13 de junho de 2011

Relatinho.

FICA ASSIM:




  • Uma tristeza que vejo e reparo. Digo: "-você está com a cabeça dura." Ela pede explicações e falo que ela tá com a lateral da cabeça tensa. Explico: "-parece que tá fazendo força pra mexer a orelha, sabe?" Ela diz que sabe, mas não sei. E tanto faz. Penso: "Se ela fosse minha mulher, eu estaria neurótico por essa agonia velada." Deixo-a em paz.


  • Queria beber em paz. Assim: livrinho da vez, duas cervejas e casa. Tudo vai bem até que senta essa dupla de cinema ao meu lado. Falam sobre projetos, sobre leis de incentivo, sobre oficinas para um evento, sobre robótica, sobre... Tento abstrair, mas não consigo... sobre dinheiros atrasados, sobre o Circo Voador, sobre o cachê que não cobre o transporte... A segunda cervejinha desce com pressa e sinto algo que deve ser ódio. Quero pagar a conta. Resmungo à caminho de casa: "- Esse bar é meu, eles estão no lugar errado, por que sentar tão perto de alguém que bebe sozinho com um livro à tira colo?" Triunfo: "-Em Curitiba não teria esses problemas."


  • Ouço algo que me deixa triste. Pela primeira vez pensei em telefones, em mensagens de otimismo, em porres inofensivos de ex-amantes. Gostaria de dizer que não é assim. Que ter opinião não é assim. Que se impor não é assim. Que inteligência não precede conflitos ou desconfortos. Que cada um faz o que tem que fazer e que atrapalhar a vida dos outros é apenas uma pauta do CQC. Queria, na demonstração de afeto mais sincera, dar-lhe um tapa na cara e dizer: "- Para com isso, se enxerga. Deixe de querer provar algo que não precisa de provas. Sua solidão não será aplacada por gritos no escuro."


  • Descobrir que alguém tem fama de pau pequeno é algo que não vale a pena. Simplesmente porque agora, toda vez que ver o alguém em questão, lembrarei: "Ele tem a fama pau pequeno" E essa é uma informação estúpida e que só se descobre ao conviver com mulheres. Porque mulheres, mais do que homens, falam sobre isso. Até porque, entre homens, como esse assunto surgiria? Então lamento o conhecimento adquirido e, inevitável, pergunto pra mim mesmo:"Será que tenho pau pequeno? Ou pior: será que tenho fama de pau pequeno?" Mas eu mesmo me consolo: "Pelo menos poucas mulheres viram, de fato, meu pau."

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