23 de julho de 2010

Ela gosta de fugir.

Cria fugas em noite de chuva

e muda de ideia subitamente.
Gosta de ser volúvel,
gosta de se dizer líquida.
Usa palavras como "pós-modernidade"
e "vicissitudes".
Vê um céu roxo e descolado que ninguém mais vê.
Gosta de comentar sobre o tamanho da lua
e se supõe muito sexual por trepar sem critério algum.
Adora rebeldias antigas,
mas diz nunca sentir saudades ou arrependimentos.
Considera toda culpa uma bobagem
e não usa sacolas plásticas para o bem do planeta.
Ela roda de táxi pela cidade
e faz visitas norturnas
aos malditos colegas que têm nextel.
(A Trupe-Nextel que fala sem parar
ocupando o vazio pelas ondas do rádio)
Na última jogada
ela pisou na calçada molhada
com uma expressão
que demonstrava uma raiva sem sentido.
O táxi parou e ela se sentiu ótima
com o seu esforço de não-tô-nem-aí.
Ela, não resta dúvidas,
é uma garota muito bem sucedida:
vive o seu tempo e
não se importa com nada.

Apenas dormir.

ver os olhos e, principalmente, as veias dos olhos.
pensar na loucurinha e sentir a velha cócega.
ter tesão nas anãs e sorrir sem se pertubar.
cervejinha lenta e gelada escorrendo pela garganta. não se precisa de esperanças. precisa-se de cerveja gelada e noite calma. um copo, dois copinhos. a cerveja como pretexto e o papo que segue: sem jogadas, sem idiotias e sem precipitações.
a cerveja gelada desce lenta e é melhor assim.
há o tempo. o tempo que passa e faz os outros passarem. tudo certo: o mundo velho invadindo os acontecimentos. riscos tão velhos que nem riscos são.
era pra ser o que era pra ser. não precisava de nenhuma virada. apenas o que era. seria. mas não foi.
por uma vaidade besta, concluo calmo: a culpa não foi minha.
FIM.