4 de maio de 2010

culpe o whiskey

A vantagem do julgamento é que ele é pessoal. Estritamente pessoal. Por isso gosto daquele que diz "eu julgo" e refuto o que fala "julgar é feio". E também por essas o Estado quando julga se torna frágil e/ou, muitas vezes, equivocado. Porque o mérito de qualquer julgamento é ser uma impressão pessoal - uma avaliação que compara o julgador com o julgado.
(As leis, nesse raciocínio, passam por essa determinante: já que o Estado se pretende impessoal, temos que ter Leis para O orientar e também aos que julgam. "Julgamos perante à Lei" ou "Julgamos as ações e não o caráter" e "Um assassino em auto defesa não pode ser julgado como um simples assassino" são argumentos que a Lei usa quando pretende ser impessoal. E é isso. O Estado e a Lei têm essas premissas.)
Mas aqui é um blogue e também um eu delirante que escreve. Quando penso em julgamento, penso no individuo e só. Quer dizer: na minha cabeça o 'quem' diz é muitas vezes mais importante do que o 'o que' é dito pelo tal do 'quem'.
Exemplos:
1. A triste que diz ser feliz, 2. O baixinho invocado, 3. O inapto que fala mal do mundo(Eu), 4. O solitário com 15 melhores amigos, 5. O incapaz de amar com medo de nunca ser amado, 6. O Mc'Donalds preocupado com as crianças cancerosas, 7. A mãe da Sacha com uma fundação em prol dos pobres, 8. A feminista que não cozinha pro homem que ama, 9. O comedor dizendo que não encontrou a mulher certa, 10. O gênio que só escreve em blogue(Eu de novo).
E por isso, pra mim, todo julgamento será bem vindo. Seja ele certo ou errado, o meu ponto é que tal julgamento foi feito por tal pessoa. E a tal pessoa faz toda diferença. E deve fazer. O Chico Buarque falando sobre descriminalização da maconha é completamente diferente do Serguei falando sobre isso.
É uma coisa velha na verdade: "quem fala determina o conteúdo", "como é feito valoriza o produto" e, ainda que por inversão, posso também citar o pop "os fins justificam o meio".
E é aí que eu, gordo e arrogante, bato na minha pança e digo: - não mete essa, não agora e não pra cima de mim.
Porque eu tenho meus delírios e minhas loucuras, eu concordo. Mas, eu concordo também, que os meus delírios e loucuras são velhos conhecidos meus. Eu sou íntimo deles e, com eles, me fodo.
Minha arrogância é só uma: crer que eu enfrento os meus demônios.
Seja como for, eu sigo. Cagar regras é um prazer e julgar pode ser uma grande parada. "Minhas contas são sempre para o futuro" é minha proteção: já que quem deseja, deseja no futuro.
E aqui, no meu quarto-e-sala, eu ouço as músicas que conversam comigo e escrevo as histórias que eu posso.
Tudo idiota e calmo.
Como eu mesmo, afinal.