27 de novembro de 2012

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vem tu. esse amorzinho na varanda e aquela ejaculação precoce que causou risos. e ele melhorou o mundo, ela disse. essa habilidade de usar a língua, de usar os dedos, de lembrar que há o ânus e todas as ramificações nervosas. e então elas, os dedinhos duros, a habilidade de se masturbar enquanto fode em todas posições. mania de gozar, mania de repetir que goza assim, fácil, fácil. que leu todas as revistas. que sacou os truques. que não não, eu não cozinho, não faço bifes. minha geladeira vazia é minha liberdade, minha autonomia de mulher do século 21, ela diz e ri. e bem linda ela rindo, devo dizer. dentões enormes, uma sobrancelha fina demais e a boca laranja de batom. então as falas, as cervejas. o beijo, o beijinho, o riso frouxo movido à álcool e baseados e lembra de como ria quando tava lendo o r. moraes falando de peidos, de fanchas, de arrotos e balas perdidas. ela ria. os dentões em polvorosa e eu cheio de tesão. tesão tesão. a velha mania de misturar o tesão e o amor e quem não entende? sexo faz amor, a gente sabe. muito sexo com a mesma pessoa e algum amor. assim: o corpo interferindo nos sentimentos. àquela perversão. cadê a liberdade, cadê? e insiste: o amor é livre. mas não é, ela não sabe. o amor é prisão: o que fazer, quando e onde comer, tudo passando pelo crivo alheio. pode valer a pena: os filhinhos, a tranquilidade de domingo, a televisão de mãozinha dadas. o risco que o amor exija que você tolere: o z. camargo é um grande comunicador, a 'avenida brasil' foi uma novela inovadora, o importante é a felicidade, né benzinho? a televisão distraindo, a solidão confortável da internet, o sexo pago e a generosidade das putas, tão lindas e tão baratas e tão esperançosas quando perdem a hora e dizem que querem casar e morar na Itália, esse país tão fascinante.  e tão próximo, né? elas são sonhadoras e amam também, mesmo que incompreendidas, mesmo que loucas, mesmo que com uma história velha e conhecida: a cidade do interior, o marido agredia, o filho que merece tudo que o dinheiro compra. dez anos nessa vida passa tão devagar, elas confessam. e o impulso é só um: põe no meu nome, faz um bife pra mim, esquece que o mundo é real, dinheiro dá-se um jeito.
As saudades, a ideia de que algo foi perdido. Que houve um tempo, que o tempo passou. O sorriso da cavala, a mulher linda e enorme que te amava. O tempo. O adeus, o adeus. A saudade do melhor boquete do oeste. Toda ternura. Que nem havia oeste naqueles tempos saudosos.