundinha virgem sendo cobiçada por lindos viados...se não dou meu cu é porque mamãe passou talco nas minhas partes.
É justo, não é? É decente, não é?
Eu acho. E acho um monte de coisas.
Mas nem tudo falo que sou discreto.
E... bem.... só ESTÚPIDOS falam TUDO.
E mesmo gordinho-mimadinho, ESTÚPIDO não sou.
Meu ego gordo, meu delírio prudente.
Que tenho lá minhas contas e meu plano de previdência...
Com 50 anos - novo, né? - vou ter 800 pilas por mês.
Precavido, diz o bom moço. Cuzão, diz o fino canalha.
Tudo certo.
"Equilíbrio precário é corpo teatral", aprendi na lição.
Então deliro e não falo sobre nada.
Dia sim e dia não.
A falta de sempre
e a glória de sempre.
(Ainda calo minha boca com uma boa - eu disse boa - chave de buceta.
Porque, enfim, o mundo é mesmo cheio de gracinhas.)