3 de maio de 2009

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Sem ter que provar nada à ninguém, eu chego quase longe.





Acho que essa é grande vantagem da solidão. Nada te atravessa. Você só e cagando pro mundo. Ou melhor: cagando no mundo. Liberdade de peidar alto, de enfiar o dedo no próprio cu, de usar a mão ao invés do papel higiênico.

Sua própria sujeira não lhe assusta. São velhos amigos.

Claro que a loucura passa por aí, pelo excesso disso aí. Mas usando a solidão em doses certas, ela é a coisa mais preciosa do mundo. É o veneno bom, que dá mais anti corpos do que doenças. Quase um banho gelado.

E loucura mesmo é esquecer que o mundo existe. E isso não acontece na solidão. Na solidão o mundo está distante, mas está lá, como um John Wayne pronto pra puxar o gatilho.

(Lembro do livro que li sobre contos infantis e que falava da mania das crianças quererem ouvir sempre a mesma história. Coisa que irritava os pais. Mas lá explicava o lance da auto-afirmação pela repetição. Dizia que era uma coisa importante pro desenvolvimento da criança. Ela gostava daquilo que lhe era conhecido. Ela se sentia bem por já saber que as aconteceriam da mesma forma que ela já conhecia. A clara evidência é sempre encantadora. Crianças ou adultos, tanto faz.)

Seja como for, gosto da minha solidão, mas desconfio dela. É simples: solidão é sempre conveniente. Nada te assusta e você não precisa de ninguém. Cagar é um grande prazer. Cagar pra tudo, mais ainda.

Então crio minha fórmula de doses homeopáticas do mundo e do que me atravessa. Saio pra ver gente e conversar com desconhecidos. É uma receita eficaz e prazerosa.

Ver a loucura alheia sempre prova que você não é louco.


(acho que todo mundo mundo já reparou como os idiotas sempre dizem que são loucos. é um clichê e pega bem. mal do mundo moderno, por assim dizer.)

Novo Marcador.

Zero à Zero é bem diferente de Um à Um!